domingo, 9 de março de 2014
CUERDAS .ASSISTAM ,MUITAS REFLEXOES SERÃO FEITAS E DESPERTADAS PARA UMA SOCIEDADE MAIS ILUMINADA
Antes de colocar o vídeo lancei 3questoes:
1-Se coloque no lugar da personagem Maria qual seria sua reação ao chegar um aluno novo, especial e enfermo. Quais seriam suas adaptações para que el pudesse brincar/?
2-Agora se coloque no lugar no garoto com paralisia cerebral ,qual seria sua forma de comunicação?
3-Por fim já que fizeram o exercício de Alteridade. Descreva o que seja alteridade ,podem desenhar com familiares, dicionários ou aqui mesmo no blogue ate então reescrever essa historia dando outro final.
Ola Pessoal esta semana no Linneu o curta CUERDAS .Náo percam,sempre novidades!!!!
Você pode ensinar seu filho sobre crianças com deficiência. Que tal começar por este filme?
Premiado, curta-metragem 'Cordas' apresenta a relação entre uma garotinha e um amigo que tem paralisia cerebral. Animação comove e pode ser ponto de partida para um diálogo capaz de evitar intolerância e bullying
O filme espanhol ‘Cordas’ (Cuerdas), ganhador do Prêmio Goya 2014 no último dia 9 na categoria ‘melhor curta-metragem de animação’, foi inspirado na vida do diretor, Pedro Solís. Sua filha, Alejandra, tem uma relação muito especial com o irmão, Nicolás, que sofre de paralisia cerebral.
Apesar de ter diálogos em espanhol, não é difícil de entender a história contada: María é uma menina alegre, que mora em um orfanato. Lá, ela conhece Nicolás (qualquer semelhança não é mera coincidência) e passa do estranhamento à amizade, veja acesse!!!
Nos agradecimentos, o diretor dedica o filme à filha, por ter inspirado a obra; ao filho, que ele desejaria nunca ter inspirado o trabalho; e à esposa, Lola, por todas as vezes em que ela não chorou na frente dele. Solís deixa ainda a mensagem: há cordas que não amarram; e sim, libertam. Se você quiser saber mais sobre o filme, visite a página no Facebook e o site: http://cuerdasshort.com/
Pedro Solís, ao receber o prêmio Goya: animação foi inspirada nos filhos do diretor espanhol
‘Cordas’ encanta, mas oferece mais: uma oportunidade para conversar sobre deficiência com aquelas crianças consideradas ‘normais’. Essa pauta não é colocada com tanta frequência diante dos pais e mães, e isso tem consequências graves, muitas vezes invisíveis; mas que aos poucos ganham mais atenção.
A professora de educação física Maria Luiza Tanure Alves, que em 2013 se tornou doutora pela Unicamp com uma tese sobre estudantes com deficiência visual, ficou surpresa com os relatos de bullying de adolescentes cegos que frequentavam atividades esportivas nos ensinos fundamental e médio em São Paulo. Os alunos de 13 a 18 anos sofriam zombarias constantes, como perguntas do tipo “mas como você não está vendo aquilo?”. Travestidas de brincadeira, as ofensas deixaram marcas nos garotos entrevistados pela pesquisadora.
A pesquisa mostrou que esses alunos não se sentiam incluídos durante as aulas de educação física, pois tinham participação limitada nas atividades e se mantinham isolados do grupo. Luiza Tanure aponta que os professores de educação física têm papel fundamental no processo de inclusão dos alunos com deficiência. “Percebi que existe um círculo vicioso no sistema, uma vez que os alunos não são chamados a participar das aulas e, por conseguinte, não conseguem interagir com a turma. O professor acaba excluindo o aluno do processo quando não oferece a oportunidade de participação”, esclarece. Ou seja: o fato de colocar o aluno em sala não é o suficiente para que ele se sinta incluído no contexto escolar.
A professora de educação física Maria Luiza Tanure Alves, que em 2013 se tornou doutora pela Unicamp com uma tese sobre estudantes com deficiência visual, ficou surpresa com os relatos de bullying de adolescentes cegos que frequentavam atividades esportivas nos ensinos fundamental e médio em São Paulo. Os alunos de 13 a 18 anos sofriam zombarias constantes, como perguntas do tipo “mas como você não está vendo aquilo?”. Travestidas de brincadeira, as ofensas deixaram marcas nos garotos entrevistados pela pesquisadora.
