terça-feira, 26 de março de 2013

REFLEXÕES TEÓRICAS EXTRAÍDAS DO LIVRO: SCHLÖGL, Emerli. Ensino Religioso


Perspectivas para as séries finais do Ensino Fundamental e para o Ensino Médio. Ibepex: Curitiba, 2009.

Paradigmas educacionais

Do médico grego Galeno até hoje, muita coisa mudou. Pelas descobertas de Dr. Harvey* (em 1616), sabemos que o nosso sangue se movimenta de maneira circular, graças ao batimento cardíaco. Até então, tínhamos a ideia oriunda de Galeno, de que o sangue não circulava, todo o sangue era consumido pelo corpo, jamais voltando à sua fonte. Os padres medievais decretaram que somente Deus podia conhecer o funcionamento do coração, a dissecação de cadáveres era proibida. Mas, foi também a partir de Harvey que se fixou a estranha ideia de corpo como máquina. A princípio, essa deveria ser apenas uma metáfora, mas, como tantas outras metáforas, transformou-se em uma verdade inquestionável. Pensamos em corpo como máquina, universo como máquina, e chegamos a sonhar que o nosso intelecto, nossa racionalidade, pudesse alcançar a perfeição, desvendando e dominando a natureza. Arte e espiritualidade foram desprezadas, pois não se moldavam aos padrões rígidos do intelecto mecanicista de então.
Não apenas nosso corpo foi visto como máquina, mas também a educação fixou moldes que se assemelham às fábricas. Ela também reproduziu o conceito de máquina no processo chamado ensino-aprendizagem, com normas fixas que não levam em conta especificidades individuais: as filas de entrada e saída, a hora do lanche coletivo, os sistemas rígidos de avaliação, etc. A inflexibilidade dos métodos é outra característica marcante do pensamento cartesiano. Ainda hoje, ouvimos nas escolas sirenes (como nas fábricas), que soam desagradável e ensurdecedoramente.

 Escola Tradicional

Pensando em máquinas, o importante seria o seu funcionamento. Levar em conta aspectos tal como satisfação, seria um luxo desnecessário. Na educação tradicional, que se estabelece no Brasil desde a primeira escola,, por volta de 1594, fundamentada em conceitos mecanicistas, o professor devia “colocar” o conhecimento pronto dentro da cabeça de seu aluno. O aluno (máquina cerebral) deveria reproduzir o aprendido, quanto mais completa e perfeita essa reprodução, melhor.
Segundo Mizukami (1986), “O ensino, em todas as suas formas, nessa abordagem, será centrado no professor. Esse tipo de ensino volta-se para o que é externo ao aluno: o programa, as disciplinas, o professor. O aluno apenas executa prescrições que lhe são fixadas por autoridades exteriores.” (p. 9).  
Behrens (2000b) traça, como característica importante da abordagem tradicional, a escola como sendo o lugar privilegiado da educação e a única fonte de saber, onde disciplina e ambiente combinam-se no que se refere à austeridade. O professor, nessa abordagem, é aquele que detém todo o saber e que transmite aos seus alunos aquilo que eles deverão reproduzir fielmente. O silêncio é valorizado e cabe ao professor instituí-lo em sala de aula. O aluno permanece receptivo e passivo, é aquele a quem cabe realizar as tarefas, sem questionamentos e sem espaço para sua criatividade. Tem as funções de copiar e, desta forma, assimilar os conteúdos. A metodologia se fundamenta em aulas teóricas, expositivas. A ênfase ao ensinar pode se desvincular do aprender, essa metodologia segue os ditames da lógica, sequenciação e ordenação de conteúdos. A avaliação, geralmente bimestral, valora aquilo que o aluno conseguiu memorizar, e a memorização se demonstra através da repetição das respostas prontas.

