domingo, 31 de março de 2013

Pessoal olhem contribuições de Luciana Zaidan do face.Deixem a sua também!!!

Amigos (as),
Ultimamente tenho percebido na mídia, nas redes sociais... situações tão complicadas e tristes, todas envolvendo a "Intolerância"... a diversidade, diferentes formas... Fico incomodada com algumas situações que em pleno século XXI ainda ocorrem. Fico refletindo: Por que incomoda tanto? Por que não há respeito? 
Hoje lendo uma notícia sobre a intolerância religiosa em relação a uma questão indígena, sendo um feriado religioso para os cristãos...  pensei, vamos aproveitar e refletir um pouco que a boa convivência entre as pessoas de diferenças crenças se fundamenta na alteridade, respeito e no diálogo inter-religioso. 
Diversidade de opiniões, religiões, valores, comportamentos, orientação sexual... Respeito em primeiro lugar.
Amigos (as),
Ultimamente tenho percebido na mídia, nas redes sociais... situações tão complicadas e tristes, todas envolvendo a "Intolerância"... a diversidade, diferentes formas... Fico incomodada com algumas situações que em pleno século XXI ainda ocorrem. Fico refletindo: Por que incomoda tanto? Por que não há respeito?
Hoje lendo uma notícia sobre a intolerância religiosa em relação a uma questão indígena, sendo um feriado religioso para os cristãos... pensei, vamos aproveitar e refletir um pouco que a boa convivência entre as pessoas de diferenças crenças se fundamenta na alteridade, respeito e no diálogo inter-religioso.
Diversidade de opiniões, religiões, valores, comportamentos, orientação sexual... Respeito em primeiro lugar.

E como diria uma pessoa na qual sou fã ,na sua simplicidade e sabedoria de viver!


O verdadeiro sentido da Páscoa no Cristianismo católico


Dia da deusa Eostre e o Peessach

Os antigos povos nórdicos comemoravam o festival de Eostre no dia 30 de Março. Eostre ou Ostera (no alemão mais antigo) significa “a Deusa da Aurora”. É uma deusa anglo-saxã, teutônica, da primavera, da ressurreição e do renascimento. Ela deu nome ao Sabbat pagão, que celebra o renascimento, chamado de Ostara.

Posteriormente, a igreja católica acabou substituindo as festividades pagãs de Ostara pela páscoa, não sem absorver muitos de seus costumes, inclusive os ovos e o coelhinho da páscoa. Podemos perceber isso pelo próprio nome da páscoa em inglês, Easter, muito semelhante a Eostre.

Uma das principais tradições dessa festividade é a decoração de ovos. O ovo representa a fertilidade da deusa. Outra tradição muito antiga é a de esconder os ovos e depois achá-los. Talvez veio daí o costume dos Norte-americanos de esconderem os ovos de chocolate no dia da Páscoa para que as crianças os achem.



A verdadeira História da Páscoa: Muito antes de ser considerada a festa da ressurreição de Cristo, a Páscoa anunciava o fim do inverno e a chegada da primavera. A Páscoa sempre representou a passagem de um tempo de trevas para outro de luzes, isto muito antes de ser considerada uma das principais festas da cristandade. A palavra “páscoa” – do hebreu “peschad”, em grego “paskha” e latim “pache” – significa “passagem”, uma transição anunciada pelo equinócio de primavera (ou vernal), que no hemisfério norte ocorre a 20 ou 21 de março e, no sul, em 22 ou 23 de setembro.

A páscoa judaica (em hebraico פסח, ou seja, passagem) é o nome do sacríficio executado em 14 de Nissan segundo o calendário judaico e que precede a Festa dos Pães Ázimos (Chag haMatzot). Geralmente o nome Pessach é associado a esta festa também, que celebra e recorda a libertação do povo de Israel do Egito, conforme narrado no livro de Êxodo.

A festa cristã da Páscoa tem origem na festa judaica, mas tem um significado diferente. Enquanto para o Judaísmo, Pessach representa a libertação do povo de Israel no Egito, no Cristianismo a Páscoa representa a morte e ressurreição de Jesus (que supostamente aconteceu na Pessach) e de que a Páscoa Judaica é considerada prefiguração, pois em ambos os casos se celebra uma “libertação do povo de Deus”, a sua passagem da escravidão (do Egito/do pecado) para a liberdade.

De fato, para entender o significado da Páscoa cristã, é necessário voltar para a Idade Média e lembrar dos antigos povos pagãos europeus que, nesta época do ano, homenageavam Ostera, ou Esther – em inglês, Easter quer dizer Páscoa.

Ostera (ou Ostara) é a Deusa da Primavera, que segura um ovo em sua mão e observa um coelho, símbolo da fertilidade, pulando alegremente em redor de seus pés nus. A deusa e o ovo que carrega são símbolos da chegada de uma nova vida. Ostara equivale, na mitologia grega, a Deméter. Na mitologia romana, é Ceres.

Estes antigos povos pagãos comemoravam a chegada da primavera decorando ovos. O próprio costume de decorá-los para dar de presente na Páscoa surgiu na Inglaterra, no século X, durante o reinado de Eduardo I (900-924), o qual tinha o hábito de banhar ovos em ouro e ofertá-los para os seus amigos e aliados.

Por que o ovo de Páscoa?

O ovo é um destes símbolos que praticamente explica-se por si mesmo. Ele contém o germe, o fruto da vida, que representa o nascimento, o renascimento, a renovação e a criação cíclica. De um modo simples, podemos dizer que é o símbolo da vida.

Os celtas, gregos, egípcios, fenícios, chineses e muitas outras civilizações acreditavam que o mundo havia nascido de um ovo. Na maioria das tradições, este “ovo cósmico” aparece depois de um período de caos.

Na Índia, por exemplo, acredita-se que uma gansa de nome Hamsa (um espírito considerado o “Sopro divino”), chocou o ovo cósmico na superfície de águas primordiais e, daí, dividido em duas partes, o ovo deu origem ao Céu e a Terra – simbolicamente é possível ver o Céu como a parte leve do ovo, a clara, e a Terra como outra mais densa, a gema.

O mito do ovo cósmico aparece também nas tradições chinesas. Antes do surgimento do mundo, quando tudo ainda era caos, um ovo semelhante ao de galinha se abriu e, de seus elementos pesados, surgiu a Terra (Yin) e, de sua parte leve e pura, nasceu o céu (Yang).

Para os celtas, o ovo cósmico é assimilado a um ovo de serpente. Para eles, o ovo contém a representação do Universo: a gema representa o globo terrestre, a clara o firmamento e a atmosfera, a casca equivale à esfera celeste e aos astros.

Na tradição cristã, o ovo aparece como uma renovação periódica da natureza. Trata-se do mito da criação cíclica. Em muitos países europeus, ainda hoje há a crença de que comer ovos no Domingo de Páscoa traz saúde e sorte durante todo o resto do ano. E mais: um ovo posto na sexta-feira santa afasta as doenças.

Por que o Coelho de Páscoa?

Coelhos não colocam ovos, isto é fato! A tradição do Coelho da Páscoa foi trazida à América por imigrantes alemães em meados de 1700. O coelhinho visitava as crianças, escondendo os ovos coloridos que elas teriam de encontrar na manhã de Páscoa.

Uma outra lenda conta que uma mulher pobre coloriu alguns ovos e os escondeu em um ninho para dá-los a seus filhos como presente de Páscoa. Quando as crianças descobriram o ninho, um grande coelho passou correndo. Espalhou-se então a história de que o coelho é que trouxe os ovos. A mais pura verdade, alguém duvida?

No antigo Egito, o coelho simbolizava o nascimento e a nova vida. Alguns povos da Antigüidade o consideravam o símbolo da Lua. É possível que ele se tenha tornado símbolo pascal devido ao fato de a Lua determinar a data da Páscoa.

Mas o certo mesmo é que a origem da imagem do coelho na Páscoa está na fertililidade que os coelhos possuem. Geram grandes ninhadas! Assim, os coelhos são vistos como símbolos de renovação e início de uma nova vida. Em união com o mito dos Ovos de Páscoa, o Coelho da Páscoa representa a renovação de uma vida que trará boas novas e novos e melhores dias, segundo as tradições.

Outros símbolos da Páscoa

O cordeiro é um dos principais símbolos de Jesus Cristo, já que é considerado como tendo sido um sacrifício em favor do seu rebanho. Segundo o Novo Testamento, Jesus Cristo é “sacrificado” durante a Páscoa (judaica, obviamente). Isso pode ser visto como uma profecia de João Batista, no Evangelho segundo João no capítulo 1, versículo 29: “Eis o Cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado do mundo”.

Paulo de Tarso (na primeira epístola a Coríntio no capítulo 5, versículo 7) diz: “Purificai-vos do velho fermento, para que sejais massa nova, porque sois pães ázimos, porquanto Cristo, nossa Páscoa, foi imolado.“

Jesus, desse modo, é tido pelos cristãos como o Cordeiro de Deus (em latim: Agnus Dei) que supostamente fora imolado para salvação e libertação de todos do pecado. Para isso, Deus teria designado sua morte exatamente no dia da Páscoa judaica para criar o paralelo entre a aliança antiga, no sangue do cordeiro imolado, e a nova aliança, no sangue do próprio Jesus imolado. Assim, a partir daquela data, o Pecado Original tecnicamente deixara de existir.

A Cruz também é tida como um símbolo pascal. Ela mistifica todo o significado da Páscoa, na ressurreição e também no sofrimento de Jesus. No Concílio de Nicea em 325 d.C, Constantino decretou a cruz como símbolo oficial do cristianismo. Então, ela não somente é um símbolo da Páscoa, mas o símbolo primordial da fé católica.

O pão e o vinho simbolizam a vida eterna, o corpo e o sangue de Jesus, oferecido aos seus discípulos, conforme é dito no capítulo 26 do Evangelho segundo Mateus, nos versículos 26 a 28: “Durante a refeição, Jesus tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai e comei, isto é meu corpo. Tomou depois o cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: Bebei dele todos, porque isto é meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado por muitos homens em remissão dos pecados.“

Por que a Páscoa nunca cai no mesmo dia todos os anos?
O dia da Páscoa é o primeiro domingo depois da Lua Cheia que ocorre no dia ou depois de 21 março (a data do equinócio). Entretanto, a data da Lua Cheia não é a real, mas a definida nas Tabelas Eclesiásticas. (A igreja, para obter consistência na data da Páscoa decidiu, no Concílio de Nicea em 325 d.C, definir a Páscoa relacionada a uma Lua imaginária – conhecida como a “lua eclesiástica”).

A Quarta-Feira de Cinzas ocorre 46 dias antes da Páscoa, e portanto a Terça-Feira de Carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa. Esse é o período da quaresma, que começa na quarta-feira de cinzas.

Com esta definição, a data da Páscoa pode ser determinada sem grande conhecimento astronômico. Mas a seqüência de datas varia de ano para ano, sendo no mínimo em 22 de março e no máximo em 24 de abril, transformando a Páscoa numa festa “móvel”. De fato, a seqüência exata de datas da Páscoa repete-se aproximadamente em 5.700.000 anos no nosso calendário Gregoriano.