A pesquisa mostrou que esses alunos não se sentiam incluídos durante as aulas de educação física, pois tinham participação limitada nas atividades e se mantinham isolados do grupo. Luiza Tanure aponta que os professores de educação física têm papel fundamental no processo de inclusão dos alunos com deficiência. “Percebi que existe um círculo vicioso no sistema, uma vez que os alunos não são chamados a participar das aulas e, por conseguinte, não conseguem interagir com a turma. O professor acaba excluindo o aluno do processo quando não oferece a oportunidade de participação”, esclarece. Ou seja: o fato de colocar o aluno em sala não é o suficiente para que ele se sinta incluído no contexto escolar.
Max, filho de Ellen Seidman, tem paralisia cerebral e inspirou a mãe a fazer um pequeno guia de orientações para lidar com crianças que têm alguma deficiência, veja na galeria de fotos
A professora destaca ainda que o levantamento apontou a barreira da aceitação por parte dos colegas. Nesse caso, o trabalho depende do envolvimento dos pais. “Durante a pesquisa, foi observado que fatores familiares interferem na aceitação das diferenças em sala de aula. O professor tem dificuldades para realizar uma intervenção mais pontual neste aspecto”, analisa. Na opinião da pesquisadora, que durante sete anos atuou como professora em escolas públicas, as políticas governamentais devem ter como foco a preparação profissional contínua e de qualidade, mas também um trabalho social, com mudança de valores, para mudar a forma de encarar a deficiência.
Mas como ensinar ao meu filho sobre a deficiência?
Ellen Seidman, do blog “Love That Max“ traz algumas dicas. Ela revela que, quando jovem, também zombava de um garoto com deficiência. Anos mais tarde, o filho dela, Max, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) durante o parto. Ele tem paralisia cerebral, assim como Nicolás, do filme Cordas. “De repente, eu tinha uma criança para quem outras crianças olhavam e cochichavam a respeito. E eu desejei tanto que seus pais falassem com elas sobre crianças com necessidades especiais”, desabafa.
Diante da escassez de orientações, Ellen conversou com pais de crianças com autismo, paralisia cerebral, síndrome de down e outras doenças genéticas para “ouvir o que eles gostariam que fosse ensinado aos outros pequenos sobre seus filhos”. Como a autora mesmo diz, as dicas que se seguem são baseadas em depoimentos e devem ser consideradas um guia, mas não uma ‘bíblia’ definitiva, veja na galeria:
Mas como ensinar ao meu filho sobre a deficiência?
Ellen Seidman, do blog “Love That Max“ traz algumas dicas. Ela revela que, quando jovem, também zombava de um garoto com deficiência. Anos mais tarde, o filho dela, Max, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) durante o parto. Ele tem paralisia cerebral, assim como Nicolás, do filme Cordas. “De repente, eu tinha uma criança para quem outras crianças olhavam e cochichavam a respeito. E eu desejei tanto que seus pais falassem com elas sobre crianças com necessidades especiais”, desabafa.
