terça-feira, 18 de agosto de 2015

Profissionais da educação discutem cyberbullying

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Postado por: CLAUDIA MUNIZ 
Fonte:
Data de publicação: 28/07/2015


http://www.cidadedoconhecimento.org.br/cidadedoconhecimento/cidadedoconhecimento/index.php?subcan=7&cod_not=41643



A violência virtual, praticada pela internet ou por meio de tecnologias, conhecida como Cyberbullying, é um tema cada vez mais presente no ambiente escolar. Para capacitar professores a como prevenir e trabalhar o assunto entre os estudantes, a Secretaria Municipal da Educação promoveu nesta segunda-feira (27) um encontro entre profissionais representantes de 107 escolas municipais.

O encontro, realizado no Centro de Formação Continuada, teve a participação da especialista e doutora em tecnologia e sociedade Cineiva Campoli Tono. Ela atua no Departamento de Políticas sobre Drogas da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciaria do Paraná e falou aos profissionais da educação sobre a importância da reflexão da violência nas redes sociais, além de oferecer ao grupo informações sobre como desenvolver projetos e estratégias de intervenção, tanto no ambiente escolar quanto no entorno, para prevenir as ameaças causadas pela divulgação de conteúdo na internet.

Promovido pela Coordenadoria de Atendimentos às Necessidades Especiais (CANE), o objetivo do encontro foi ampliar os conhecimentos das equipes escolares que participam do projeto “Bullying não é brincadeira”, que desde o ano passado tem trabalhado o respeito ás diferenças entre os estudantes a partir do combate às violências.

Cineiva salientou o fato de a internet ser um ambiente e um meio de comunicação que exige cuidados. “Os jovens devem ter consciência de que o que postam pode ir além de uma brincadeira, que pode ser ofensivo ou desrespeitoso. E são os pais que devem impor limites também para os filhos. No entanto, a escola tem um papel fundamental que é o de partilhar, instigar e alertar às famílias para o perigo que perpassa o cyber”, disse Cineiva.

A coordenadora da CANE, Elda Bissi, explicou que a intenção do encontro foi oferecer aos profissionais informações e orientações sobre como a escola deve ficar atenta ao novo formato de violência e como deve proceder diante de possíveis acontecimentos. “A escola como ambiente de aprendizagem e preparação para a vida individual e coletiva deve se manter atenta a todos os possíveis acontecimentos que possam causar danos ao processo evolutivo do aluno. Nesse sentido, buscamos uma escola resiliente frente à temática de todas as formas de bullying ”, disse Elda.

A professora da Escola Municipal Cerro Azul, no Tingui, Sara Strapasson desenvolve o Projeto “Bullying não é brincadeira” com estudantes do 1.º ano. Para ela, a conscientização é o primeiro passo para que as pessoas tomem conhecimento dos perigos e cuidados que devem ter com determinados assuntos. “Discutir o assunto desde a infância é fundamental para que os alunos respeitem as diferenças, aceitem o outro e possam conviver em harmonia. Nosso trabalho deve ser em parceria com a família para evitar a relação da violência com a tecnologia”, disse Sara.

Entendo que o Cyberbullying é uma ação de agressão e desrespeito ao indivíduo que ocorre no plano virtual, principalmente por meio de sites de relacionamentos, a professora Luciana Brandão, da Escola Municipal Itacelina Bittencourt, no bairro Guaíra, disse acreditar que as ações sobre o assunto devem ser abordadas de maneira ampla. “Devemos abordar o assunto de maneira integrada às ações curriculares no intuito de respeitar às singularidades e diversidades encontradas no ambiente escolar. O Projeto Bullying não é brincadeira é uma iniciativa importante para inserir os alunos numa discussão orientada e assertiva sobre os riscos da internet”, diz Luciana.

Singularidades,/b>
O projeto Bullying não é Brincadeira da Secretaria Municipal da Educação iniciou em 2014 e tem a participação de 81 mil estudantes de 107 escolas municipais e dezenas de professores promovendo a cultura da paz, respeito à singularidade e à diversidade no ambiente educacional, em especial entre as pessoas com deficiência.
A adesão ao projeto é opcional, cabendo às escolas decidirem pela proposta de prevenir as agressões entre os estudantes a partir de duas frentes. A primeira, de orientar os profissionais das escolas, centros municipais de educação infantil (CMEIs) e demais unidades escolares sobre o que deve ser feito para evitar bullying. A segunda é envolver de forma lúdica e atrativa os estudantes e suas famílias na discussão sobre a necessidade de respeito à singularidade e diversidade de todos no ambiente educacional.
 