Tabela com as datas da Páscoa até 2020
2000: 23 de Abril (Igrejas Ocidentais); 30 de Abril (Igrejas Orientais)
2001: 15 de Abril
2002: 31 de Março (Igrejas Ocidentais); 5 de Maio (Igrejas Orientais)
2003: 20 de Abril (Igrejas Ocidentais); 27 de Abril (Igrejas Orientais)
2004: 11 de Abril
2005: 27 de Março (Igrejas Ocidentais); 1 de Maio (Igrejas Orientais)
2006: 16 de Abril (Igrejas Ocidentais); 23 de Abril (Igrejas Orientais)
2007: 8 de Abril
2008: 23 de Março (Igrejas Ocidentais); 27 de Abril (Igrejas Orientais)
2009: 12 de Abril (Igrejas Ocidentais); 19 de Abril (Igrejas Orientais)
2010: 4 de Abril
2011: 24 de Abril
2012: 8 de Abril (Igrejas Ocidentais); 15 de Abril (Igrejas Orientais)
2013: 31 de Março (Igrejas Ocidentais); 5 de Maio (Igrejas Orientais)
2014: 20 de Abril
2015: 5 de Abril (Igrejas Ocidentais); 12 de Abril (Igrejas Orientais)
2016: 27 de Março (Igrejas Ocidentais); 1 de Maio (Igrejas Orientais)
2017: 16 de Abril
2018: 1 de Abril (Igrejas Ocidentais); 8 de Abril (Igrejas Orientais)
2019: 21 de Abril (Igrejas Ocidentais); 28 de Abril (Igrejas Orientais)
2020: 12 de Abril (Igrejas Ocidentais); 19 de Abril (Igrejas Orientais)
No final das contas, a páscoa é mais um rito de povos antigos, assimilado pela Igreja Cristã de modo a impor sua influência. Substituindo venerações à natureza (como no caso da Lua ou do Equinócio, tipicamente pagãs) por uma outra figura da mitologia, tomando os siginificados do judaísmo, os símbolos celtas e fenícios, remodelando mediante os Evangelhos e dando uma decoração final, criou-se um “ritual colcha de retalhos”.http://ceticismo.net/religiao/a-verdadeira-historia-da-pascoa/


sábado, 30 de março de 2013

A história da diáspora judaica


A história da diáspora judaica


A história da diáspora judaica se deu por razões que ameaçavam a existência do povo judeu: perseguições, guerras, preconceitos. O que os levou, em diversos momentos, a buscarem melhores condições de sobrevivência em novos lugares, dentre eles, o chamado Novo Mundo.
No Brasil temos o registro da presença dos judeus desde o século XVII, e especificamente no Paraná os primeiros judeus chegaram por volta de 1880. Segundo pesquisas, eles eram oriundos da Galícia Austríaca, com cinco homens e três mulheres da família Flacks, e dois irmãos da família Rosenmann. Eles se estabeleceram na recém criada colônia agrícola de Tomás Coelho, hoje Barigui.
Ao se instalarem em solo paranaense, a semelhança do que ocorreu no restante do Brasil, os judeus se dedicaram às atividades comerciais, vendendo principalmente produtos agrícolas, em especial os cereais, o que facilitou a relação com os agricultores de Tomás Coelho. Os Flacks e os Rosenmann uniram-se e organizaram um armazém de secos e molhados, onde comercializavam os gêneros agrícolas dos camponeses.
Ao deixar a colônia de Tomás Coelho, apenas Max Rosenmann foi para o centro urbano da cidade de Curitiba. Os Flacks retornaram à Europa a fim de casarem seus filhos com pessoas da comunidade judaica, para que assim garantissem a continuidade de suas tradições. Rosenmann instalou, no centro de Curitiba, um moinho a vapor, e, com o passar dos anos, foi se estabelecendo, tornando-se um líder da pequena comunidade que já se formava. Passou a exercer um papel de elemento congregador, que buscava preservar a identidade do grupo, organizando as principais cerimônias do rito religioso judaico, como o Shabat (dia do descanso para os judeus que se reúnem para rezar), o Sêder de Pêssach (cerimônia religiosa referente a páscoa judaica que relembra a saída do povo hebreu do Egito), o Yom Kipur (Dia do Perdão) e o Rosh Hashaná (ano novo judaico baseado no calendário lunar). Ele também se preocupava com os ritos referentes ao nascimento (Brit Milá, cerimônia de circuncisão da criança menino) e a morte (Chevra Kadisha, serviços funerários).
Pouco a pouco a comunidade foi crescendo, e havia a necessidade de se criar grupos de ajuda mútua para o auxílio aos refugiados de guerra na Europa e na integração dos novos imigrantes, que começavam a aportar em Curitiba. Assim, em 1917, surge um Comitê Feminino formado pelas esposas dos imigrantes pioneiros, que tinha como objetivo integrar os novos imigrantes que chegavam à cidade. Com o aumento desse grupo houve a tentativa de se criar, de maneira mais efetiva, uma Kehilá (comunidade), que pudesse congregar a todos. Tal tentativa culminou com a organização do Centro Israelita do Paraná, no ano de 1920. Em seguida, o esforço foi para adquirir uma propriedade onde pudessem construir uma sinagoga e também um Centro Cultural e Social, para preservar e difundir a tradição e a cultura judaica.
Após a criação do Centro Israelita, outras instituições foram organizadas, tendo em vista as necessidades desse grupo. Em 1925, através de uma doação, a comunidade estabeleceu o seu primeiro cemitério, no bairro Água Verde. Hoje a comunidade possui outros dois cemitérios, um no bairro Santa Cândida e outro no bairro Umbará. Em um segundo momento criou-se a escola israelita, com sede própria, sendo o terreno doado por um dos líderes da comunidade, Salomão Guelmann, no ano de 1935. A escola ganhou o nome do seu benfeitor e, inicialmente, localizava-se na Rua Lourenço Pinto, sendo transferida na década de 1970, para a sua sede atual, na Rua Nilo Peçanha. Com a escola tinha-se o objetivo de manter a educação, as tradições, os costumes e a cultura judaica, além da preocupação com o estudo da Torá (o Pentateuco ou os cinco primeiros livros da Bíblia), a literatura, principalmente em iídiche língua com elementos do alemão e do hebraico).
Com a nova sede da escola e do clube, nos anos de 1970, pôde-se organizar melhor a vida comunitária, e em 2009 a comunidade comemorou 120 anos no Paraná. Como parte dessa comemoração houve vários eventos, dentre eles, o concerto musical da cantora de origem judaica, Fortuna, e o Coro de Canto Gregoriano de São Paulo. A comunidade autorizou o projeto de uma nova Sinagoga, que fará parte do conjunto onde se localiza a escola e o Centro Israelita do Paraná (CIP). As cerimônias religiosas já estão ocorrendo nesse novo local, juntamente com as ações sociais e culturais.
Atualmente a Comunidade Judaica Paranaense conta com aproximadamente 1.000 famílias, que em sua maioria, vivem em Curitiba. No mês de setembro de 2011 foi inaugurada a nova Sinagoga Bet Yaacov, e em novembro será inaugurado o primeiro Museu da Shoa do Brasil.
Fonte: Instituto Cultural judaico Brasileiro “Bernardo Schulman” via http://www.oikehila.com.br/quem-somos/ 

O que é a dança segundo Muniz Sodré


compartilhando de Valéria Rosa Pinto

(...) a dança é um ponto comum entre todos os ritos de iniciação ou de transmissão do saber tradicional. Ela é manifestadamente pedagógica ou "filosófica", no sentido de que expōe ou comunica um saber ao qual devem estar sensíveis as gerações presentes e futuras. Incitando o corpo a vibrar ao ritmo do cosmos, provocando nele uma abertura para o advento da divindade (o êxtase), a dança enseja uma meditação, que implica ao mesmo tempo corpo e espírito, sobre o ser do grupo e do indivíduo, sobre arquiteturas essenciais da condição humana," Muniz Sodré

bay:http://www.facebook.com/giraflordc


sexta-feira, 29 de março de 2013

RITOS E CERIMONIAS PARTE I.Uma série de uma pesquisa do face.

APÓS LEITURA,APRECIAÇÃO,REFLEXÃO ENVIE RITOS E RITUAIS DE OUTRAS TRADIÇÕES RELIGIOSAS E SUAS  PRÁTICAS EM SALA DE AULA PARA COMPARTILHARMOS POR AQUI!!!

Bay:https://www.facebook.com/pages/Xamanismo/244725175635206


É fundamental nas práticas xamânicas, a criação de uma atmosfera sagrada que proporcione um estado de consciência para garantir a entrada numa determinada Rede de Poder, a Criação do Espaço Sagrado.

O estabelecimento de um momento mágico .

Para atingir seus objetivos, o xamã viaja por mundos invisíveis à realidade ordinária, recupera traços perdidos da alma de seus pacientes , conhece o funcionamento da energia universal, usa o poder das pedras e das plantas e dos animais, evoca espíritos ancestrais, utiliza instrumentos de poder, círculos, totens, danças, meditações, sacrifícios, etc.

Segundo Stephen Larsen, os mitos surgem dos rituais, ou estão nele encerrados. Os rituais são a materialização dos mitos. Se não temos consciência dos nossos mitos, estes podem transformar em rituais não deliberados.

Os rituais muito repetitivos tornam-se crenças míticas, ou as provocam, razão pela qual são usados para a perpetuação de sistemas religiosos.

Campbell escreveu : "Os mitos são o apoio mental dos ritos; estes, a representação física dos mitos. Ou seja, o ritual é uma forma de vivenciar o mito.

Nas sociedades tradicionais, a relação do mito com a vida é evidenciada por grupos. Do ventre ao túmulo, as fases interiores de maturação são marcadas por ritos correspondentes - entre os quais a puberdade, o casamento e o nascimento.

Nossos ancestrais conheciam as fases de desenvolvimento e os rituais necessários para criar uma estrutura mítica de transformações para a psique em crescimento.

Ritos, rituais, celebrações e cerimônias fazem parte da história humana desde os primórdios, e existem até hoje.

Através dos rituais, lidamos com o subconsciente ou inconsciente, e entramos em contato com realidades invisíveis, que não são acessadas através da mente ordinária.

Os rituais podem ser classificados bem amplamente : os rituais sazonais (assinalam acontecimentos especiais na Terra (solstícios e equinócios), de encenação (onde se adere um simbolismo específico de um m determinado grupo), de passagem, sociais, de libertação, de aperfeiçoamento (aperfeiçoamento do caráter), de cura, celebrações, louvores, etc.

Um ritual é composto por uma seqüência de palavras e atos que interligam os participantes com uma determinada rede de poder (egrégora). Nos rituais religiosos renova-se a aliança entre os homens e a Divindade. No seu propósito de auxiliar a concentração, a visualização e força do pensamento, onde é fundamental o estado mental e o conhecimento dos condutores.

RITOS E CERIMONIAS PARTE II



Quando os seres humanos realizam cerimoniais e rituais, em um grupo ou individualmente, há uma conexão feita com um campo antigo do consciência. Cria-se um espaço sagrado para a passagem de energia.

Através da consistência em acessar esses campos cada pessoa ou grupo transformam-se numa ponte entre o céu e a terra; o coração individual abre-se de modo a criar um ambiente para que todos os corações humanos abram e expandam.

Invocar e caminhar no sagrado é uma linguagem que transcende explicações e são compreendidas pelo coração.
Quando participamos de cerimônias, entramos num espaço sagrado . Tudo fora desse espaço desvanece-se na importância. Sentimos o tempo numa dimensão diferente. As emoções fluem mais livremente. Os corpos dos participantes abastecem-se de energia de vida, bênçãos chegam até eles, e os alcances desta energia para fora e preces a criação em torno deles. Tudo é envolto numa atmosfera sagrada. Percebemos que não há separação, e que o Eterno reside dentro de cada um de nós.
A maneira que vivemos nossas vidas, nossas rotinas diárias, podem se consideradas cerimônias : nos aniversários, casamentos, batismos, inaugurações, etc e rituais : nas ações repetitivas e eventos diários tais como : escovar os dentes, almoçar, pentear os cabelos, rezar, etc.