Diante da escassez de orientações, Ellen conversou com pais de crianças com autismo, paralisia cerebral, síndrome de down e outras doenças genéticas para “ouvir o que eles gostariam que fosse ensinado aos outros pequenos sobre seus filhos”. Como a autora mesmo diz, as dicas que se seguem são baseadas em depoimentos e devem ser consideradas um guia, mas não uma ‘bíblia’ definitiva, veja na galeria:
galeria:
Para começar, não tenha pena de mim: as mães de uma criança com deficiência tê, sim, que lidar com muitas coisas. Mas isso não é uma tragédia. 'Meu filho é um menino brilhante, engraçado e incrível que me traz muita alegria e que me enlouquece às vezes. Você sabe, como qualquer criança. Se você tiver pena de mim, seu filho vai ter também. Aja como você agiria perto de qualquer outro pai ou mãe. Aja como você agiria perto de qualquer criança.' (Divulgação / cuerdasshort.com)
Ensine seus filhos a não sentir pena dos nossos: quando uma criança vê outras crianças e adultos a encarando, ela fica incomodada. 'Minha filha não se sente mal por ser quem ela é. Ela não se importa com o aparelho em seu pé. Ela não tem autopiedade. Ela é uma ótima garota que ama tudo, de cavalos a livros. Ela é uma criança que quer ser tratada como qualquer outra criança - ainda que ela manque. Nossa família celebra as diferenças ao invés de lamentá-las, então nós te convidamos a fazer o mesmo.' (Divulgação / cuerdasshort.com)
Use o que eles têm em comum: a dica é incluir as pessoas com deficiência nas respostas daquela fase 'perguntadeira' dos filhos. 'Vai chegar uma hora em que seu filho vai começar a te fazer perguntas sobre a cor da pele de alguém, ou por que aquele homem é tão grande, ou aquela moça é tão pequena. Quando você estiver explicando a ele que todas as pessoas são diferentes, mencione pessoas com deficiências também. Mas tenha o cuidado de falar sobre as similaridades também - que uma criança na cadeira de rodas também gosta de ouvir música, e ver TV, e de se divertir, e de fazer amigos. Ensine aos seus filhos que as crianças com deficiências são mais parecidas com eles do que são diferentes.' (Divulgação / cuerdasshort.com)
Ensine que há várias formas de se expressar: crianças com dificuldade para falar podem manifestar sua alegria de outra forma. 'Meu filho faz barulhos bem agudos quando está animado. Algumas vezes, ele pula pra cima e pra baixo e sacode os braços também. Diga aos seus filhos que a razão pela qual crianças autistas ou com outras necessidades especiais fazem isso é porque elas tem dificuldades pra falar, e é assim que elas se expressam quando estão felizes, frustradas ou com dor. Quando ele faz barulhos, isso pode chamar a atenção, especialmente se estamos em um restaurante ou cinema. Então, é importante saber que ele não pode, sempre, evitar isso. E que isso é, normalmente, um sinal de que está se divertindo'. (Divulgação / cuerdasshort.com)
A amizade com uma criança com deficiência é boa para as duas crianças: algumas pessoas acreditam que autismo 'pega' e esse desconhecimento impõe barreiras. 'Em 2000, quando meu filho foi diagnosticado com autismo, tive muita dificuldade em arrumar amiguinhos para brincar com ele. Vários pais se assustaram, a maior parte por medo e desconhecimento. Fiquei sabendo que uma mãe tinha medo de ser 'contagioso'. Ui. Treze anos mais tarde, sou tão abençoada por ter por perto várias famílias que acolheram meu filho de uma forma que foi tão benéfica para o seu desenvolvimento. Fico arrepiada de pensar nisso. A melhor coisa que já ouvi de uma mãe foi o quanto a amizade com o meu filho foi importante para o filho dela e fez dele uma pessoa melhor! Quando tivemos o diagnóstico, ouvimos que ele nunca teria amigos. Os amigos que ele tem, agora, adorariam discordar. Foram os pais deles que facilitaram essa amizade e, por isso, serei eternamente grata'. (Divulgação / cuerdasshort.com)
Encoraje seu filho a dizer 'oi': o que fazer diante da curiosidade das crianças? 'Se você pegar seu filho olhando pro meu, não fique chateada - você só deve se preocupar se ele estiver sendo rude, mas crianças costumar reparar umas nas outras. Sim, apontar, obviamente, não é super educado, e se seu filho apontar, você deve dizer a ele que isso é indelicado. Mas quando você vir seu filho olhando para o meu, diga a ele que a melhor coisa a fazer é sorrir ou dizer 'oi'. Se você quiser ir mais fundo no assunto, diga a ele que as crianças com deficiência nem sempre respondem da forma como a gente espera, mas, ainda assim, é importante tratá-las como tratamos as outras pessoas'. (Divulgação / cuerdasshort.com)