Escola Nova

Já o movimento da Escola Nova, que no Brasil se iniciou na década de 1930, aconteceu no governo de Getúlio Vargas e teve em Anísio Teixeira um representante de destaque. Ele traduziu alguns textos de John Dewey, a fim de iniciar uma reflexão no campo da educação brasileira. Essa escola privilegiava, como comenta Pagni (citado por Monarcha 2001), “o foco do interesse dos alunos em detrimento da autoridade exercida pelo professor” (p. 163). E Pagni explica que

Na interpretação de Anísio Teixeira, a Teoria da Educação de Dewey não seria simplesmente uma crítica à “organização didática” da “escola tradicional”, mas uma crítica filosófica às idéias e às doutrinas pedagógicas, que se assentaram nas teorias da educação convencionais, assim como a formulação de uma Filosofia da Educação a partir do conceito de experiência e de seu vínculo com a educação. Dessa Filosofia da Educação Anísio extraiu as diretrizes para a organização escolar e, principalmente, para a prática pedagógica postuladas por Dewey e apresentadas como uma das alternativas no interior do movimento da Escola Nova, desenvolvido no Brasil. (p. 163)

De acordo com Behrens (2000b), a escola nesse paradigma se diferencia da escola tradicional, pois passa a se centrar no aluno. A formação para a democracia interessava então à escola e se buscava proporcionar experiências diversas para que o aluno pudesse realizar a sua aprendizagem por meio de suas experiências. A escola também privilegiava a realização pessoal do aluno e o autodesenvolvimento. O professor é o facilitador da aprendizagem, não mais um impositor do saber, e sabe se relacionar positiva e democraticamente com seus alunos, sendo um orientador e não um dirigente autoritário. Ele organiza e coordena atividades que são estabelecidas face a um planejamento em conjunto com seus alunos.
Para esse professor, é importante levar em consideração a valorização das diferenças individuais e da autonomia, tanto do professor como dos alunos. O aluno é a figura mais importante desse processo, englobando a sua dimensão psicológica, que lhe confere certa peculiaridade. É visto como sujeito ativo, com iniciativa, e aprende resolvendo problemas. A metodologia valoriza as unidades de experiência, atividades livres onde cada aluno é respeitado em seu ritmo próprio. A avaliação valoriza a autoavaliação, fazendo com que o aluno também seja responsável pelo seu processo de aprendizagem.

 Escola Tecnicista

O paradigma da Escola Tecnicista se estabelece no Brasil no período da ditadura militar (1964). Esta tendência segue o modelo americano e prioriza o empirismo. Foi influenciada por comportamentalistas e behavioristas, bem como pelo positivismo lógico. Mizukami (1986) dirá que:

Para os positivistas lógicos, enquadrados nesse tipo de abordagem, o conhecimento consiste na forma de se ordenar as experiências e os eventos do universo, colocando-os em códigos simbólicos. Para os comportamentalistas, a ciência consiste numa tentativa de descobrir a ordem na natureza e nos eventos. Pretendem demonstrar que certos acontecimentos se relacionam sucessivamente uns com os outros. Tanto a ciência quanto o comportamento são considerados, principalmente, como uma forma de conhecer os eventos, o que torna possível a sua utilização e o seu controle. (p. 19-20)

A educação teria, nesse paradigma, o dever de transmitir conhecimentos e comportamentos éticos. Tudo isso baseado em controle social. Percebe-se que a escola é um lugar privilegiado de controle e pode produzir mudanças em seus alunos, mudanças estas desejáveis pelo sistema escolar. O comportamento é moldado, sem a participação dos alunos nas decisões curriculares. A escola controla os comportamentos, a fim de fixar aqueles que acredita convenientes, atendendo, assim, aos objetivos da sociedade. A esse respeito, Behrens (2000b) afirma que:

O sistema capitalista exige uma escola que articule a formação do aluno para o sistema produtivo. Na realidade, a tendência tecnicista procurou transpor para a escola a forma de funcionamento da fábrica, perdendo de vista a especificidade da educação. (p. 52)