Povos de muitas culturas têm múltiplas maneiras para expressar o ritual e cerimônias através de costumes, trajes, danças, alimentos ou bebidas, instrumentos musicais, festivais e assim por diante.

Usando uma definição clássica de cerimônia : um ato ou uma série formal de atos prescritos por rituais, protocolos, convenções. Atividades formais conduzidas em alguma ocasião solene ou importante. Gestos coletivos formais.

Ritual : ordem das palavras e atos prescritos para uma cerimônia. Um ato ou uma série formal repetida de atos. Uma ação cerimonial. Um procedimento estabelecido para um rito religioso ou outro. Um sistema de ritos religiosos.

Desta forma, o ritual e a cerimônia são usados para servir, adorar, honrar ou imprimir a Deus, Deusas, Ser Supremo, Gurus, Santos, guias ou mestres para elogios, louvores, agradecimentos e suplicas.

cerimônias e e rituais estão expressos na arte, nos artefatos, e nas inscrições em rochas .

Amor - Paz e Luz !

Léo Artése

RITOS E CERIMONIAS PARTE III



Curvar-se, ajoelhar-se, gestos, posturas, sons vocais, cantos, movimentos do corpo, incenso, queima de ervas, tambores, flautas, sinos, símbolos, altares, os tambores são usados na chamada das Divindades, na elevação, para o auxílio em orações e em suplicas, etc.

Mesmo nas práticas mais simples (meditações, rezas,etc.) há ritual de como sentar ou posicionar as mãos, para dirigir os olhos e para respirar. Tudo é ritual. Tudo é parte de uma cerimônia.

Certamente não é o espírito divino que necessita de nossas suplicas de joelhos para que nossas preces sejam ouvidas, nem necessita de incenso. Deus não vai ser maior do que por nossas rezas. Fazemos isso é para nós mesmos e para os outros. Nós co-criamos nossas vidas através de nossas intenções.

Nós aprendemos que todas as coisas começam no plano etérico como uma idéia ou pensamento. Uma vez que o pensamento é carregado, move-se então para fora do mundo da matéria e se expressa em ação. Nós falamos nossa intenção. A intenção começa a manifestar-se para fora no mundo através do que pedimos nas preces.

A ação permite trazer nosso objetivo desejado na matéria até materializar-se. A arte da manifestação emerge primeiramente no pensamento e nele movimenta-se para fora no mundo da ação física no verbal. E assim é com arte, música, poesia, dança, trabalhos, corpo, roupa, alimento, doença, etc. -- todas as coisas. Como nós escolhemos nossas vidas , onde nós vamos, o que nós desejamos, o que nós tememos, e assim por diante, em toda a parte desta criação. Conceitualiza-se primeiramente em nossa imaginação e move-se para fora no mundo da matéria.

Com a cerimônia e ritual, nós podemos deixar de abrigar muitas armadilhas do ego ego, julgando vozes dentro de nós, abrindo-nos à rendição e a entrega. Nós cerimonialmente acendemos ritualmente velas, queimamos incenso, nos curvamos, cantamos, lemos escrituras, repetimos orações, canções, mantras, afirmações, para ajudar-nos repetidamente a superar nossos blocos (obstruções) do resíduo subconsciente.

Toda a religião, em algum momento, nos impele para deixar "o ego que sabe" que " e para nos religar a uma fonte ou uma sabedoria mais elevada, ajuda-nos superar nosso ser humano das limitações da mente ego". Assim nos benzemos com água sagrada, bebemos sacramentos, comemos o pão da vida, , recebemos perfurações, flagelações, isolamentos, renuncias, e, assim recebermos a divindade, a atenção de nosso Deus.

Alguns povos rendem-se a períodos longos de êxtase, ao dançar e cantar sob a manifestação de bebidas enteógenas para viajar no tempo e espaço, aos reinos profundos, e além da imaginação. Alguns cerimônias budistas são especialistas para criar êxtases, bem como as igrejas evangélicas.

O giro dos Sufis, como seus dervishes, produzem estados mais elevados de consciência. Em muitas religiões tais como Budismo, islamismo, Hinduismo, Zoroastrismo, Catolicismo, Candomblé, Umbanda, etc., uma canção, um nome, uma prece, um diálogo ou um mantra são repetidos para reorientar a mente inconsciente.

Há rituais para os mortos, para comemorar a passagem, para nascimentos, comemorar a vinda de idade, casar-se, saúde, exorcismo, para guerrear e matar.

Ao curvarmos-nos em reverencia a um altar que representa a divindade, o mestre, o Santo ou o guru de nossa paixão, isto ajuda ao "ego" a reconhecer algo maior do que ele próprio e ajuda-o abrir a nossa imaginação à possibilidade de receber a orientação da Fonte Divina.

Diz-se que Confúcio acreditou que seu país estava na deterioração moral por causa da falta do ritual religioso e pessoal.

O ritual foi inspirado "para preservar a harmonia" entre o céu e a terra. A cerimônia e ritual ajudam-nos a organizar e cristalizar nossos pensamentos, intenções, e foco.Nos extrai do mundo da matéria dando a expressão externa.

Quando nos unimos em cerimônia e ritual, a força da vida torna-se maior do que o nosso indivíduo, e tranqüiliza-nos ajudando a sentir que não estamos sozinhos, mas afirma que nós somos uma parte integral da Grande Teia da Vida.

A vida é ceremonia. . . a vida é ritual. . . a vida é uma dança
A língua secreta da alma: Uma guia visual ao mundo espiritual porJane. O trajeto do ritual, página 150. Pub.Chronicle Livro, 1997

AMOR - PAZ E LUZ !

LÉO ARTESE

RITOS E CERIMONIAS PARTE IV



Em Caos, Criatividade e o Retôrno do Sagrado, Ralph Abraham, Terence Mackena e Rupert Sheldrake, fazem algumas citações sobre rituais e cerimônias, que resumo abaixo :

A palavra mito vem de Mythos, que quer dizer "poema lírico" ou palavras de cânticos rituais.

Os mitos conquistaram o poder que ora desempenham em nossas vidas conscientes e inconsciente graças ao seu papel secundário nos rituais.

Os antigos rituais eram, efetivamente, meios de fazer com que as formas celestes descessem do nível da alma, atravessando o nível do espírito, e chegassem até o corpo.

Em nossa cultura, tendemos a nos mudar para cidades que afastam a natureza de nós. Em nosso ambiente mental, fazemos a mesma coisa.

A maioria das pessoas vive dentro de um conjunto muito convencionalizado de noções que se acham profundamente embutidas num conjunto maior de noções.

Quando nos dirigimos para as fronteiras físicas, como por exemplo, o deserto, a mata virgem e a natureza remota e selvagem, e qundo nos aproximamos das fronteiras mentais por intermédio da meditação, dos sonhos e das substâncias psicoativas, descobrimos na imaginação uma flora e uma fauna extremamente ricas.

Talvez uma percepção mais aguda do interface entre o consciente e o inconsciente, desenvolvida numa ocasião - através da experiência mística, das visões psicodélicas e das viagens xamânicas - revele reinos de experiência dos quais normalmente não estamos conscientes.

Podemos trazer ao consciente outros reinos de experiência por meio de práticas rituais, como, por exemplo, o ciclo anual de festivais encontrados em todas as religiões.

Por intermédio de práticas rituais que ainda se encontram em quase toda a parte, até no Ocidente - incluindo festivais judáicos, o calendário católico dos santos, e os festivias mais importantes, como a Páscoa e o Natal, diferentes dimensões são trazidas à percepção.

Xamanismo RITOS E CERIMONIAS PARTE V


https://www.facebook.com/pages/Xamanismo/244725175635206

Em "A Mitologia Pessoal", David Feinsten e Stanley Krippner, definem o ritual como um ato simbólico que celebra, reverencia ou comemora um evento ou processo na vida do indivíduo ou da comunidade. Os seres humanos são extraordináriamente flexíveis, e todas as sociedades criam rituais que expressam o desenvolvimento individual, proeza consequente na engenharia humana.
Traços de caráter que servissem às necessidades do clã eram encorajados, e as paixões individuais e aspirações espirituais direcionadas em benefício da comunidade.

Os rituais tendem a fortalecer a harmonia com os ritmos da natureza, estabelecer as tarefas da evolução individual ou comunitária ou a ligação com os aspectos do cosmos considerados sagrados ou divinos. Um ritual pode remontar a cem anos atrás ou ser elaborado numa ocasião contemporânea. Pode ser realizado regularmente, ocasionalmente ou numa única vez, bem como ser particular ou grupal.

Um exemplo de ritual particular : uma carta de adeus escrita e depois enterrada ou queimada acompanhada de um cerimonial. Rituais públicos costumam ser realizados de maneira determinada e seguindo uma certa ordem, tais como formatura, casamento ou funeral.

Podem ser conduzidos por uma família, um pequeno grupo ou uma comunidade inteira. Os rituais são acompanhados ou não de palavras, de música ou de técnicas de alteração da consciência, tais como a dança rodopiante dos dervixes suifis, as cerimônias com peiote dos nativos americanos ou o arrebatamento delirante de um concerto de rock.

Para Joseph Campbell, o ritual é a representação de um mito. o "Dictionary of Sacred Myth de Tom Chetwind, afirma : Os ritos expressam a experiência viva da alma coletiva transmitida de geração a geração.

Em "Cavalgando o Dragão" Roselle Angwin explica que a a raiz indo-européia da palavra "ritual" significa "reunir, juntar".

Os rituais servem a diversas finalidades, entre as quais estão : a representação de uma intenção, a livberação do inconsciente por meio do consciente e a comunicação através de gestos ou símbolos com o inconsciente e o supraconsciente.
RITOS E CERIMONIAS PARTE V

Em "A Mitologia Pessoal",  David Feinsten e Stanley Krippner, definem o ritual como um ato simbólico que celebra, reverencia ou comemora um evento ou processo na vida do indivíduo ou da comunidade. Os seres humanos são extraordináriamente flexíveis, e todas as sociedades criam rituais que expressam o desenvolvimento individual, proeza consequente na engenharia humana. 
Traços de caráter que servissem às necessidades do clã eram encorajados, e as paixões individuais e aspirações espirituais direcionadas em benefício da comunidade.
 
Os rituais tendem a fortalecer a harmonia com os ritmos da natureza, estabelecer as tarefas da evolução individual ou comunitária ou a ligação com os aspectos do cosmos considerados sagrados ou divinos. Um ritual pode remontar a cem anos atrás ou ser elaborado numa ocasião contemporânea. Pode ser realizado regularmente, ocasionalmente ou numa única vez, bem como ser particular ou grupal. 
 
Um exemplo de ritual particular : uma carta de adeus escrita e depois enterrada ou queimada acompanhada de um cerimonial.  Rituais públicos costumam ser realizados de maneira determinada e seguindo uma certa ordem, tais como formatura, casamento ou funeral. 
 
Podem ser conduzidos por uma família, um pequeno grupo ou uma comunidade inteira. Os rituais são acompanhados ou não de palavras, de música ou de técnicas de alteração da consciência, tais como a dança rodopiante dos dervixes suifis, as cerimônias com peiote dos nativos americanos ou o arrebatamento delirante de um concerto de rock.
 
Para Joseph Campbell, o ritual é a representação de um mito. o "Dictionary of Sacred Myth de Tom Chetwind, afirma : Os ritos expressam a experiência viva da alma coletiva transmitida de geração a geração. 
 
Em "Cavalgando o Dragão" Roselle Angwin explica que a a raiz indo-européia da palavra "ritual" significa "reunir, juntar". 
 
