quinta-feira, 7 de maio de 2015

Religare - Conhecimento e Religião sobre pesquisa em Ciências da Religiã...

Sérgio Junqueira na UNICAP

Publicitário João Silva , criador da Marca Olodum , sugere que o grupo lidere uma campanha pela paz e contra violência no Brasil. "Em todo país há um misto de resignação e incredulidade" afirma ele em artigo publicado no Jornal A Tarde

5 anos do Olodum e o símbolo da paz

No ano em que o Grupo Cultural Olodum comemora seus 35 anos a população brasileira assiste de forma impotente a uma escalada da violência. Em todo país há um misto de resignação e incredulidade.
Há exatos 20 anos fui convidado para desenvolver uma nova marca para o Olodum que se preparava para uma turnê na Europa. 

Imediatamente após o briefing que me foi passado embarquei para São Paulo. Fui gravar um comercial com Sílvia Pfeifer para a campanha de um lançamento imobiliário. Após as gravações, que se estenderam noite adentro, exausto e muito cansado, ao entrar no apartamento do hotel, liguei a TV. E, a primeira imagem que vi, antes mesmo de tomar aquele banho regenerador, foi uma cena chocante de violência em um país da Europa, envolvendo estudantes e a polícia local. Fui dormir com um barulho deste.

No dia seguinte, lá estava eu novamente, gravando na Barra da Tijuca cenas para outro comercial, desta vez com Cláudia Raia. Após as gravações, que transcorridas na maior tranquilidade, saí para jantar com a equipe e novamente ao chegar ao hotel, minha primeira atitude foi ligar a TV. E, mais uma vez a primeira imagem foram cenas de violência, envolvendo estudantes, só que em outro país europeu. 

No dia seguinte, retornei a São Paulo para a finalização dos comerciais. De lá, fiquei sabendo que um membro do Olodum havia levado um tiro de um policial durante o
tradicional ensaio que semanalmente se faz nas terças, no Pelourinho, em Salvador.
Não deu outra: me veio à cabeça um dos símbolos do movimento hippie, fortemente assumido no Festival de Woodstock como mensagem de paz e amor. Vi no Olodum grande potencial como mensageiro da paz. Naquela altura, o Olodum já era uma referência por sua inconfundível batida de samba-reggae. Pensei: ele bem que poderia tornar-se, tanto na Europa quanto em seu território, na Bahia, um ícone da paz. 

Não pensei duas vezes. Desenhei rapidamente em um guardanapo a proposta da marca, utilizando uma caneta hidrográfica, apenas acrescentando certa estilização e a indicação das cores do movimento pan-africano: o amarelo, vermelho, verde e preto. 

Quando retornei a Salvador e peguei o jornal A Tarde, me deparei com uma foto, estampada na primeira página, de autoria do meu amigo Xando Pereira, que fazia lembrar um mar de tambores na Praça da Piedade. Todos os membros do bloco apareciam com suas cabeças abaixadas em frente aos seus tambores, tendo ao fundo o imponente prédio da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia. Faziam eles e sua diretoria um protesto silencioso. Imagem de muita força, emocionante demais, e de um significado ímpar. A partir dali não tive mais qualquer dúvida. A marca da paz precisava ser assumida pelo Olodum como a sua marca mais definitiva.

Lembro que recomendei de forma simples e clara a João Jorge: “coloque a marca no meio de um enorme pano branco no fundo do palco”.
A maneira como a marca foi destacada pelos principais jornais da Europa, a boa impressão e visibilidade que provocou sobre o grupo o obrigou a transformá-la em seu símbolo definitivo, como pano de fundo de seu recado para a humanidade.
Fato é que hoje esta marca além de ser considerada por muitos especialistas como a marca brasileira mais conhecida no mundo, e de acumular muitos prêmios nacionais e internacionais, ela continua de uma atualidade sem par. 

Diante do atual descrédito das instituições brasileiras, que em muito vem contribuindo para a escalada de violência no país, relatei - ao tomar posse como conselheiro do Olodum, em 25 de abril deste ano, no auditório Nelson Mandela, no Pelourinho - como foi criada esta marca, e aproveitei para sugerir que a diretoria do Olodum assumisse o compromisso público de liderar uma campanha pela paz e contra a violência na Bahia e no Brasil.
Vida longa ao Olodum, com paz e amor, bicho! 

João Silva – Diretor da Maria Comunicação. joaosilva@uol.com.br

Documentário Sobre Estética e Cabelos Afros: Espelho, Espelho Meu!



Por Adriele Moreno

"Através de depoimentos, o documentário "Espelho, espelho meu", produzido por Elton Martins, aborda representações afro-estéticas no período juvenil. Mães, crianças e adolescentes: todos falam um pouco de suas experiências com os seus cabelos e sobre suas escolhas pessoais. Além disso, o vídeo conta com a participação do historiador Antônio Cosme que norteia o tema ao destrinchar o processo de construção de identidade. 

