quinta-feira, 11 de abril de 2013

Introdução à Fé Bahá'í


A RELIGIOSIDADE INDÍGENA

Para os povos indígenas a noção de sagrado percorre cada palavra ou gesto, cada detalhe e manifestação da vida natural, humana e social.
A religiosidade indígena está intimamente ligada à própria cultura e, como tal, cada povo indígena tem sua forma particular de reverenciar o transcendente.
Dentro da imensa variedade de crenças, mitos e ritos, nós temos um elemento em comum: a crença num Deus Supremo, absoluto, mesma que, entre os povos indígenas, este Deus tenha diversas concepções e denominações. É importante também salientar logo que a nossa divindade não se identifica e nem lhe atribuímos os mesmos poderes e qualidade do Deus da concepção judaico-cristã do Ocidente.
Nós também temos uma verdadeira teologia indígena que, naturalmente, não está sistematizada, mas que está presente na vida e no cotidiano de nossas comunidades indígenas. Essa teologia não está escrita. Nós não temos um livro sagrado. Não temos uma "revelação", um"iluminado", um "profeta". O nosso templo é o mundo em que vivemos. A nossa cultura e a nossa religiosidade são transmitidas de geração em geração pelos mais velhos, pelos quais temos um  grande respeito e admiração.
Faz parte da tradição indígena o ensino, que traz uma rica bagagem religiosa. É difícil separar o que ´´e cultura e o que é religião indígena.


QUEM É DEUS PARA O INDÍGENA?
Para a comunidade indígena, Deus é um grande mistério. Deus é o grande desconhecido. Por exemplo: o povo Terrena chama-o de "ITUKOÓVITI", que significa: "quem criou todas as coisas". "o grande criador".
Na crença indígena, Deus está em tudo: na árvore, na pedra, no raio, no trovão. Nós acreditamos que toda a natureza e seus fenômenos estão povoados por espíritos.
As pessoas sempre nos perguntam se é verdade que adoramos a Lua, o Sol, ou os animais. Daí formou-se e difundiu-se a idéia de que o índio adora o Sol porque não conhece Deus. Isto não está certo, pois, para nós, Deus está além do sol, no entanto, a grande manifestação dele dá-se no Sol. Se adoramos o Sol, é no sentido de que Deus é tão grande que o sol pode ser um reflexo dele.


A VIDA DO INDÍGENA ESTÁ IMPREGNADA DE RELIGIOSIDADE
Nós temos também um calendário próp´rio em que comemoramos, por exemplo, a festa do milho e os rituais de iniciação das diversas fases que passamos - da infância para a adolescência, desta para a fase adulta e depois da adulta À fase da ancianidade.


O milho é sagrado para alguns povos. Povos como o GUARANI, em suas cerimônias religiosas, utilizam o milho chamado "Avaty". Nele inspira-se o calendário religioso, sendo que são feitas diversas cerimônias na época de plantar e de colher  o milho.


A Terra, para os índios, é espaço de vida, lugar para viver e viver bem. Os índios não vêem a terra como algo a ser explorado e possuído, mas sim como um espaço a ser respeitado para viver. Por isso costumamos chamá-la de "Mãe Terra".


NOSSA "MÃE TERRA"
A nossa relação com a terra passa pela questão religiosa. Não é possível, para nós Índios,  pensar na terra apenas como um lugar para se viver, se não tivermos com ela uma ligação profunda. Isso vem a atender aos nossos anseios religiosos. Os sábios e pajés, orientando os seus povos, têm uma grande preocupação em trabalhar essa dimensão religiosa.


Quando o índio sai para caçar, o Pajé diz que ele irá encontrar muitos animais pelo caminho, mas que não é necessário matá-los todos. Mata-se somente a quantidade de que necessitaremos para nos alimentarmos, pois, amanhã, ao voltarmos para a mata, encontraremos ainda muitos outros animais. Se matarmos todos os animais, não sobrará mais nenhum para nos alimentar. O mesmo acontece com a pesca.
Entendemos que essa é uma ordem estritamente religiosa. É Deus quem nos ensina: se matarem todos os peixes do rio não os tereis mais depois. Dessa forma, nós mantemos o equilíbrio da natureza e, assim , conseguimos sempre ter muitos peixes e muita caça. Deus é quem ordena que tratemos bem a natureza.


O PAPEL DO PAJÉ *OU XAMÃ*
Nas comunidades indígenas, o pajé ou xamã é quem faz a ligação entre os seres sobrenaturais e as pessoas. Ele é o guia da comunidade, é responsável pelos enfermos, pela organização dos rituais e preparação para a guerra. Acidentes e doenças podem ser atribuídos à magia negativa de feiticeiros, ou ocasionados pela ação de espíritos malévolos. Neste caso, o xamã pode diagnosticar e ver o agente caisador do mal.


A VIDA E A MORTE
Para nós, indígenas, existe uma relação próxima entre a vida e a morte: viver bem ajuda a morrer bem. Para nós é de grande importância nos sentirmos livres diante de Deus, livre para ir aonde quisermos e na hora em que quisermos. Assim, sentindo nos livres, vivemos bem e morremos em paz.


Para os povos indígenas não há extremos. Não existe um "deus" pronto a castigar, nem um "diabo" pronto a pegar as pessoas. Para nós, Deus é um ser naturalmente bondoso, que cuida e gosta de todos. 
Deus, como ser supremo, soberano, está sempre em paz. Assim, devemos ser. Se Deus está em paz, eu também vivo e morro em paz, em equilíbrio.


A grande maioria dos povos indígenas acredita na vida após a morte, seja pela transformação da alma em outro ser, seja pelo renascimento em outro membro da tribo. Ou ainda,  que as almas não vão para o  "céu", mas que elas ficam na terra, nos lugares onde os corpos foram enterrados.
Xamã- pessoas consagradas aos ritos de comunicação com o transcendente, nas tradições religiosas orais.
Pajé- chefe espiritual dos indígenas.                          FONTE: O TRANSCENDENTE.Maio/junho, 2007

                                                     ORAÇÃO:
                                   Ó Grande Espírito,
                        Cujo sopro infunde vida no mundo
                         E cuja voz se ouve na brisa suave:
                  Precisamos de tua beleza e de tua sabedoria.
                Leva-nos a andar nos caminhos da beleza.
                    Dá-nos olhos capazes de contemplar
                          O pôr-do-sol vermelho, púrpura.
                  Dá-nos sabedoria para que possamos entender
                                  O que tu ensinas
         Ajuda-nos para estar na tua presença com  mãos limpas
              E olhos atentos, para que, quando a vida adormecer,
    Como o poente, nosso espírito se aproxime de ti sem temos.


Refletindo:
1-Quem é Deus para o indígena?
2- Como Deus se manifesta?
3-O que é sagrado para os indígenas?
4-Que valores da religiosidade indígena você  destaca?
5-O que nos ensina a relação que o indígena estabelece com a natureza?
6-Qual o papel do Pajé ou xamã na comunidade indígena?
7-Qual a concepção de vida após a morte para os indígenas?
8-O que há de diferente entre a cultura religiosa indígena e a cultura cristã, a qual foram enculturados?

http://ensinoreligioso19cre.blogspot.com.br/2010/10/religiosidade-indigena.html