Os rituais servem a diversas finalidades, entre as quais estão : a representação de uma intenção, a livberação do inconsciente por meio do consciente e a comunicação através de gestos ou símbolos com o inconsciente e o supraconsciente.

Fórum Social Mundial começa hoje


bay:http://www.facebook.com/fonaper.ensinoreligioso

As atividades do 13º Fórum Social Mundial começam hoje (27) na capital da Tunísia. Nesta edição, são esperados 70 mil participantes, integrantes de movimentos sociais, sindicatos e associações de todo o mundo. Os debates vão até o dia 30 de março, quando será elaborada a carta de encerramento.

O fórum foi oficialmente aberto nessa terça-feira (26) com uma marcha no centro de Túnis. Nos próximos dias de evento, a organização estima 1.500 atividades, desde palestras a mesas-redondas. Para a manhã de hoje, estão previstas uma mensagem da organização do evento e dois debates sobre tecnologia, educação e ciência.

Entre as personalidades que devem participar do fórum estão o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e o cofundador do fórum, Francisco Whitaker. O Fórum Social Mundial surgiu em Porto Alegre em 2000, com a intenção de ser um contraponto às discussões do Fórum Econômico Mundial, que ocorre em Davos, na Suíça.

Depois de três edições na capital gaúcha, o evento passou pela Índia, Venezuela, pelo Quênia, Mali, Paquistão, Senegal e por Belém, no Pará. Em Túnis, a grande expectativa é que a Primavera Árabe seja um dos focos. A Tunísia foi o primeiro país a iniciar movimentos populares para a derrubada de regimes ditatoriais na região. Esses movimentos se espalharam para o Egito e a Síria e completam dois anos em 2013.

O fórum foi dividido em 11 eixos temáticos. Além dos movimentos populares no Oriente Médio, estão temas como a dignidade humana, o capitalismo, a soberania dos povos e o futuro dos movimentos sociais. A maior parte das atividades é organizada pelos próprios participantes. Com isso, o fórum não tem um cronograma rígido.

Conferencista convidado, Luciano Santos, do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, acredita que uma das maiores virtudes do fórum é a fórmula livre. “Sempre se discutem vários temas no fórum. E levar o fórum para outros países faz com que se traga novos temas para a discussão.” Na sexta-feira (29), Santos vai apresentar o projeto popular que levou à criação da Lei da Ficha Limpa, que mudou a legislação eleitoral brasileira. O movimento quer estimular a formação de uma rede de países com leis semelhantes à implantada no Brasil.

Além do fórum, os movimentos sociais aproveitam a mobilização para promover atividades paralelas, como o Fórum Mundial de Ciências e Democracia, o Fórum Mundial de Mídias Livres e o Fórum dos Economistas.

Fonte: IHU

Francisco de Assis e Francisco de Roma


Leonardo Boff


29/03/2013
Desde que  assumiu o nome de Francisco, o bispo de Roma eleito e, por isso,  Papa, faz-se inevitável a comparação entre os dois Franciscos, o de Assis e o de Roma. Ademais, o Francisco de Roma explicitamente se  remeteu ao Francisco de Assis. Evidentemente não se trata de mimetismo, mas de constatar pontos de inspiração que nos indicarão o estilo  que o Francisco de Roma quer conferir à direção da Igreja universal.
Há um ponto inegável comum: a crise da instituição eclesiástica. O jovem Francisco diz ter ouvido uma voz vinda do Crucifixo de São Damião que lhe dizia:”Francisco repara a minha Igreja porque está em ruinas”. Giotto o representou bem, mostrando Francisco suportando nos ombros o pesado edifício da Igreja.
Nós vivemos também grave crise por causa dos  escândalos, internos à própria instituição eclesiástica. Ouviu-se o clamor universal (“a voz do povo é a voz de Deus”): “reparem a Igreja que se encontra em ruinas em sua moralidade e em sua credibilidade”.  Foi então que se confiou a um cardeal da periferia do mundo,  Bergoglio, de Buenos Aires, a missão de, como Papa,  restaurar a Igreja à luz de Francisco de Assis.
No tempo de São Francisco de Assis triunfava o Papa Inoccêncio III (1198-1216) que se apresentava como “representante de Cristo”. Com ele se alcançou o supremo grau de secularização da instituição eclesiástica com interesses explícitos de “dominium mundi”, da dominação do mundo. Efetivamente, por um momento, praticamente, toda a Europa até a Rússia estava submetida ao Papa. Vivia-se na maior pompa e glória. Em 1210, sob muitas dúvidas, Inocêncio III reconheceu o caminho de pobreza de Francisco de Assis. A crise era teológica: uma Igreja-Império temporal e sacral contradizia tudo o que Jesus queria.
Francisco viveu a antítese do projeto imperial de Igreja. Ao evangelho do poder, apresentou o poder do evangelho: no despojamento total, na pobreza radical e na extrema simplicidade. Não se situou no quadro clerical nem monacal, mas como leigo se orientou pelo evangelho vivido ao pé da letra nas periferias das cidades, onde estão os pobres e hansenianos e no meio da natureza,  vivendo uma irmandade cósmica com todos os seres. Da periferia falou para o centro, pedindo conversão. Sem fazer uma crítica explícita, iniciou uma grande reforma a partir de baixo mas sem romper  com Roma. Encontramo-nos face a um gênio cristão de sedutora humanidade e de   fascinante ternura e cuidado pondo a descoberto o melhor de nossa humanidade.
Estimo que esta estratégia deve ter impressionado a Francisco de Roma. Há que reformar a Cúria e os hábitos clericais e palacianos de todas a Igreja. Mas não se precisa criar uma ruptura que dilacerará o corpo da cristandade.
Outro ponto que seguramente terá inspirado a Francisco de Roma: a centralidade que Francisco de Assis conferiu aos pobres. Não organizou nenhuma obrapara os pobres, mas viveu com os pobres e como os pobres. O Francisco de Roma, desde que o conhecemos, vive repetindo: o problema dos pobres não se resolve sem a participação dos pobres, não pela filantropia mas pela justiça social. Esta diminui as desigualdades que castigam a América Latina e, em geral, o mundo inteiro.
O terceiro ponto de inspiração é de grande atualidade: como nos relacionar com a Mãe Terra e com os bens e serviços escassos? Na fala inaugural de sua entronização, Francisco de Roma usou mais de 8 vezes a palavra cuidado. É a ética do cuidado, como eu mesmo tenho insistido fortemente em vários escritos a que vai salvar a vida humana e garantir a vitalidade dos ecossistemas. Francisco de Assis, patrono da ecologia, será o paradigma de uma relação respeitosa e fraterna para com todos os seres, não em cima mas ao pé da natureza.
Francisco de Assis entreteve com Clara uma relação de grande amizade e de verdadeiro amor. Exaltou a mulher e as virtudes considerando-as “damas”. Oxalá inspire a Francisco de Roma uma relação para com as mulheres, a maioria da Igreja, não só de respeito, mas de valorização de seu protagonismo, na tomada de decisões sobre os caminhos da fé e da espiritualidade no novo milênio. É uma questão de justiça.
Por fim, Francisco de Assis é, segundo o filósofo Max Scheler, o protótipo ociental da razão cordial e emocional. É ela que nos faz sensíveis à paixão dos sofredores e aos gritos da Terra. Francisco de Roma, à diferença de Bento XVI, expressão da razão intelectual,  é um claro exemplo da inteligência cordial que ama o povo, abraça as pessoas, beija as crianças e olha amorosamente para as multidões. Se  a razão moderna não se amalgamar à sensibilidade do coração, dificilmente seremos levados a cuidar da Casa Comum, dos filhos e filhas deserdados e alimentar  a convicção bem franciscana de que abraçando afetuosamente o mundo, estaremos abraçando a Deus.

Leonardo Boff é autor de Francisco de Assis: ternura e vigor, Vozes  1999.

Excelente feriado a todos. Muita paz e muita luz !



Para os espíritas a Páscoa, como qualquer outro período do ano, deve ser um momento de reflexão, estudos e reafirmação do compromisso com os ensinamentos do Mestre, a fim de que cada um realize dentro de si, e no meio em que vive, o reino de paz e amor que Ele exemplificou.
https://www.facebook.com/irmaosdanovaeraespirita

terça-feira, 26 de março de 2013

REFLEXÕES TEÓRICAS EXTRAÍDAS DO LIVRO: SCHLÖGL, Emerli. Ensino Religioso


Perspectivas para as séries finais do Ensino Fundamental e para o Ensino Médio. Ibepex: Curitiba, 2009.

Paradigmas educacionais

Do médico grego Galeno até hoje, muita coisa mudou. Pelas descobertas de Dr. Harvey* (em 1616), sabemos que o nosso sangue se movimenta de maneira circular, graças ao batimento cardíaco. Até então, tínhamos a ideia oriunda de Galeno, de que o sangue não circulava, todo o sangue era consumido pelo corpo, jamais voltando à sua fonte. Os padres medievais decretaram que somente Deus podia conhecer o funcionamento do coração, a dissecação de cadáveres era proibida. Mas, foi também a partir de Harvey que se fixou a estranha ideia de corpo como máquina. A princípio, essa deveria ser apenas uma metáfora, mas, como tantas outras metáforas, transformou-se em uma verdade inquestionável. Pensamos em corpo como máquina, universo como máquina, e chegamos a sonhar que o nosso intelecto, nossa racionalidade, pudesse alcançar a perfeição, desvendando e dominando a natureza. Arte e espiritualidade foram desprezadas, pois não se moldavam aos padrões rígidos do intelecto mecanicista de então.
Não apenas nosso corpo foi visto como máquina, mas também a educação fixou moldes que se assemelham às fábricas. Ela também reproduziu o conceito de máquina no processo chamado ensino-aprendizagem, com normas fixas que não levam em conta especificidades individuais: as filas de entrada e saída, a hora do lanche coletivo, os sistemas rígidos de avaliação, etc. A inflexibilidade dos métodos é outra característica marcante do pensamento cartesiano. Ainda hoje, ouvimos nas escolas sirenes (como nas fábricas), que soam desagradável e ensurdecedoramente.

 Escola Tradicional

Pensando em máquinas, o importante seria o seu funcionamento. Levar em conta aspectos tal como satisfação, seria um luxo desnecessário. Na educação tradicional, que se estabelece no Brasil desde a primeira escola,, por volta de 1594, fundamentada em conceitos mecanicistas, o professor devia “colocar” o conhecimento pronto dentro da cabeça de seu aluno. O aluno (máquina cerebral) deveria reproduzir o aprendido, quanto mais completa e perfeita essa reprodução, melhor.
Segundo Mizukami (1986), “O ensino, em todas as suas formas, nessa abordagem, será centrado no professor. Esse tipo de ensino volta-se para o que é externo ao aluno: o programa, as disciplinas, o professor. O aluno apenas executa prescrições que lhe são fixadas por autoridades exteriores.” (p. 9).  
Behrens (2000b) traça, como característica importante da abordagem tradicional, a escola como sendo o lugar privilegiado da educação e a única fonte de saber, onde disciplina e ambiente combinam-se no que se refere à austeridade. O professor, nessa abordagem, é aquele que detém todo o saber e que transmite aos seus alunos aquilo que eles deverão reproduzir fielmente. O silêncio é valorizado e cabe ao professor instituí-lo em sala de aula. O aluno permanece receptivo e passivo, é aquele a quem cabe realizar as tarefas, sem questionamentos e sem espaço para sua criatividade. Tem as funções de copiar e, desta forma, assimilar os conteúdos. A metodologia se fundamenta em aulas teóricas, expositivas. A ênfase ao ensinar pode se desvincular do aprender, essa metodologia segue os ditames da lógica, sequenciação e ordenação de conteúdos. A avaliação, geralmente bimestral, valora aquilo que o aluno conseguiu memorizar, e a memorização se demonstra através da repetição das respostas prontas.