Alunos se “vacinam” contra o bullying

 | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Ação na rede pública de Curitiba cria personagens com algum tipo de deficiência ou limitação para ensinar valores de respeito às crianças

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Texto publicado na edição impressa de 18 de agosto de 2015
Que Zé Gotinha, que nada. Na Escola Municipal Piratini, em Curitiba, são as próprias crianças que fazem as vezes de agentes de saúde para distribuir vacinas. O líquido é um suco de laranja, e seu efeito é a erradicação do bullying.
A instituição é uma das 107 que integra o projeto “Bullying Não é Brincadeira”, da Secretaria Municipal de Educação (SME), de Curitiba. Com foco nas crianças da primeira etapa do Ensino Fundamental, o projeto busca incidir no bullying antes mesmo que ele atinja sua maturidade.
Ao trabalhar com crianças na faixa dos 6 a 10 anos, o projeto incide naquela fase em que a implicância e o preconceito já existem, mas os valores de certo e errado ainda estão em formação. Não há, por exemplo, registros de cyber bullying (feito em ambiente virtual) na rede municipal, segundo conta Claudia Pericinoto, da Coordenadoria de Atendimento às Necessidades Especiais (Cane) da SME.
Na base do projeto está a turminha de Nina, Lilo, Max, Teco e Lisa. São personagens fictícios, com idade entre 7 e 10 anos, atingidos por leucemia, autismo, problemas de locomoção, cegueira ou surdez.
“A maioria dos personagens não nasceu com deficiência, mas adquiriu com o tempo”, explica Viviane Maito, também da Cane. A escolha é proposital; é uma forma de mostrar às crianças que qualquer pessoa saudável ou considerada “normal” pode necessitar de algum atendimento especial, de uma hora para a outra.
Não só pode como acontece. No ano passado, uma aluna viveu o mesmo enredo de Nina, na Escola Municipal Jardim Europa, no Xaxim. Após o tratamento para leucemia, a garota passou para o atendimento domiciliar, mas na hora de retornar para a aula, surgiu o receio de com os outros iam encará-la“carequinha e mais inchada [por causa dos medicamentos]”, conta Viviane. No fim das contas, ela ganhou uma festa na volta às aulas; e os coleguinhas já estavam preparados para recebê-la com “uma convivência saudável, atitudes positivas”.

Em casa

O projeto “Bullying Não é Brincadeira” trabalha com um material específico, o acompanhamento por parte da Secretaria de Educação e com a adaptação do conteúdo à realidade local, como atividades das escolas. O kit contém cinco bonecos, uma cartilha com as histórias de vida de cada personagem e um folder explicativo, que busca orientar os pais.
A ideia é que os alunos se revezem para levar a pasta com o material completo para casa. A função é dupla; a primeira é que mães e pais tenham a chance de trabalhar a temática do bullying com os filhos. A segunda é função é que os próprios adultos se eduquem para o respeito ao próximo.

A família cresceu

No Capão da Imbuia, a família anti-bullying cresceu. Na Escola Municipal Eneas Marques, a turminha de Teco e Lisa ganhou um amigo “gordinho”, outro ruivo e ainda um terceiro com síndrome de down. Assim como os originais, os personagens novos têm seus próprios bonequinhos.
No Bairro Alto, a turma foi parar nos muros da Escola Municipal Araucária. Já a turminha da Nossa Senhora da Luz, na CIC, montou um coral contra o bullying; e os alunos da Professor Ulisses Falcão Vieira, no Campo Comprido, montaram um teatro, em que “rebobinavam” a cena em que a turma tirava sarro do coleguinha atrasada e a reencenavam, dessa vez sem bullying.
Cada escola faz e deve fazer suas adaptações. De todos os personagens, uma curiosidade. É Lilo, o garoto com autismo, o que faz o maior sucesso. “Nas escolas que eu visitei, nos desenhos e projetos expostos na parede, sempre tinha as atividades voltadas ao público autista, e sempre o desenho dele”, conta Elda Bisso, coordenadora da Cane.

Nem tudo é bullying

O termo “bullying” está na moda. Mas é preciso cuidado para não banalizá-lo: o uso correto do termo permite que soluções que vão direto ao ponto.
Para identificá-lo, são três critérios básicos: intencionalidade, agressividade e frequência. O bullyingtem intenção de atingir, ofender; é sempre acompanhado de algum tipo de violência (física ou verbal); e se repete com frequência, não acontece apenas uma vez.
Já a vítima é aquele aluno que vai ficando amuado, com medo ou sem vontade de ir para a escola, de interagir com os alunos.
Co-autora do livro “Preconceito & Repetição: diferentes maneiras de entender o bullying”, a psicóloga Raquel Kampf explica: “O bullying não é um fenômeno do indivíduo, ele está localizado dentro de uma sociedade. A intervenção não deve ocorre só quando algo já aconteceu, mas ser um trabalho de prevenção com os profissionais que compõe este ambiente, que exista um espaço na escola onde essas questões possam ser discutidas.”
Para os pais, ela dá a dica: é preciso estar aberto ao diálogo. Em especial com os filhos adolescentes, que precisam se sentir respeitados para aprender a respeitar o colega.
A conversa, aliás, é a melhor prevenção. Uma vítima do bullying que tenha um espaço de fala vai poder denunciar aquela agressão aos adultos responsáveis. O mesmo vale para quem observa a violência acontecer. Esta conscientização dos alunos é importante, em especial porque ele muitas vezes acontece fora da sala de aula. Por isso, também é importante que os outros profissionais que estão no ambiente escolar, de zeladores a inspetoras, tenham formação sobre o tema.
http://www.gazetadopovo.com.br/educacao/alunos-se-vacinam-contra-obullying-btrdnxf884olmpk6b9cxjdycd