Segundo Mizukami, o professor, nessa abordagem, planeja e desenvolve o processo de ensino-aprendizagem, a fim de que o desempenho do aluno seja maximizado, levando em conta a economia do fator tempo, dos esforços e dos custos.
Conforme Bherens, o professor, seguindo a teoria comportamental*, é aquele que estimula e reforça os procedimentos e aprendizados corretos. Ele analisa as contingências de reforço a fim de que a aprendizagem se estabeleça.
O aluno é aquele que observa e aguarda para agir, todo o seu comportamento é determinado, não lhe restando espaço para a livre expressão. Ele é, ao mesmo tempo, estimulado e reforçado em suas respostas corretas. Por meio do reforço se pretende fixar um aprendizado. Do aluno não se espera participação crítica, mas sim a capacidade de seguir passo a passo ordens previamente estabelecidas.
Para Behrens, a metodologia se assenta em modelos que são seguidos com a finalidade de controlar os comportamentos. Utiliza-se a repetição para favorecer a assimilação. Cópias e premiações fazem parte dos procedimentos metodológicos dessa abordagem. A ênfase maior está na resposta correta, o erro deve ser punido, e ao aluno só é dada a liberdade de realizar perguntas pertinentes ao conteúdo exposto. Na organização curricular, primeiro se oferecem as disciplinas teóricas e depois as práticas, o que leva a uma dicotomização entre teoria e prática. Uma marca relevante dessa abordagem foi a organização do planejamento de aulas em: objetivos, conteúdo, procedimentos, recursos e avaliação.
A avaliação está centrada no produto, busca-se constatar se o aluno atingiu os objetivos:

O processo avaliativo acontece em dois momentos; no primeiro, a avaliação prévia com a finalidade de estabelecer pré-requisitos para alcançar os objetivos. No segundo, a avaliação dos alunos relativa ou que se propôs nos objetivos instrucionais ou operacionais. Portanto, a ênfase é no produto, e a preocupação é se o aluno alcançou ou não os objetivos propostos.(BEHRENS, 2000b, 55)

A memória, nesse modelo, é condição básica de aprendizagem, pois dela o aluno vai depender quando estiver sendo avaliado.

 Paradigmas Inovadores

Os Paradigmas Inovadores levam em consideração que cada indivíduo é um organismo vivo, inteiro, diverso e particular, que precisa ser educado não para repetir fórmulas, mas para ser cada vez mais sensível, crítico e atuante. O discurso do intelecto era evidenciado no paradigma tradicional. O corpo era condicionado ao mais absoluto silêncio, à mais absoluta imobilidade. Enfim, aprisionar o corpo, colocar suas mensagens fora do alcance do próprio eu, privar o indivíduo de si mesmo, foi uma maneira de educar nos moldes cartesianos, buscando uma sociedade que poderia ser regulada conforme leis rígidas e determinantes.
Representando os paradigmas inovadores temos a abordagem holística – também conhecida como sistêmica ou da complexidade –, a abordagem libertadora, tendo como principal expoente Paulo Freire, e a abordagem do ensino por pesquisa.
A Visão Sistêmica surge como um retorno à visão orgânica de mundo, mas dessa vez ampliada pela ciência.
Muitos cientistas contribuíram significativamente para na elaboração e/ou refutação de teorias compondo este novo paradigma, entre eles: Einstein, Stanislau Grof, Capra, Heisenberg e outros. O modelo proposto pela visão mecanicista não explicava satisfatoriamente vários fenômenos pós-modernos. Com isso, estudiosos da Física, da Psicologia, da Educação e da Filosofia buscaram novas maneiras de explicá-los. Isso gerou uma nova visão de mundo e uma mudança de paradigma.
De acordo com o Currículo básico para a educação pública do Estado do Paraná (1992) formulado pela ASSINTEC (Associação Inter-Religiosa de Educação) e destinada ao Ensino Religioso Escolar,