Escola Nova

Já o movimento da Escola Nova, que no Brasil se iniciou na década de 1930, aconteceu no governo de Getúlio Vargas e teve em Anísio Teixeira um representante de destaque. Ele traduziu alguns textos de John Dewey, a fim de iniciar uma reflexão no campo da educação brasileira. Essa escola privilegiava, como comenta Pagni (citado por Monarcha 2001), “o foco do interesse dos alunos em detrimento da autoridade exercida pelo professor” (p. 163). E Pagni explica que

Na interpretação de Anísio Teixeira, a Teoria da Educação de Dewey não seria simplesmente uma crítica à “organização didática” da “escola tradicional”, mas uma crítica filosófica às idéias e às doutrinas pedagógicas, que se assentaram nas teorias da educação convencionais, assim como a formulação de uma Filosofia da Educação a partir do conceito de experiência e de seu vínculo com a educação. Dessa Filosofia da Educação Anísio extraiu as diretrizes para a organização escolar e, principalmente, para a prática pedagógica postuladas por Dewey e apresentadas como uma das alternativas no interior do movimento da Escola Nova, desenvolvido no Brasil. (p. 163)

De acordo com Behrens (2000b), a escola nesse paradigma se diferencia da escola tradicional, pois passa a se centrar no aluno. A formação para a democracia interessava então à escola e se buscava proporcionar experiências diversas para que o aluno pudesse realizar a sua aprendizagem por meio de suas experiências. A escola também privilegiava a realização pessoal do aluno e o autodesenvolvimento. O professor é o facilitador da aprendizagem, não mais um impositor do saber, e sabe se relacionar positiva e democraticamente com seus alunos, sendo um orientador e não um dirigente autoritário. Ele organiza e coordena atividades que são estabelecidas face a um planejamento em conjunto com seus alunos.
Para esse professor, é importante levar em consideração a valorização das diferenças individuais e da autonomia, tanto do professor como dos alunos. O aluno é a figura mais importante desse processo, englobando a sua dimensão psicológica, que lhe confere certa peculiaridade. É visto como sujeito ativo, com iniciativa, e aprende resolvendo problemas. A metodologia valoriza as unidades de experiência, atividades livres onde cada aluno é respeitado em seu ritmo próprio. A avaliação valoriza a autoavaliação, fazendo com que o aluno também seja responsável pelo seu processo de aprendizagem.

 Escola Tecnicista

O paradigma da Escola Tecnicista se estabelece no Brasil no período da ditadura militar (1964). Esta tendência segue o modelo americano e prioriza o empirismo. Foi influenciada por comportamentalistas e behavioristas, bem como pelo positivismo lógico. Mizukami (1986) dirá que:

Para os positivistas lógicos, enquadrados nesse tipo de abordagem, o conhecimento consiste na forma de se ordenar as experiências e os eventos do universo, colocando-os em códigos simbólicos. Para os comportamentalistas, a ciência consiste numa tentativa de descobrir a ordem na natureza e nos eventos. Pretendem demonstrar que certos acontecimentos se relacionam sucessivamente uns com os outros. Tanto a ciência quanto o comportamento são considerados, principalmente, como uma forma de conhecer os eventos, o que torna possível a sua utilização e o seu controle. (p. 19-20)

A educação teria, nesse paradigma, o dever de transmitir conhecimentos e comportamentos éticos. Tudo isso baseado em controle social. Percebe-se que a escola é um lugar privilegiado de controle e pode produzir mudanças em seus alunos, mudanças estas desejáveis pelo sistema escolar. O comportamento é moldado, sem a participação dos alunos nas decisões curriculares. A escola controla os comportamentos, a fim de fixar aqueles que acredita convenientes, atendendo, assim, aos objetivos da sociedade. A esse respeito, Behrens (2000b) afirma que:

O sistema capitalista exige uma escola que articule a formação do aluno para o sistema produtivo. Na realidade, a tendência tecnicista procurou transpor para a escola a forma de funcionamento da fábrica, perdendo de vista a especificidade da educação. (p. 52)

Segundo Mizukami, o professor, nessa abordagem, planeja e desenvolve o processo de ensino-aprendizagem, a fim de que o desempenho do aluno seja maximizado, levando em conta a economia do fator tempo, dos esforços e dos custos.
Conforme Bherens, o professor, seguindo a teoria comportamental*, é aquele que estimula e reforça os procedimentos e aprendizados corretos. Ele analisa as contingências de reforço a fim de que a aprendizagem se estabeleça.
O aluno é aquele que observa e aguarda para agir, todo o seu comportamento é determinado, não lhe restando espaço para a livre expressão. Ele é, ao mesmo tempo, estimulado e reforçado em suas respostas corretas. Por meio do reforço se pretende fixar um aprendizado. Do aluno não se espera participação crítica, mas sim a capacidade de seguir passo a passo ordens previamente estabelecidas.
Para Behrens, a metodologia se assenta em modelos que são seguidos com a finalidade de controlar os comportamentos. Utiliza-se a repetição para favorecer a assimilação. Cópias e premiações fazem parte dos procedimentos metodológicos dessa abordagem. A ênfase maior está na resposta correta, o erro deve ser punido, e ao aluno só é dada a liberdade de realizar perguntas pertinentes ao conteúdo exposto. Na organização curricular, primeiro se oferecem as disciplinas teóricas e depois as práticas, o que leva a uma dicotomização entre teoria e prática. Uma marca relevante dessa abordagem foi a organização do planejamento de aulas em: objetivos, conteúdo, procedimentos, recursos e avaliação.
A avaliação está centrada no produto, busca-se constatar se o aluno atingiu os objetivos:

O processo avaliativo acontece em dois momentos; no primeiro, a avaliação prévia com a finalidade de estabelecer pré-requisitos para alcançar os objetivos. No segundo, a avaliação dos alunos relativa ou que se propôs nos objetivos instrucionais ou operacionais. Portanto, a ênfase é no produto, e a preocupação é se o aluno alcançou ou não os objetivos propostos.(BEHRENS, 2000b, 55)

A memória, nesse modelo, é condição básica de aprendizagem, pois dela o aluno vai depender quando estiver sendo avaliado.

 Paradigmas Inovadores

Os Paradigmas Inovadores levam em consideração que cada indivíduo é um organismo vivo, inteiro, diverso e particular, que precisa ser educado não para repetir fórmulas, mas para ser cada vez mais sensível, crítico e atuante. O discurso do intelecto era evidenciado no paradigma tradicional. O corpo era condicionado ao mais absoluto silêncio, à mais absoluta imobilidade. Enfim, aprisionar o corpo, colocar suas mensagens fora do alcance do próprio eu, privar o indivíduo de si mesmo, foi uma maneira de educar nos moldes cartesianos, buscando uma sociedade que poderia ser regulada conforme leis rígidas e determinantes.
Representando os paradigmas inovadores temos a abordagem holística – também conhecida como sistêmica ou da complexidade –, a abordagem libertadora, tendo como principal expoente Paulo Freire, e a abordagem do ensino por pesquisa.
A Visão Sistêmica surge como um retorno à visão orgânica de mundo, mas dessa vez ampliada pela ciência.
Muitos cientistas contribuíram significativamente para na elaboração e/ou refutação de teorias compondo este novo paradigma, entre eles: Einstein, Stanislau Grof, Capra, Heisenberg e outros. O modelo proposto pela visão mecanicista não explicava satisfatoriamente vários fenômenos pós-modernos. Com isso, estudiosos da Física, da Psicologia, da Educação e da Filosofia buscaram novas maneiras de explicá-los. Isso gerou uma nova visão de mundo e uma mudança de paradigma.
De acordo com o Currículo básico para a educação pública do Estado do Paraná (1992) formulado pela ASSINTEC (Associação Inter-Religiosa de Educação) e destinada ao Ensino Religioso Escolar,

Na visão sistêmica, o universo deixa de ser visto como uma máquina, composta de uma profusão de objetos distintos, para apresentar-se como um todo harmonioso e indivisível, onde há uma interdependência e uma inter-relação entre tudo o que existe. Todas as coisas são encaradas como inseparáveis do todo cósmico, como manifestações diversas da mesma realidade essencial. A natureza é vista como um organismo vivo, dinâmico, capaz de reagir com uma linguagem própria às manipulações humanas, acionando seus mecanismos de defesa e de sobrevivência. O homem não é o centro do cosmos. Não existe centro e sim sistemas interligados, interdependentes, nem melhores ou piores, apenas diferentes, com maior ou menor grau de complexidade e dos quais o sistema Pessoa é um deles. A visão de pessoa, assim como a de mundo, é dinâmica e sofre alterações no curso da história. Dentro da visão sistêmica a pessoa é vista em sua totalidade, nas dimensões bio-física, sócio-política, psico-somática e espiritual-religiosa, que faz parte de um todo complexo com o qual procura harmonizar-se e inteirar-se, pois é um ser em relação, que está em constante crescimento. Cada pessoa é única e original. Nasce com as potencialidades, mas ao mesmo tempo é um projeto, um ser que se constrói à medida que se relaciona. É dotada de razão, intuição e vontade; tem fé, esperança, criatividade, sentimentos e sensibilidade. Possui necessidades físicas, sociais, éticas, estéticas, intelectuais, afetivas e religiosas. É criativa, é determinada pelas circunstâncias e ao mesmo tempo transformadora da realidade; faz cultura; tem capacidade de ação, avaliação e julgamento. Tem consciência de si, das realidades que a cercam e intui a existência do Transcendente, a partir destas realidades Na medida em que percebe o mundo como um sistema vivo, em constante evolução, sabe que depende do mundo e constata sua responsabilidade em preservá-lo. Concomitantemente, conscientiza-se da interdependência e inter-relação entre o micro e o macrocosmos. Busca a harmonia com o Cosmos. É parte de uma sociedade que está em constante transformação; tem uma unidade, mas ao mesmo tempo é pluralista; tem contrastes, contradições. Assim como recebe influências da sociedade, é capaz de assumir-se como sujeito da história e agente de transformação. (p. 18-19)

Na década de 1970, as mudanças pelas quais vinham passando a política, a sociedade, a religião e a própria educação, já apontavam para a necessidade de se encontrar um caminho que melhor respondesse aos anseios do povo.
Surge então a Pedagogia Progressista, que, segundo Libâneo (1986), se divide em Libertadora, Libertária (autogestão pedagógica) e Crítico-social dos Conteúdos (conteúdos em confronto com as realidades sociais).
A Pedagogia Libertadora, cujo grande expoente é Paulo Freire, tem a preocupação de ser instrumento que favorece as pessoas a se libertarem de todos os tipos de opressão. A educação passa a ser vista como ato político, na qual se educa para proporcionar maior conscientização dos aspectos individuais e sociais, e as lutas de classe são legitimadas enquanto meio de transformação social. Na visão de Freire (1992)

O problema fundamental, de natureza política e tocado por tintas ideológicas, é saber quem escolhe os conteúdos, a favor de quem e de que estará o seu ensino, contra quem, a favor de que, contra que. Qual o papel que cabe aos educandos na organização programática dos conteúdos; qual o papel, em níveis diferentes, daqueles e daquelas que, nas bases, cozinheiros, zeladores, vigias, se acham envolvidos na prática educativa na escola; qual o papel das famílias, das organizações sociais, da comunidade local?  (p. 110)

