sábado, 2 de fevereiro de 2013

Filme A viagem sofre com a pretensão de seus diretores


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Tom Hanks, em cena com Halle Berry, interpreta seis personagens diferentes: trama confusa
Foto: Divulgação

Paulo FloroDo NE10
Ambição define o filme A viagem, que chegou aos cinemas nessa sexta (12) em todo o País. Dirigiro pelos irmãos Lana e Andy Warchowsky (da Trilogia Matrix) e por Tom Tykwer (Corra, Lola, Corra), a produção tem quase três horas e abrange um período de tempo entre passado, presente e futuro. Chama tanto atenção pelos efeitos especiais quanto pelo trabalho dos atores na interpretação de múltiplos personagens (Tom Hanks faz seis papéis e Hugo Weaving dá vida a uma mulher). De trama confusa e picotada, embebida de filosofia e religião espírita, é um filme difícil e dito como "infilmável" antes mesmo das gravações. É preciso paciência.

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É difícil explicar a trama, e ainda assim ficaria longe da experiência de compreender como todas as histórias estão unidas de alguma forma. Em 1849, um homem de negócios parte em uma viagem pelos mares do Pacífico Sul, onde vai criar amizade com um escravo. Nos anos 1930, um jovem compositor bissexual tenta ser discípulo de um maestro famoso e ranzinza. Nos anos 1970, uma jornalista interpretada por Halle Berry tenta desconstruir uma conspiração que pode ocasionar um desastre nuclear. Em uma Seul distante, uma clone criada para servidão revolta-se contra o sistema, foge, e em algum momento será adorada como um messias. 

O fio condutor parece ser um criador de cabras, interpretado por Tom Hanks, no distante ano 2300, quando a humanidade retomou um estilo de vida pré-industrial vivendo da caça e coleta. Como fizeram em Matrix, os irmãos Warchowsky estão interessados em embalar milhões de dólares em efeitos especiais para transbordar filosofia e ideias. Aqui, o filme tenta passar ao espectador o conceito da reencarnação e de como nossos atos afetam outras pessoas. Tudo está ligado. É algo muito caro ao espiritismo, religião iniciada na Europa, com muitos adeptos no Brasil.

aviagem

É difícil apreender tanta coisa de A viagem, pois muitos elementos atrapalham: o visual exagerado, que por vezes parece ter aproveitado o pior de O quinto elemento, a velocidade com que algumas histórias são apresentadas, e algumas passagens prolixas que fazem do filme um exercício de monotonia. Os atores parecem se esforçar. Tom Hanks, sozinho, interpreta seis personagens, e poucos atores conseguiriam dar profundidade a todos eles em uma mesma produção. Halle Berry também tem seus bons momentos, é preciso reconhecer. Até Susan Sarandon dá tudo de si como uma anciã em uma sociedade pós-hecatombe.

Adaptado do romance de David Mitchell, A viagem (Cloud Atlas, no original), foi tido como infilmável, dado a capacidade imaginativa e filosófica do escritor. Antes de estrear, gerou grande expectativa por causa dos Warchowsky, que teriam voltado para as grandes produções de cunho futurista e pós-apocalíptico. Ao final, sobrou uma produção confusa que que ficou comprometida pela pretensão de seus realizadores.
A VIAGEM
Direção de Lana e Andy Warchosky e Tom Tykwer
COM: Tom Hanks, Halle Berry, Susan Sarandon
LANÇAMENTO: Imagem Filmes
PRODUÇÃO: Warner Bros., Andy e Lana Warchosky, EUA, 2012
CLASSIFICAÇÃO: 12 anos
EM CARTAZ: Circuito multiplex

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