Na visão sistêmica, o universo deixa de ser visto como uma máquina, composta de uma profusão de objetos distintos, para apresentar-se como um todo harmonioso e indivisível, onde há uma interdependência e uma inter-relação entre tudo o que existe. Todas as coisas são encaradas como inseparáveis do todo cósmico, como manifestações diversas da mesma realidade essencial. A natureza é vista como um organismo vivo, dinâmico, capaz de reagir com uma linguagem própria às manipulações humanas, acionando seus mecanismos de defesa e de sobrevivência. O homem não é o centro do cosmos. Não existe centro e sim sistemas interligados, interdependentes, nem melhores ou piores, apenas diferentes, com maior ou menor grau de complexidade e dos quais o sistema Pessoa é um deles. A visão de pessoa, assim como a de mundo, é dinâmica e sofre alterações no curso da história. Dentro da visão sistêmica a pessoa é vista em sua totalidade, nas dimensões bio-física, sócio-política, psico-somática e espiritual-religiosa, que faz parte de um todo complexo com o qual procura harmonizar-se e inteirar-se, pois é um ser em relação, que está em constante crescimento. Cada pessoa é única e original. Nasce com as potencialidades, mas ao mesmo tempo é um projeto, um ser que se constrói à medida que se relaciona. É dotada de razão, intuição e vontade; tem fé, esperança, criatividade, sentimentos e sensibilidade. Possui necessidades físicas, sociais, éticas, estéticas, intelectuais, afetivas e religiosas. É criativa, é determinada pelas circunstâncias e ao mesmo tempo transformadora da realidade; faz cultura; tem capacidade de ação, avaliação e julgamento. Tem consciência de si, das realidades que a cercam e intui a existência do Transcendente, a partir destas realidades Na medida em que percebe o mundo como um sistema vivo, em constante evolução, sabe que depende do mundo e constata sua responsabilidade em preservá-lo. Concomitantemente, conscientiza-se da interdependência e inter-relação entre o micro e o macrocosmos. Busca a harmonia com o Cosmos. É parte de uma sociedade que está em constante transformação; tem uma unidade, mas ao mesmo tempo é pluralista; tem contrastes, contradições. Assim como recebe influências da sociedade, é capaz de assumir-se como sujeito da história e agente de transformação. (p. 18-19)

Na década de 1970, as mudanças pelas quais vinham passando a política, a sociedade, a religião e a própria educação, já apontavam para a necessidade de se encontrar um caminho que melhor respondesse aos anseios do povo.
Surge então a Pedagogia Progressista, que, segundo Libâneo (1986), se divide em Libertadora, Libertária (autogestão pedagógica) e Crítico-social dos Conteúdos (conteúdos em confronto com as realidades sociais).
A Pedagogia Libertadora, cujo grande expoente é Paulo Freire, tem a preocupação de ser instrumento que favorece as pessoas a se libertarem de todos os tipos de opressão. A educação passa a ser vista como ato político, na qual se educa para proporcionar maior conscientização dos aspectos individuais e sociais, e as lutas de classe são legitimadas enquanto meio de transformação social. Na visão de Freire (1992)

O problema fundamental, de natureza política e tocado por tintas ideológicas, é saber quem escolhe os conteúdos, a favor de quem e de que estará o seu ensino, contra quem, a favor de que, contra que. Qual o papel que cabe aos educandos na organização programática dos conteúdos; qual o papel, em níveis diferentes, daqueles e daquelas que, nas bases, cozinheiros, zeladores, vigias, se acham envolvidos na prática educativa na escola; qual o papel das famílias, das organizações sociais, da comunidade local?  (p. 110)