Freire trouxe à pauta a educação crítica e coerente, que interage no social sem, contanto, deixar de lado a amorosidade, tão vivida e falada por ele.
Na Abordagem sistêmica, a escola pretende formar o indivíduo que, além de ser profissional, também é sensível, humano, ético, e se percebe como ser harmonizado a uma rede cósmica de relações. A escola pretende superar os conceitos antigos de separatividade, substituindo-os por um repensar do universo como um todo, onde existe a unidade na diversidade. A escola também é o agente formal da escolaridade.
A escola deve se preocupar com o ambiente que seja mais adequado à educação, e isso implica em verificar e adaptar: a iluminação, a cor das paredes, os tetos, o mobiliário, a cor externa, o arejamento, bem como o conforto físico e o aspecto de mobilidade dos alunos, permitindo os trabalhos individuais e os trabalhos em equipe.
O professor, em sua prática pedagógica, trabalha sem perder de vista a totalidade, superando a visão fragmentada e a simples reprodução de conhecimentos. Não tem medo de buscar novas formas, novas metodologias que sejam significativas para seus alunos, que os instiguem no processo de aprendizado e não deixem de lado o éthos – os valores necessários para a construção de uma cultura de paz e integração. Os relacionamentos interpessoais são muito importantes, e o professor busca relacionar-se com seus alunos tendo em vista o respeito à alteridade.
Nessa abordagem, o aluno é aquele que participa ativamente da construção do processo da aquisição de seus conhecimentos, utilizando a dimensão racional de seu ser e também as dimensões sensíveis, emocionais e intuitivas. É um cidadão do mundo, complexo em meio a uma rede relações não menos complexas. Ele é um ser dotado de capacidades criativas e talentosas, apresentando autonomia no seu processo de aprender. Portanto, diz Behrens 2000b,

o aluno precisa ser considerado em suas inteligências múltiplas e pelos dois lados do cérebro, e este desafio instiga os professores a reconstruírem suas práticas educativas. Com a globalização, os pressupostos de informação foram ampliados, e os alunos podem acessar com independência o universo da rede de informação. Com satélites, a televisão a cabo e os computadores (internet, correio eletrônico, fax), os alunos adquiriram autonomia para produzir conhecimento. (p. 72-73)

A metodologia, sob essa perspectiva, é flexível e aberta e se preocupa com a evolução do aluno em suas múltiplas inteligências, valorizando sua capacidade de reflexão, ação, criatividade, interação com o mundo, consigo mesmo e com o outro. Há curiosidade unida a um espírito crítico, em que a preocupação do aluno com a qualidade de vida se estende para além de si mesmo, e também a sua incerteza, os questionamentos e a provisoriedade. O aluno aprende a decodificar e a recompor dados, informações e argumentos e a unificar a teoria com a prática, gerando a sua práxis. A metodologia holística considera o aluno um ser relacional, orientado em sua pesquisa pela tecnologia inovadora e pela busca constante de qualificar a vida em todas as suas formas.
A avaliação considera as inteligências múltiplas, respeitando os limites de cada um, e está a serviço da construção do conhecimento, não se pautando em ser um meio de punição. Assim, como afirma Behrens  2000b,

As avaliações realizadas durante o processo têm demonstrado que os resultados são mais significativos, pois permitem ao aluno perceber seu desenvolvimento durante o trabalho que está sendo realizado. O professor com uma visão sistêmica é capaz de perceber que o erro pode vir a ser um caminho do acerto. Desafia seu aluno a encontrar novas respostas, a pesquisar outras possibilidades, permitindo que os colegas possam compartilhar da problemática levantada e juntos, professores e alunos, possam construir novas soluções [...]. (p. 75)

Ainda segundo o mesmo autor (Behrens 2000b, a Escola progressista visa proporcionar uma educação na qual se possibilite a vivência no coletivo e o estabelecimento de um clima de troca, de diálogo, de inter-relação, de transformação, de enriquecimento mútuo, levando-se em conta a transitoriedade e indeterminação das teorias.  A sala de aula se apresenta como local de formulações de problemas, indagações, que visam favorecer a compreensão do real. Neste sentido, importa que os conteúdos conteúdos dialoguem com as realidades sociais. Os conteúdos são instrumentos politizadores. Nos dizeres de Freire (1996):

O professor é educador e também sujeito do processo, estabelece uma relação horizontal com os alunos, não é impositivo, e busca estar a serviço do aluno vendo-o como sujeito de seu processo. Estimula os trabalhos grupais e age como mediador entre o saber elaborado e o conhecimento a ser produzido. Sua liderança é exercida de acordo com sua competência e busca problematizar os conteúdos e não apenas dissertar sobre eles.
O aluno é um ser responsável e ativo, é aquele que constrói sua história, ele é dinâmico e co-responsável, partícipe de todo processo ensino-aprendizagem. Espera-se que seja estimulado a confiar em si mesmo para vivenciar a relação dialógica com o professor e com os colegas, a fim de que o conhecimento seja resultado da investigação e discussão coletiva. Por ser inconcluso, isto é inacabado, necessita educar-se permanentemente. “Na verdade o inacabamento do ser humano – a  sua inconclusão – é próprio da experiência vital. Onde há vida, há inacabamento. Mas só entre mulheres e homens o inacabamento se tornou consciente” (p. 55)

A metodologia do ensino se pauta no princípio de que este é um ato criador, crítico e não-mecânico, alicerçado em diferentes formas de diálogo e que contempla uma ação libertadora e democrática.
A prática pedagógica, com uma metodologia progressista, leva a uma formação do indivíduo como ser histórico e contempla uma abordagem dialética de ação-reflexão-ação. A tendência é ultrapassar o processo pedagógico que se reduz ao treinamento técnico, possibilitando uma ação integrada, calcada no diálogo e no trabalho coletivo. Ao optar por essa metodologia, o professor poderá lançar mão, no processo, de momentos expositivos em sala de aula.
Conforme atesta Behrens, a avaliação é contínua, processual e transformadora. Ela se dá em procedimentos individuais e coletivos, e também abarca a auto-avaliação e a avaliação grupal. O aluno participa com os professores da composição dos critérios para avaliação. São pilares sustentativos da avaliação: a exigência, a rigorosidade e a competência.. Todos são responsáveis pelo sucesso ou fracasso do grupo.
            O ensino por pesquisa estimula os professores e os alunos a desenvolverem aspectos de sua criatividade, com espírito crítico e reflexivo. Utiliza-se da tecnologia, para desenvolver as capacidades cognitivas e operativas, e também para formar o indivíduo em sua condição cidadã, ética e responsável.. Para tanto é importante elaborar e realizar projetos conjuntos que propiciem a produção do conhecimento, a reflexão e o compartilhar de idéias.
O professor é, juntamente com seus alunos, um pesquisador, ele instiga o aluno a “aprender a aprender”, a fim de, manejando princípios científicos, investigar os fenômenos do campo das religiões e, em posse desses conhecimentos, realizar suas leituras com postura ética, estabelecendo-se cotidianamente como cidadão criativo e autônomo.
A metodologia do paradigma do ensino pela pesquisa propõe que ensino e pesquisa sejam indissociáveis e que sejam condição básica da aprendizagem. Assim, a produção do conhecimento se fará de forma crítica e reflexiva, conduzindo o aluno à autonomia e desenvolvendo a sua capacidade de problematizar, investigar, estudar, refletir e sistematizar o conhecimento. Essa metodologia abarca a interdisciplinaridade.  Santomé (1998) acrescenta que

Também é preciso frisar que apostar na interdisciplinaridade significa defender um novo tipo de pessoa, mais aberta, flexível, solidária, democrática e crítica. O mundo atual precisa de pessoas com uma formação cada vez mais polivalente para enfrentar uma sociedade na qual a palavra mudança é um dos vocábulos mais freqüentes e onde o futuro tem um grau de imprevisibilidade como nunca em outra época da história da humanidade. (p. 45)

A avaliação no ensino por pesquisa, conforme Behrens é contínua, processual e participativa, nela professores e alunos sabem com clareza a problematização proposta, os procedimentos de investigação e também estão cientes dos resultados esperados e os métodos para obtê-los. O aluno é avaliado pelo desempenho geral e globalizado, seu ritmo individual é acompanhado bem como o seu ritmo participativo e produtivo. Essa avaliação é diária, constante, e processual. Os novos paradigmas educacionais se debruçam na preocupação do desenvolvimento de uma pedagogia que não se preocupe apenas com a construção de um conhecimento destituído de força social, mas sim um conhecimento mobilizador de indivíduos e sociedades, alicerçado em princípios éticos bem delineados.
 A avaliação, enquanto orientadora de todo o processo escolar, tem diversas funções, entre elas a função diagnóstica, a função de orientar intervenções e também a função de mensuradora de resultados:
·         A função diagnóstica compreende o levantamento dos conhecimentos anteriores, a fim de que o mapeamento da turma possa ser feito. Os saberes podem ser verificados por meio das análises avaliativas e o reultado pode nortear os novos planejamentos e sugerir objetivos a serem trabalhados.
·         A função de orientar intervenções trata de verificar se a metodologia adotada está resultando em aprendizagem ou em estagnação. Uma vez verificado isso, o professor pode utilizar novos passos metodológicos, trazer inovações, novos caminhos, ou, ainda, seguir da mesma forma quando os resultados apontarem para essa opção.
·         A função mensuradora, muito conhecida por todos, é aquela que organiza os resultados em termos de mapeamento numérico ou conceitual. A partir dela, é possível fazer o levantamento de gráficos e visualizar desempenhos, ou até mesmo visualizar o insucesso escolar.

É preciso pensar em avaliação inclusiva permeando toda a prática no cotidiano da sala de aula e fora dela.
Cabe também lembrar da importância da autoavaliação, na qual o aluno toma consciência sobre o que já aprendeu, ou seja, sobre os avanços atingidos na aprendizagem, e também sobre onde deve investir maiores esforços para melhorar e superar as dificuldades.
Segundo o professor Dr. Jean-Claude Régnier (in Diálogo Educacional  2000a, a autoavaliação abrange três etapas:

  1. A autonotação, que “diz respeito ao procedimento que consiste na atribuição de uma nota pelo próprio aprendiz, dentro do quadro adotado pelo sistema escolar, a partir das regras estabelecidas pelo professor ou mesmo pelo aprendiz.” (p. 59).
  2. O autocontrole, que sugere que o aluno desenvolva um comportamento consciente, desligado da tutela do professor, que o leve a buscar por conta própria a solução de problemas.
  3. Por fim, o autor acrescenta a autocorreção como etapa indispensável ao processo de auto-avaliação:

A auto-correção recobre igualmente a dupla idéia de um processo cognitivo integrado ao processo auto-avaliativo e de uma conduta conscientemente adotada pelo indivíduo desejoso de se desligar da tutela de um professor, e que consiste por meios adequados e explícitos  em retificar por si mesmo um resultado, o raciocínio pelo qual ele foi produzido ou o método-escolhido para conduzir o raciocínio e produzir o resultado, mas também para retificar, melhorar ou reforçar  os conhecimentos a partir das informações recolhidas para o autocontrole. (p. 59).