Encoraje as crianças a continuar conversando: A ideia é não desistir na primeira dificuldade. Assim como María, no filme 'Cordas', instintivamente não desistiu. 'As crianças sempre se perguntam se meu filho pode falar, especialmente quando ele faz seu 'barulhinho alto corriqueiro'. Explique que é normal se aproximar de outra criança que soa um pouco diferente. Algumas podem não conseguir responder tão rápido, mas isso não significa que elas não tem nada a dizer. Peça ao seu filho para pensar no seu filme favorito, lugar ou livro- há grandes chances da outra criança gostar disso também. E a única forma de ele descobrir isso é perguntando, da mesma forma que faria com qualquer outra criança.' (Divulgação / cuerdasshort.com
Encoraje as crianças a continuar conversando: A ideia é não desistir na primeira dificuldade. Assim como María, no filme 'Cordas', instintivamente não desistiu. 'As crianças sempre se perguntam se meu filho pode falar, especialmente quando ele faz seu 'barulhinho alto corriqueiro'. Explique que é normal se aproximar de outra criança que soa um pouco diferente. Algumas podem não conseguir responder tão rápido, mas isso não significa que elas não tem nada a dizer. Peça ao seu filho para pensar no seu filme favorito, lugar ou livro- há grandes chances da outra criança gostar disso também. E a única forma de ele descobrir isso é perguntando, da mesma forma que faria com qualquer outra criança.' (Divulgação / cuerdasshort.com
Dê explicações simples: os adultos tendem a complicar as coisas. 'Algumas vezes, eu penso que nós, pais, tendemos a complicar as coisas. Usando alguma coisa que seus filhos já conhecem, algo que faça sentido pra eles, você faz com que a 'necessidade especial' se torne algo pessoal e fácil de entender. Eu captei isso uns anos atrás, quando meu priminho me perguntou 'por que o William se comunicava de forma tão diferente dele e de seus irmãos'. Quando eu respondi que ele simplesmente nasceu assim, a resposta dele pegou no ponto: 'Ah, assim como eu nasci com alergias'. Ele sabia como era viver com algo que se tem e gerenciar isso. Se eu tivesse dito a ele que os músculos da boca de William têm dificuldade em formar palavras, o conceito teria se perdido na cabeça dele. Simplicidade é a chave'. (Divulgação / cuerdasshort.com)
Ensine respeito às crianças com seus próprios atos: o velho 'dar o exemplo' nunca fez tanto sentido. 'Crianças aprendem mais com suas ações que com suas palavras. Diga 'oi' para a minha filha. Não tenha medo ou fique nervosa perto dela. Nós realmente não somos tão diferentes de vocês. Trate minha filha como trataria qualquer outra criança (e ganhe um bônus se fizer um comentário sobre o lindo cabelo dela!). Se tiver uma pergunta, faça. Fale para o seu filho sobre como todo mundo é bom em coisas diferentes, e como todo mundo tem dificuldades a trabalhar. Se todo o resto falhar, cite a frase do meu outro filho: 'bem, todo mundo é diferente!''. (Divulgação / cuerdasshort.com)
Ajude as crianças a ver que uma criança pouco falante pode entender: 'Nós estávamos andando pelo playground e a coleguinha da minha filha não parava de encarar o meu filho, que é autista e tem paralisia cerebral. Minha filha chamou a atenção da colega rapidinho: 'Você pode dizer 'oi' pro meu irmão, você sabe. Só porque ele não fala, não significa que ele não ouve você'. Ele realmente não costuma falar muito, mas ouve tudo ao redor. Ensine aos seus filhos que eles devem assumir que crianças com deficiência entendem o que está sendo dito, mesmo sem falar. Assim, eles não vão dizer 'o que ele tem de errado?', mas poderão perguntar 'como vai?'. (Divulgação / cuerdasshort.com)
Inicie uma conversa: 'Nós estávamos no museu e um garotinho não parava de olhar para o meu filho e seu andador. A mãe dele sussurrou em seu ouvido para não encarar, porque isso era indelicado. Ao invés disso, eu adoraria que ela tivesse dito 'esse é um andador muito interessante, você gostaria de perguntar ao garotinho e à sua mãe mais a respeito dele?''. (Divulgação / cuerdasshort.com)
Não se preocupe com o constrangimento: a dica é não entrar em pânico. 'Vamos combinar de não entrar em pânico caso seu filho diga algo embaraçoso. Se seu filho olhar para a minha menina e disser algo como 'Eca! Por que ela está babando?' ou 'Você é mais gorda que a minha mãe'. Embora esses não sejam exemplos ideais de início de conversa, mostram que o seu filho está interessado e curioso o suficiente para fazer contato. Por favor, não gagueje um 'mil desculpas' e arraste seu filho pra longe. Vá em frente e diga baixinho o pedido de desculpas, se você precisar, mas deixe-me aproveitar a oportunidade: vou explicar a parte da baba e apresentar a Maya. Posso contar da paixão dela por crocodilos, e você pode ser a coadjuvante no processo, dizendo 'lembra quando nós vimos no zoológico?' ou coisa parecida. Maya vai curtir conhecer alguém novo, e eu terei esperanças de que seu filho conseguiu vê-la como uma criança divertida, ao invés de uma 'criança que baba'. (E eu irei simplesmente fingir que não ouvi a parte do 'mais gorda que a minha mãe')'. (Divulgação / cuerdasshort.com)
Alteridade/ Harmonia das diferenças
“Tolerar a existência do outro,
E permitir que ele seja diferente,
Ainda é muito pouco.