Freire trouxe à pauta a educação crítica e coerente, que interage no social sem, contanto, deixar de lado a amorosidade, tão vivida e falada por ele.
Na Abordagem sistêmica, a escola pretende formar o indivíduo que, além de ser profissional, também é sensível, humano, ético, e se percebe como ser harmonizado a uma rede cósmica de relações. A escola pretende superar os conceitos antigos de separatividade, substituindo-os por um repensar do universo como um todo, onde existe a unidade na diversidade. A escola também é o agente formal da escolaridade.
A escola deve se preocupar com o ambiente que seja mais adequado à educação, e isso implica em verificar e adaptar: a iluminação, a cor das paredes, os tetos, o mobiliário, a cor externa, o arejamento, bem como o conforto físico e o aspecto de mobilidade dos alunos, permitindo os trabalhos individuais e os trabalhos em equipe.
O professor, em sua prática pedagógica, trabalha sem perder de vista a totalidade, superando a visão fragmentada e a simples reprodução de conhecimentos. Não tem medo de buscar novas formas, novas metodologias que sejam significativas para seus alunos, que os instiguem no processo de aprendizado e não deixem de lado o éthos – os valores necessários para a construção de uma cultura de paz e integração. Os relacionamentos interpessoais são muito importantes, e o professor busca relacionar-se com seus alunos tendo em vista o respeito à alteridade.
Nessa abordagem, o aluno é aquele que participa ativamente da construção do processo da aquisição de seus conhecimentos, utilizando a dimensão racional de seu ser e também as dimensões sensíveis, emocionais e intuitivas. É um cidadão do mundo, complexo em meio a uma rede relações não menos complexas. Ele é um ser dotado de capacidades criativas e talentosas, apresentando autonomia no seu processo de aprender. Portanto, diz Behrens 2000b,

o aluno precisa ser considerado em suas inteligências múltiplas e pelos dois lados do cérebro, e este desafio instiga os professores a reconstruírem suas práticas educativas. Com a globalização, os pressupostos de informação foram ampliados, e os alunos podem acessar com independência o universo da rede de informação. Com satélites, a televisão a cabo e os computadores (internet, correio eletrônico, fax), os alunos adquiriram autonomia para produzir conhecimento. (p. 72-73)

A metodologia, sob essa perspectiva, é flexível e aberta e se preocupa com a evolução do aluno em suas múltiplas inteligências, valorizando sua capacidade de reflexão, ação, criatividade, interação com o mundo, consigo mesmo e com o outro. Há curiosidade unida a um espírito crítico, em que a preocupação do aluno com a qualidade de vida se estende para além de si mesmo, e também a sua incerteza, os questionamentos e a provisoriedade. O aluno aprende a decodificar e a recompor dados, informações e argumentos e a unificar a teoria com a prática, gerando a sua práxis. A metodologia holística considera o aluno um ser relacional, orientado em sua pesquisa pela tecnologia inovadora e pela busca constante de qualificar a vida em todas as suas formas.
A avaliação considera as inteligências múltiplas, respeitando os limites de cada um, e está a serviço da construção do conhecimento, não se pautando em ser um meio de punição. Assim, como afirma Behrens  2000b,

As avaliações realizadas durante o processo têm demonstrado que os resultados são mais significativos, pois permitem ao aluno perceber seu desenvolvimento durante o trabalho que está sendo realizado. O professor com uma visão sistêmica é capaz de perceber que o erro pode vir a ser um caminho do acerto. Desafia seu aluno a encontrar novas respostas, a pesquisar outras possibilidades, permitindo que os colegas possam compartilhar da problemática levantada e juntos, professores e alunos, possam construir novas soluções [...]. (p. 75)

Ainda segundo o mesmo autor (Behrens 2000b, a Escola progressista visa proporcionar uma educação na qual se possibilite a vivência no coletivo e o estabelecimento de um clima de troca, de diálogo, de inter-relação, de transformação, de enriquecimento mútuo, levando-se em conta a transitoriedade e indeterminação das teorias.  A sala de aula se apresenta como local de formulações de problemas, indagações, que visam favorecer a compreensão do real. Neste sentido, importa que os conteúdos conteúdos dialoguem com as realidades sociais. Os conteúdos são instrumentos politizadores. Nos dizeres de Freire (1996):