A autocorreção é um exercício constante, e vários instrumentos pedagógicos podem favorecê-la, como, por exemplo, o portfólio.
O uso do portfólio é um excelente instrumento para o procedimento autoavaliativo, ousando leituras e relações pessoais, mas também útil para os procedimentos avaliativos do professor. Uma das finalidades do portifólio, no que se refere ao seu uso pelo professor, é poder conhecer melhor o aluno, constatar o que está sendo apreendido por este, adequar o processo de ensino conforme o que se pode constatar e julgar globalmente o processo de ensino-aprendizagem.
Os três conceitos que Régnier apresenta para a compreensão da autoavaliação (autonotação, autocontrole e autocorreção) podem ser desenvolvidos com o auxílio do portfólio, nele o aluno pode, ao vislumbrar sua produção de modo processual, perceber e até mesmo atribuir um julgamento pessoal ao seu processo de aprendizagem e de compreensão sobre o que e como tem aprendido. Ao conscientizar-se sobre os conteúdos de seu aprendizado e sobre os procedimentos pelos quais se aproximou do “saber, saber-fazer e saber ser”, no rumo desta apropriação, o autocontrole, que representa a sua conscientização e a sua responsabilização pessoal pelo aprendizado, pode conduzir o aluno ao processo necessário e consequente de autocorreção. No processo de autoavaliação o aluno pode identificar possibilidades de aprimoramento e buscar de forma autônoma orientar-se na reelaboração de seu próprio conhecimento, compreendendo as falhas como objetos de seu aprendizado e buscando superá-las por meio da reflexão acerca dos processos que as produziram.
O caminho educativo passa pela experiência constante de erros e acertos e é fundamental que o aluno aprenda a lidar com essas duas instâncias com muita tranquilidade, entendendo que o erro faz parte de um processo maior de conscientização. Não há porque evitar erros, pois eles são professores muito eficazes, não é evitando-os que se aprende, mas sim olhando para eles, dialogando e verificando como corrigi-los. O aprendizado real necessita de reflexões profundas, e o fato de encontrar erros leva o indivíduo a parar e aprofundar determinada questão. Na perspectiva da filosofia oriental, o erro conduz ao acerto e o acerto conduz ao erro, esses são aspectos inseparáveis do movimento rumo à produção do conhecimento.
Quando o erro é visto como algo a ser evitado a todo o custo, a avaliação se torna instrumento punitivo e é capaz de gerar bloqueios e precariedade nas reflexões, bem como produzir baixa autoestima, levando ao possível fracasso escolar. Pensar em avaliação significa pensar também nas questões psico-afetivas que envolvem esse procedimento, tais como o medo, a ansiedade, a paralisia, a competitividade, entre outros.
Todos nós exercemos o poder de avaliadores e avaliados, é algo que está implícito em nossas relações interpessoais; uma vez que toda relação pode resultar em um tipo específico de aprendizado, as formas avaliativas e suas conseqüências nos acompanham em todos os momentos da vida.
Aprendemos mais e melhor, ou ainda menos e pior, como conseqüência da maneira como experimentamos os sentimentos originados pelo fato de sermos avaliados pelos outros e de avaliarmos por eles. Sem dúvida essas vivências orientaram um tipo particular de autoavaliação, que ora nos impeliu para frente alicerçando bons sentimentos em relação a nós mesmos, ora nos bloqueou, muitas vezes até de forma traumática, gerando sentimentos de incapacidade e insuficiência enquanto pessoas inseridas em um mundo de outros “melhores”.
A avaliação, quando unicamente centrada em resultados, com foco unidirecional reafirma um estilo de educação fragmentada. O contrário disso significa orientar os estudos para a perceção global da informação, neste processo o erro e o acerto são vistos como caminhos importantes de aprendizagem. Desse modo, o erro é visto de maneira positiva, pois propicia o aprofundamento do conhecimento, quando o indivíduo por meio do erro busca compreender o caminho que o leva ao acerto ao mesmo tempo em que compreende o caminho que o levou ao erro.
A aceitação de si mesmo e do outro também passa por esta condição, ou seja, pela capacidade de aceitar os erros e os acertos, sabendo-os importantes na construção do conhecimento e fundamentais para os avanços que se pretendam.
Avaliar também implica em organizar conteúdos escolhendo novas temáticas, aqui todo cuidado é pouco, pois muitas vezes apenas repetimos o padrão herdado da cultura que elege alguns valores em detrimento de outros. No caso específico do Ensino Religioso Escolar no Brasil, convém lembrar que esta disciplina foi marcada pela supremacia do cristianismo sobre as demais religiões, e que no princípio ainda se restringia ao catolicismo apostólico romano. É preciso modificar este paradigma, entender e valorizar a pluralidade cultural e religiosa, a fim de que a distribuição dos conteúdos não venha a reafirmar a supremacia de uma cultura sobre a outra.
É preciso questionar constantemente os campos de conhecimento que serão trabalhados em sala de aula, buscar ter um pouco mais de clareza quanto ao que se refere ao processo que determina quais serão os conteúdos elencados, os graus de importância que damos a eles, e o motivo que nos leva a escolhê-los em detrimento de outros.
A valoração que se estabelece depende de cada cultura e obedece a determinações políticas, se não há como escapar desta posição, ao menos podemos lançar um pouco de luz, compreendendo que a hegemonia dos conteúdos não é um dado absoluto, e sim relativo e, portanto, avaliar pode abranger outras formas de visão, mais abrangentes e flexíveis. Pois sabemos que a avaliação acaba por legitimar o valor de certos tipos de atividades educativas e discrimina outras tantas. A avaliação implica em perscrutar as culturas e a rede de relações entre os sujeitos e seus contextos.
Para tanto, necessitamos considerar o não explícito do sistema, cuja influência sem dúvida alguma é muito forte. Aquilo que não é visto, mas que modela e origina comportamentos dentro do sistema. Cabe àquele que avalia focar sua atenção no todo institucional, sem deixar escapar o todo orgânico.
Quem avalia, incluindo aí o docente de Ensino Religioso, deveria sempre fazer novas perguntas, dessa vez dirigidas a si mesmo, como, por exemplo:

·         Quais as causas do erro e do fracasso?
·         Em que medida o erro pode ser caminho para o acerto e vice-versa?
·         Qual a relação entre um erro e outro?
·         Quais as pistas para uma ação corretiva?
·         Quais as religiões que ainda sofrem preconceito em nosso meio, e como trabalhar seus conteúdos em sala de aula?
·         Como a leitura masculina das religiões impregna nossa maneira de compreender o fenômeno religioso?
·         Como trabalhar com a valorização das culturas e tradições religiosas, bem como dos movimentos místicos e filosóficos sem embutir preconceitos e distorções?
·         Como resgatar o valor das manifestações do sagrado na parcela religiosa que foi historicamente excluída, a saber: os índios, os negros, as mulheres...?
·         Quais as maneiras de focar o mundo exterior e, ao mesmo tempo, estabelecer relações com o conhecimento que cada aluno constrói na vivência familiar e particular?
·         Como atuar pedagogicamente de modo a favorecer descobertas e flexibilizar padrões antigos que afetam a percepção?
·         Como utilizar o conhecimento para abolir preconceitos?
·         O Ensino Religioso Escolar atualmente não se preocupa em evangelizar e aborda o conhecimento religioso tal qual acontece, sem valorizar esta ou aquela religião. Certas vezes esta mudança paradigmática gera desconforto em algumas famílias. De que maneira o professor pode mediar os conflitos originados?

Poderíamos seguir adiante com muitas perguntas, mas estas agora caberão a cada professor, aluno e comunidade escolar.
A avaliação deve prestar auxílio no processo de aprendizagem humana sem perder de vista todas essas indagações, caso contrário, ela se limita à medição, aprovação e reprovação, e não cumpre a função principal de ser agente transformador e facilitador da aprendizagem, o que resulta em novos comportamentos face a um mundo plural.
Para concluir este trabalho, citamos um trecho do poema “Deste ou daquele modo”, de Fernando Pessoa (1974): “Procuro despir-me do que aprendi, / Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram, / E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, / Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras [...]. (p. 63).
Aprender significa um pouco disso, pois todo aprendizado é mudança e toda mudança requer que a tinta velha seja removida e que os verdadeiros sentidos possam mostrar-se a fim de que aquele que aprende sobre o mundo, aprenda com igual intensidade sobre si mesmo. O aprender, nesse sentido, é sempre um aprender-se. O avaliar é sempre o ponto de encontro com a realidade do que se sabe e o que se pretende ainda saber; nele, as falhas, as tintas velhas, se evidenciam e, com bom grado e um pouco de ciência sobre o que se faz e o como se faz, o trabalho pode continuar...
A avaliação é importante em todo o processo educativo e, como vimos, no Ensino Religioso, se desdobra e avança em muitas funções. O foco na avaliação estende uma rede de interações que envolvem conteúdos, objetivos, metodologias, adequação dos temas às faixas etárias e ao desenvolvimento cognitivo e emocional dos alunos. Nessa complexidade a avaliação torna-se norteadora, é ela que indica os caminhos que devem ser seguidos e os caminhos que devem ser abandonados.
O medo da avaliação surge por conta da má utilização de seus recursos. Avaliar supera o antigo pressuposto de que o acerto é melhor do que o erro, pois a avaliação no Ensino Religioso utiliza-se do erro para clarificar conteúdos, para modificar abordagens, enfim, erros e acertos são balizadores do caminhar pedagógico.
Nas várias escolas pedagógicas podemos identificar claramente as ideologias que marcaram os diferentes períodos da política brasileira, acompanhando estas tendências  o professor pode refletir melhor acerca dos mecanismos e das intenções que impulsionam as práticas pedagógicas.


INDICAÇÃO CULTURAL - filme

SONHOS. Direção: Akira Kurosawa. Produção: Mike Y. Inoue e Hisao Kurosawa. Japão Warner Bross, 1990. 119 min.

Esse filme é feito em 8 segmentos distintos (sonhos), sugerimos assistir ao último quadro, intitulado: “O povoado do moinho”. O filme todo trata de refletir sobre a condição da vida e da morte das pessoas, sob a ótica da filosofia japonesa. Esse quadro, em específico, mostra o diálogo entre um homem jovem e um aldeão velho, apresentando a vida sob a perspectiva da harmonia da natureza, e culmina, dentro da mesma perspectiva, com a apresentação da morte.
“O povoado do moinho” pode ser utilizado em sala de aula para abordar a temática da morte nas diferentes culturas religiosas, bem como para abordar símbolos e ritos religiosos, entre outros conteúdos.