Quando se tolera,
Apenas se concede
E essa não é uma relação de igualdade,
Mas de superioridade de um sobre o outro.
Deveríamos criar uma relação entre as pessoas,
Da qual estivessem excluídas
A tolerância e a intolerância.”
(José Saramago)
E permitir que ele seja diferente,
Ainda é muito pouco.
Quando se tolera,
Apenas se concede
E essa não é uma relação de igualdade,
Mas de superioridade de um sobre o outro.
Deveríamos criar uma relação entre as pessoas,
Da qual estivessem excluídas
A tolerância e a intolerância.”
(José Saramago)
ALTERIDADE
A palavra Alteridade, que tem o prefixo latino alter, tem como significado alguém colocar-se no lugar do outro numa relação interpessoal, com consideração, valorização, identificação e disposição para dialogar com o outro. A prática da alteridade se conecta aos relacionamentos tanto entre indivíduos como entre grupos culturais religiosos, científicos, étnicos etc.
Isso é alteridade: o estabelecimento de uma relação de paz com os diferentes, a capacidade de conviver bem com a diferença da qual o "outro" é portador.
A ética da alteridade consiste basicamente em saber lidar com o "outro", entendido aqui não apenas como o próximo ou outra pessoa, mas, além disso, como o diferente, o oposto, o distinto, o incomum ao mundo dos nossos sentidos pessoais, o desigual, que na sua realidade deve ser respeitado como é e como está, sem indiferença ou descaso, repulsa ou exclusão, em razão de suas particularidades.
Conviver com os contrários e aprender a amá-los na sua diversidade.
A ética da alteridade consiste basicamente em saber lidar com o "outro", entendido aqui não apenas como o próximo ou outra pessoa, mas, além disso, como o diferente, o oposto, o distinto, o incomum ao mundo dos nossos sentidos pessoais, o desigual, que na sua realidade deve ser respeitado como é e como está, sem indiferença ou descaso, repulsa ou exclusão, em razão de suas particularidades.
Conviver com os contrários e aprender a amá-los na sua diversidade.
A inclusão, em nome do Amor, é ação moral para nossa convivência, sem o que não faremos a dolorosa e imprescindível cirurgia de extirpação da egolatria, tão comum a todos nós - almas com pequenas aquisições nos valores essenciais da espiritualização.
Diferenças não são defeitos ou álibis para que decretemos o sectarismo e a indiferença, somente porque não compreendemos o papel dos diferentes na engrenagem da vida, executando uma "missão específica" que, quase sempre, só conseguiremos entender quando, decididamente, vencermos as etapas do processo de construção da alteridade.
Diferenças não são defeitos ou álibis para que decretemos o sectarismo e a indiferença, somente porque não compreendemos o papel dos diferentes na engrenagem da vida, executando uma "missão específica" que, quase sempre, só conseguiremos entender quando, decididamente, vencermos as etapas do processo de construção da alteridade.
Etapas na caracterização do processo Alteritário
Conhecer a diferença
É a fase de acolhimento do "outro", despindo-se de preconceitos e "estereótipos éticos" pré-formulados, guardando abertura de afeto ao diferente e à sua diferença.