O historiador fala, também, que a realidade é quase o oposto do que deveria ser. Ele explica as expressões identitárias atuais e as define como consequências da alteridade, da relação étnica-racial brasileira. 
Depoimentos de adultos (homens e mulheres), adolescentes e crianças são usados no documentário como confirmações do que fala o historiador. 

O vídeo tem logo na introdução uma mulher negra se produzindo em frente ao espelho, com música de fundo. Em seguida, Antônio Cosme abre o documentário com o primeiro depoimento. A fotografia faz jus a temática: apresenta pessoas que usam cabelo no estilo "black power" ou com trança enfeitadas, por exemplo, em contraponto a cultura reinante do cabelo liso. Músicas também são inclusas: algumas instrumentais e outras cujas letras coincidem com o assunto do doc."




Heroínas negras na história do Brasil

Por Jarid Arraesabril 17, 2015 10:19




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Por Jarid Arraes

Na história do Brasil, conta-se muito pouco a respeito das mulheres negras. Na escola, são pouquíssimas as aulas que citem as grandes guerreiras e líderes quilombolas, ou que simplesmente mencionem a existência das mulheres negras para além da escravidão. Em um país em que a escravidão não é retratada como uma vergonha para a nação - pelo contrário, ainda se insiste que a população negra não lutou contra esse quadro -, isso não é nenhuma surpresa.

Nós, brasileiros, passamos vários anos na escola aprendendo sobre todos os detalhes das vidas de Dom Pedro I e II, seus familiares, seus casos sexuais e viagens. Na televisão, os imperadores viram protagonistas de minisséries, enquanto os atores e atrizes negros são reduzidos a papéis de escravos sem profundidade. Grandes lutadores como Zumbi dos Palmares, Dragão do Mar e José Luiz Napoleão, são pouco mencionados. Aliás, eles são lembrados apenas no mês de novembro, em razão do Dia da Consciência Negra; mas as mulheres negras, que contribuíram de tantas formas na luta contra a escravidão e nas conquistas sociais do Brasil, nem sequer são mencionadas.


Cordel sobre Dandara dos Palmares, líder quilombola e companheira de Zumbi.

O esquecimento das mulheres negras na história é algo que contribui para a vilipendiação da população negra. Por conta disso, as garotas negras crescem achando que não há boas referências intelectuais e de resistência nas quais possam se espelhar. Para descobrir seus referenciais, é preciso que se mergulhe em uma pesquisa individual, muitas vezes solitária, juntando peças de um enorme quebra-cabeça para no fim descobrir que pouquíssimo foi registrado a respeito de mulheres como Dandara dos Palmaresou Tereza de Benguela – importantes líderes quilombolas.

Devido ao machismo, é muito difícil encontrar registros da história das mulheres, especialmente aqueles que sejam contados de forma aprofundada e responsável. Ainda hoje, poucas mulheres, mesmo entre as brancas ou europeias, são citadas e celebradas por suas conquistas. No entanto, quando essas mulheres são negras, a negligência é ainda maior. Em um país onde mais de 50% da população é negra, a situação desse quadro é absurda.

Mesmo com os esforços racistas para apagar a história das mulheres negras, racismo nenhum será capaz de enterrar a memória de ícones como Luísa Mahin e Tia Simoa. Mulheres negras inteligentes, com grande capacidade estratégica, imensa coragem e ímpeto de transformação, que jamais se conformaram ou se dobraram diante do racismo e da misoginia; pelo contrário, lutaram e deram suas vidas para que mulheres negras como eu pudessem viver em liberdade e escrever, ocupando espaços que, ainda hoje, nos são de difícil acesso.

Infelizmente, tive que descobrir essas guerreiras por conta própria, contando com a ajuda de outras mulheres negras, companheiras de luta, que me apresentaram textos e materiais onde suas vidas foram contadas, ainda que brevemente. Por isso, decidi utilizar minha produção literária, meus cordéis, para contar as histórias dessas mulheres e fazer com que mais pessoas tomassem conhecimento de suas batalhas e do quanto são importantes para a história do Brasil. Até o momento, tenho vários cordéis biográficos que contam as trajetórias de Aqualtune e Carolina Maria de Jesus, além de outras já citadas nesse texto.

Nosso papel é fazer com que essas mulheres negras sejam conhecidas e seus feitos sejam estudados. Seja por meio do cordel, das redes sociais ou de trabalhos acadêmicos, precisamos registrar e divulgar essas memórias. Com elas, provamos que a população negra sempre lutou por seus direitos, provamos que as mulheres negras sempre foram protagonistas dos movimentos negro e de mulheres e que nunca se omitiram ou saíram das trincheiras. Afinal, essas mulheres são espelhos e exemplos do que todas as meninas e jovens negras podem ser.



- Para conhecer meus cordéis biográficos e feministas, visite: www.jaridarraes.com/cordel

Leia outros cordéis gratuitos na Fórum:

Cordel – Aborto

Cordel – Não me chame de mulata

Cordel – Chica gosta é de mulher

Cordel – Não tem maior fuleragem que mané conservador

Foto de capa: Divulgação
http://www.revistaforum.com.br/questaodegenero/2015/04/17/heroinas-negras-na-historia-brasil/

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