OUTROS FILMES:

Título do filme                                                    Abordagem
1) Além da Eternidade (1989)
Princípios do espiritismo
2) Um Homem de Família (2000)
A procura da verdadeira felicidade
3) A Fuga das Galinhas (2004)
As diversidades individuais em relação ao grupo
4) Lutero (2003)
Reforma protestante
5) Pocahontas (1995)
Tradições indígenas
6) Paixão de Cristo (2003)
Releitura da via dolorosa
7) Madre Tereza
Biografia de madre Tereza de Calcutá
8) Irmão de Fé (2004)
Conversão de São Paulo
9) Irmão Sol, Irmão Lua (1973)
Vida de São Francisco
10) Brincando nos Campos do Senhor
Catequização indígena
11) Francesco (1989)
Biografia de São Francisco de Assis
12) O Espanta Tubarões (2004)
Liberdade para ser diferente
13) Formiguinhaz (1998)
Sobre a solidariedade e trabalho coletivo
14) Gandhi (1982)
Biografia de Gandhi
15) Questão de Honra (1992)
Princípios de justiça
16) Amistad (1997)
Cultura afro
17) Deus é Brasileiro (2001)
Cultura religiosa brasileira
18) Pacth Adams: o Amor é Contagioso (1998)
Poder da cura pelo amor
19) As Profecias de Nostradamus (1994)
Biografia do profeta Nostradamus
20) A Espera de um Milagre (1999)
História mediúnica
21) A Sétima Profecia (1988)
Escatologia
22) O Quinto Elemento (1997)
Confronto entre o bem e o mal
23) Energia Pura (1995)
Dom sobrenatural
24) O Nome da Rosa (1986)
Idade Média e o catolicismo
25) Linha Mortal (1990)
Entre a vida e as sensações pós-morte
26) Ecos do Além (1999)
Hipnose
27) O Pequeno Buda
Aborda aspectos do budismo tibetano.
28) História sem Fim (1984)
Magia
29) Voltar a Morrer (1991)
Hipnose
30) O Auto da Compadecida (2000)
Julgamento após a morte; a decisão entre céu e inferno
31) Destino em Dose Dupla (1990)
Reencarnação
32) Manika: a Menina que Nasceu duas vezes (1988)
Reencarnação hinduísta e cultura oriental
33) O Corpo (2001)
Antropologia e fé
34) A Missão (1986)
Cultura indígena e a catequização jesuítica
35) Em Algum Lugar do Passado (1980)
Auto-hipnose
36) A Odisséia (1997)
Mitologia
37) Ghost: do outro Lado da Vida (1990)
Mediunidade
38) Casamento Grego (2002)
Cultura grega
39) O Último Imperador (1987)
Cultura chinesa
40) Campo dos Sonhos (1989)
Vida após a morte
41) Um casamento à Indiana (2001)
Tradições e costumes hindus
42) Os Espíritos (1996)
Comunicação com os espíritos
43) O Pequeno Buda (1993)
Reencarnação budista
44) Minhas Vidas (1987)
Projeção astral
45) Sete anos no Tibet (1997)
Dalai Lama como mentor espiritual
46) As 200 Crianças do Dr. Korczak (1990)
Direitos infantis
47) Kundun (1997)
A história do 14º Dalai Lama; cultura chinesa; "Sociedade Budista do Espírito"
48) O Príncipe do Egito (1998)
Judaísmo
49) O Mahabharata (1989)
A apresentação de um dos textos sagrados do hinduísmo
50) Paixão Eterna (1987)
Vida após a morte e reencarnação
51) Hércules (1997)
Mitologia
52) Jesus de Nazaré (1997)
Trajetória do fundador do cristianismo
53) A Corrente do Bem (2000)
Princípios de bondade e o reflexo social
54) Um Anjo Rebelde (2000)
O Limbo e a reencarnação
55) Os Outros (2001)
Os espíritos que convivem conosco; mundo sobrenatural
56) A Cela (2000)
Espiritualidade e psicopatia
57) Ressurreição (1998)
Amizade, família e comunidade
58) Stigmata (1999)
Fé e possessão do demônio
59) O Mistério da Libélula (2002)
Influência dos mortos na vida dos vivos
60) O Dom da Premonição (2000)
Dom mediúnico
61) Falando com os Mortos (2002)
Dom mediúnico
62) O Pagador de Promessas (1962)
Discussão sobre a influência da religião na sociedade
63) Fé demais não Cheira Bem (1992)
Discussão sobre a influência dos evangélicos de TV na sociedade
64) Vida após a Morte (1992)
Depoimentos sobre pessoas que passaram por "semimorte"
65) Anjo de Vidro (2004)
Existe o destino?
66) Deixados para trás 1 (2001)
Sobre o livro do Apocalipse da Bíblia
67) Deixados para trás 2: comando tribulação (2002)
Sobre o livro do Apocalipse da Bíblia
68) Não tenha Medo: a Vida e os Ensinamentos do Papa João Paulo II (1996)
A trajetória do Papa João Paulo II e suas mensagens para o mundo contemporâneo
69) Tenha Fé (2000)
Conflito sobre o celibatarianismo
70) Amor além da Vida (1998)
Discussão entre o suicídio e a condenação ao inferno
71) Em Nome de Deus (1988)
Conflito sobre o celibatarianismo

Fonte: GPER, 2009.
www.gper.com.br


INDICAÇÃO CULTURAL-Música

GIL, G. Guerra Santa. In: GIL, Gilberto. Quanta. Rio de Janeiro: Warner Music Brasil, p1997. 1 CD. Faixa 12.

O texto da música “Guerra Santa”, de Gilberto Gil, trata de apresentar diferentes crenças e afirmar que existem diferentes sons e nomes de Deus, mas os sonhos humanos são os mesmos. Afirma o direito de cada um exercer sua crença livremente.


QUESTÕES PARA REFLEXÃO


Leia o texto a seguir.


Viver em um mundo plural não é tarefa fácil, os preceitos religiosos costumam apontar e definir comportamentos que os membros de determinado grupo religioso devem adotar em relação aos outros.
Vejamos, então, como algumas tradições religiosas encaram a vivência de relacionamentos fraternos entre as pessoas e, até mesmo, entre as diferentes formas de vida (conforme caderno pedagógico elaborado pela ASSINTEC em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Curitiba):

“Que todos os seres sejam felizes, que todos os seres vivam em paz!” Budismo

“Ame o próximo como a ti mesmo...” Cristianismo

“Amizade e fraternidade são as virtudes cardeais. Deve-se angariar muitos amigos e amá-los como a irmãos. O homem sábio escolherá amigos dignos de amor fraternal.” Confucionismo

“O homem bom não faz distinção entre amigo e inimigo, irmão e estrangeiro, mas os considera a todos com imparcialidade. Um verdadeiro amigo sempre será compassivo.” Hinduísmo

“Toda a humanidade é uma família, um povo. Todos os homens são irmãos e devem viver como tal. Deus ama aqueles que vivem assim.” Islamismo

“Seja justo e imparcial para com todos. Trate sempre todos os homens como irmãos. Como se trata os homens, assim se deve tratar todos os animais. Eles também são nossos irmãos.” Jainismo

“Deus fez todos os homens irmãos e eles devem viver juntos como irmãos em todo o tempo. E é bom para os homens agirem em unidade como irmãos. Tal ação será abençoada por Deus e prosperará.” Judaísmo

“O céu é o pai e a terra é a mãe de todos os homens. Portanto, todos os homens são irmãos e devem viver juntos como tal. Vivendo assim, o país será livre de ódio e tristeza.” Xintoismo

“Juntem-se, meus irmãos, e removam toda a incompreensão através da mútua consideração.” Sikhismo

“O espírito de fraternidade, de bondade é necessário se alguém quiser ganhar amigos. O espírito do mercador, onde os homens vendem mercadorias, não deve ser o espírito do homem bom.” Taoismo

“Os amigos devem ser pessoas santas. Um homem santo irradiará santidade a todos os seus amigos.” Zoroastrismo

“Convém a todos os homens, neste dia, apegar-se com firmeza ao grandíssimo nome, e estabelecer a unidade de toda a humanidade. Não há nenhum lugar para onde fugir, nenhum refúgio para se procurar, senão Ele.” Fé Bahá’í


Fonte: COSTA, GUILOUSKI, SCHLÖGL, 2007, p. 75-76.



ATIVIDADES APLICADAS: PRÁTICA

Seguem duas sugestões de atividades para serem trabalhadas com os alunos, em sala de aula:

1. Tema: A diversidade cultural e religiosa no mundo
Objetivo: Identificar a diversidade, percebendo sua importância e significação na vida dos povos e dos indivíduos.

Apresentar o seguinte texto aos alunos:


DIFERENÇAS RELIGIOSAS
                       
O diálogo inter-religioso pode provocar nas pessoas de diferentes crenças o desafio da descoberta do “outro”. Pode também propiciar um espaço de abertura para que as pessoas de diferentes crenças religiosas e pessoas sem crenças religiosas reflitam e trabalhem juntas pela construção de uma cultura de paz no mundo.
Você já reparou como em sua sala de aula as pessoas são diferentes?
Além das diferenças de fisionomia, de gostos, de voz, existem diferenças religiosas, nem todos praticam a mesma religião. Muitas pessoas possuem religião, e outras não. Isso acontece porque nosso país é um país de liberdade de crenças, ninguém é obrigado a ter religião ou a seguir esta ou aquela crença. As pessoas agem conforme suas necessidades, sua compreensão de mundo e espiritualidade e, muitas vezes, seguem as tradições da família e do meio ao qual pertencem.
É muito interessante conhecer as pessoas neste aspecto, saber de suas buscas espirituais e crenças; saber mais sobre elas pode nos auxiliar a compreendê-las melhor e a respeitar suas convicções. Não precisamos partilhar das mesmas idéias para que possamos respeitar o outro, necessitamos de conhecimento e de bom coração para podermos permitir que o outro seja quem ele é.
Nossa classe pode ter alunos que praticam a fé cristã, que praticam o espiritismo, o candomblé, o judaísmo... e ainda alunos que não pertençam a nenhuma tradição religiosa. Tudo isso faz de nossa classe uma turma de diversidade, de diferenças e também nos torna mais interessantes. Podemos aprender sobre o universo religioso a partir de nossa convivência, a partir do reconhecimento de nossas diferenças e do compartilhar de nossas experiências religiosas.
É claro que ninguém vai querer converter ninguém! Isto geraria apenas inimizades.  Também não estamos querendo provar nada para os colegas, não vamos julgar as crenças pessoais; vamos, sim, conhecer as diferentes crenças, para ampliar o nosso conhecimento e para poder realmente compreender a complexidade do universo religioso e garantir que todos tenham liberdade em vivenciar sua tradição religiosa ou mística, garantir o direito ao afeto e à vida em comunidade, respeitando aquilo que é da escolha de cada um. Como cantou Gilberto Gil: “o seu amor, ame-o e deixe-o ser o que ele é...”.


A partir do estudo do texto, a classe poderá elaborar um cartaz contendo uma série de princípios que garantam a qualidade do relacionamento interpessoal de todos, levando em consideração as diferenças religiosas.
Avaliação: Construção de uma composição musical, escrita, plástica, cênica ou outra modalidade que sintetize a conclusão de cada aluno sobre este tema.


2. Tema: Maneiras diferentes de fazer religião

Objetivo: Perceber como diferentes culturas do mundo vivenciam o contato com o sagrado.

Projetar os primeiros minutos do filme Baraka, no qual são apresentadas diferentes imagens de culturas religiosas do mundo.

BARAKA. Direção: Ron Fricke. Produção: Mark Magidson e Michael Stearns. EUA: Versátil Home Video, 1992. 96 min.

Baraka é um documentário dirigido por Ron Fricke e trata de apresentar apenas imagens de várias paisagens, igrejas, ruínas, cerimônias religiosas e cidades... Foi filmado em 70mm, em 23 países: Argentina, Brasil, Camboja, China, Equador, Egito, França, Hong Kong, Índia, Indonésia, Irã, Israel, Itália, Japão, Quênia, Kuweit, Nepal, Polônia, Arábia Saudita, Tanzânia, Tailândia, Turquia e EUA. O filme apresenta apenas sons e imagens, nada de diálogos ou narrações. Há uma elaborada intenção nas imagens apresentadas e em sua sequência. Porém, o filme favorece a livre reflexão para quem o assiste.


Após a exibição do trecho do filme, partir para uma reflexão com a turma sobre as impressões causadas pelas imagens. Depois, passar o início do filme mais uma vez, porém agora executando pausas e localizando, juntamente com os alunos, as culturas que são ali apresentadas.
A partir disto, os alunos poderão, em equipes, organizar maquetes que mostrem culturas e rituais religiosos diversos.

Avaliação: Identifica as diferenças pessoais, culturais e religiosas presentes em sua realidade próxima e distante, bem como vivencia o respeito às diferenças.





* O Inglês William Harvey (1578-1657) rejeitou a teoria de Galeno que vigorava já por 14 séculos, foi ele quem desvendou o funcionamento da circulação sanguínea, apesar da crítica de seus colegas à época. 
* A teoria comportamental trata de explicitar motivadores e inibidores do comportamento, a fim de que este possa ser modelado.