Compreender a diferença
Criação de avaliações parciais, não definitivas, que favoreçam a análise desse "outro", buscando entender-lhe as razões, estudar-lhe os motivos até penetrarmos na essência de seu "ser", compreendendo-o pela apreensão do "sentido" que ele tem para Deus, seu papel cooperativo no universo.
Aprender com a diferença
É uma fase que une e permite acessibilidade mútua, receptividade aos sentidos do "outro"; propicia uma relação de aprendizado e o elastecimento de noções sobre como a diversidade do outro pode nos ensinar algo, buscando, se possível, aprender a amá-lo na sua particularidade.
Compreender as etapas da alteridade nos mecanismos afetivos, sob o prisma do progresso espiritual, é fundamental para procedermos a uma autoavaliação de nossa posição íntima.
Sem desejo de melhora não existe motivação para quaisquer empreendimentos de renovação. Sem a etapa da interiorização não se deflagra o conhecimento fidedigno do trabalho a ser efetuado na intimidade de si mesmo.
E a transformação é o resultado e o objetivo para o qual todos caminhamos na evolução.
Esse dinamismo interior é processual e ninguém estagia em uma ou outra etapa separadamente.
Desejo de melhora
Período em que nos ocupamos pelas ações no bem.
Etapa marcada pelo conhecimento espiritual criando conflitos íntimos, impulsionando novos posicionamentos.
A necessidade de mudança será proporcional ao nível de maturidade de cada criatura.
Nessa fase o outro ainda é uma referência de incômodo, disputa e ameaça, quase um adversário para quem são dirigidas cobranças não suportáveis a si mesmo. Tal estado psicológico instiga o julgamento inflexível através da análise para fora.
O principal traço afetivo é a simpatia pelos iguais, aqueles que pensam conforme pensamos, que esposam pontos de vista idênticos.
Embora seja um instante de muita “convulsão” nas metas e propósitos de vida, é quando o homem se define por uma nova opção de melhora com base na vida futura, na imortalidade e na ascensão.
O convite ético do Espiritismo chega-lhe como consolo e também um abalo nas convicções.
Mesmo o próximo não sendo ainda respeitado na sua diferença, trata-se do início da morte da indiferença.
Apesar de não aceitar os diferentes, já se incomoda com eles, querendo modificá-los: um efetivo sinal de mutação na forma de sentir.
Afetivamente não é uma postura ajustada, mas é uma estrada que se abre para superar a tendência de marginalização e impulso para repensarmos a nossa individualidade, até alcançarmos a interiorização.
Interiorização
Se na fase anterior a prioridade era a ação, aqui o aprendiz das questões do espírito volta-se para estudar suas reações íntimas.
O conhecimento sai da esfera puramente intelectiva para o campo das reflexões sentidas, motivando a busca de estados mentais de harmonia.
O “outro” promove-se à condição de espelho das necessidades de nosso aperfeiçoamento, uma extensão de nós próprios que deflagra o processo educativo; afetivamente toma a conotação daquele que nos leva a novos e mais elevados sentimentos.
Esse é o estado psicológico da busca de entendimento e do autoconhecimento, uma análise para dentro. Há uma dilatação da sensibilidade para com a diferença alheia, seguida de mais intensa aceitação, disposição para o perdão e a concórdia.
Começa-se assim a compreensão da importância que tem a diversidade de aptidões.
O desigual passa a ser visto como alguém importante para o nosso crescimento pessoal.
A maleabilidade, a assertividade, a empatia e outras habilidades emocionais passam a ser usadas com mais intensidade. Todas essas posturas sedimentam valores novos no rumo da transformação.
Transformação
Os valores interiorizados atingem o campo dos sentimentos, é a mudança real.
O outro é alteridade, distinção; é o estado psicológico do amor em que a diferença do outro passa ser incondicionalmente aprovada e, mais que isso, compreendida como indispensável lição de complementaridade.
Nessa etapa aprende-se não só a aceitar os diferentes como se consegue aprender com eles, amá-los na sua maneira de ser.
É a etapa da felicidade. O outro jamais poderá ser motivo para decepções e mágoas. Ainda que as tenhamos saberemos como lidar bem com essas emoções.
A autonomia e a liberdade não permitem amarras e dependência, opressão e sentimentalismo. Aprende-se o auto-amor e por conseqüência ama-se sem sofrimento, sem sacrifícios; ama-se porque o amor é preenchedor e isso, definitivamente, basta.
Jesus, na Parábola do Semeador, quando fala dos vários terrenos em que foram distribuídas as sementes, deixa-nos um tratado sobre a alteridade e suas etapas.
Os solos da narrativa correspondem aos níveis evolutivos em que cada qual dará frutos, conforme suas possibilidades.
HARMONIA DAS DIFERENÇAS
Você já pensou que o nosso grande problema, nas relações pessoais, é que desejamos que os outros sejam iguais a nós?
Em se falando de amigos, desejamos que eles gostem exatamente do que gostamos, que apreciem o mesmo gênero de filmes e música que constituem o nosso prazer.
No âmbito familiar, prezaríamos que todos os componentes da família fossem ordeiros, organizados e disciplinados como nós.
No ambiente de trabalho, reclamamos dos que deixam a cadeira fora do lugar, papel espalhado sobre a mesa e que derramam café, quando se servem.
Dizemos que são relaxados e que é muito difícil conviver com pessoas tão diferentes de nós mesmos. Por vezes, chegamos às raias da infelicidade, por essas questões.
E isso nos recorda da história de um menino chamado Pedro.
Ele tinha algumas dificuldades muito próprias.
Por exemplo, quando tentava desenhar uma linha reta, ela saía toda torta.
Quando todos à sua volta olhavam para cima, ele olhava para baixo.
Ficava olhando para as formigas, os caracóis, em sua marcha lenta, as florzinhas do caminho.
Se ele achava que ia fazer um dia lindo e ensolarado, chovia.
E lá se ia por água abaixo, todo o piquenique programado.
Um dia, de manhã bem cedo, quando Pedro estava andando de costas contra o vento, ele deu um encontrão em uma menina, e descobriu que ela se chamava Tina.
E tudo o que ela fazia era certinho.
Ela nunca amarrava os cordões de seus sapatos de forma incorreta nem virava o pão com a manteiga para baixo.
Ela sempre se lembrava do guarda-chuva e até sabia escrever o seu nome direito.
Pedro ficava encantado com tudo que Tina fazia.
Foi ela que lhe mostrou a diferença entre direito e esquerdo.
Entre a frente e as costas.
Um dia, eles resolveram construir uma casa na árvore.
Tina fez um desenho para que a casa ficasse bem firme em cima da árvore.
Pedro juntou uma porção de coisas para enfeitar a casa.
Os dois acharam tudo muito engraçado.
A casa ficou linda, embora as trapalhadas de Pedro.Bem no fundo, Tina gostaria que tudo que ela fizesse não fosse tão perfeito.
Ela gostava da forma de Pedro viver e ver a vida.
Então Pedro lhe arranjou um casaco e um chapéu que não combinavam.
E toda vez que brincavam, Tina colocava o chapéu e o casaco, para ficar mais parecida com Pedro.
Depois, Pedro ensinou Tina a andar de costas e a dar cambalhotas.
Juntos, rolaram morro abaixo.
E juntos aprenderam a fazer aviões de papel e a fazê-los voar para muito longe.
Um com o outro, aprenderam a ser amigos até debaixo d’água.
E para sempre.
Eles aprenderam que o delicioso em um relacionamento é harmonizar as diferenças.
Aprenderam que as diferenças são importantes, porque o que um não sabe, o outro ensina. Aquilo que é difícil para um, pode ser feito ou ensinado pelo outro.
É assim que se cresce no mundo. Por causa das grandes diferenças entre as criaturas que o habitam.
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Conclusão
A sabedoria divina colocou as pessoas no mundo, com tendências e gostos diferentes umas das outras.Também em níveis culturais diversos e degraus evolutivos diferentes.
Tudo para nos ensinar que o grande segredo do progresso está exatamente em aprendermos uns com os outros, a trocar experiências e valorizar as diferenças.
Fonte de pesquisa:
Wanderley S. de Oliveira Livro “Mereça Ser Feliz”
Wanderley Soares de OliveiraLivro "Laços de Afeto"publicada Editora INEDE.
base no livro Pedro e Tina, de autoria de Stephen Michael King, Ed. Brinquebook
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