O professor é educador e também sujeito do processo, estabelece uma relação horizontal com os alunos, não é impositivo, e busca estar a serviço do aluno vendo-o como sujeito de seu processo. Estimula os trabalhos grupais e age como mediador entre o saber elaborado e o conhecimento a ser produzido. Sua liderança é exercida de acordo com sua competência e busca problematizar os conteúdos e não apenas dissertar sobre eles.
O aluno é um ser responsável e ativo, é aquele que constrói sua história, ele é dinâmico e co-responsável, partícipe de todo processo ensino-aprendizagem. Espera-se que seja estimulado a confiar em si mesmo para vivenciar a relação dialógica com o professor e com os colegas, a fim de que o conhecimento seja resultado da investigação e discussão coletiva. Por ser inconcluso, isto é inacabado, necessita educar-se permanentemente. “Na verdade o inacabamento do ser humano – a  sua inconclusão – é próprio da experiência vital. Onde há vida, há inacabamento. Mas só entre mulheres e homens o inacabamento se tornou consciente” (p. 55)

A metodologia do ensino se pauta no princípio de que este é um ato criador, crítico e não-mecânico, alicerçado em diferentes formas de diálogo e que contempla uma ação libertadora e democrática.
A prática pedagógica, com uma metodologia progressista, leva a uma formação do indivíduo como ser histórico e contempla uma abordagem dialética de ação-reflexão-ação. A tendência é ultrapassar o processo pedagógico que se reduz ao treinamento técnico, possibilitando uma ação integrada, calcada no diálogo e no trabalho coletivo. Ao optar por essa metodologia, o professor poderá lançar mão, no processo, de momentos expositivos em sala de aula.
Conforme atesta Behrens, a avaliação é contínua, processual e transformadora. Ela se dá em procedimentos individuais e coletivos, e também abarca a auto-avaliação e a avaliação grupal. O aluno participa com os professores da composição dos critérios para avaliação. São pilares sustentativos da avaliação: a exigência, a rigorosidade e a competência.. Todos são responsáveis pelo sucesso ou fracasso do grupo.
            O ensino por pesquisa estimula os professores e os alunos a desenvolverem aspectos de sua criatividade, com espírito crítico e reflexivo. Utiliza-se da tecnologia, para desenvolver as capacidades cognitivas e operativas, e também para formar o indivíduo em sua condição cidadã, ética e responsável.. Para tanto é importante elaborar e realizar projetos conjuntos que propiciem a produção do conhecimento, a reflexão e o compartilhar de idéias.
O professor é, juntamente com seus alunos, um pesquisador, ele instiga o aluno a “aprender a aprender”, a fim de, manejando princípios científicos, investigar os fenômenos do campo das religiões e, em posse desses conhecimentos, realizar suas leituras com postura ética, estabelecendo-se cotidianamente como cidadão criativo e autônomo.
A metodologia do paradigma do ensino pela pesquisa propõe que ensino e pesquisa sejam indissociáveis e que sejam condição básica da aprendizagem. Assim, a produção do conhecimento se fará de forma crítica e reflexiva, conduzindo o aluno à autonomia e desenvolvendo a sua capacidade de problematizar, investigar, estudar, refletir e sistematizar o conhecimento. Essa metodologia abarca a interdisciplinaridade.  Santomé (1998) acrescenta que

Também é preciso frisar que apostar na interdisciplinaridade significa defender um novo tipo de pessoa, mais aberta, flexível, solidária, democrática e crítica. O mundo atual precisa de pessoas com uma formação cada vez mais polivalente para enfrentar uma sociedade na qual a palavra mudança é um dos vocábulos mais freqüentes e onde o futuro tem um grau de imprevisibilidade como nunca em outra época da história da humanidade. (p. 45)

A avaliação no ensino por pesquisa, conforme Behrens é contínua, processual e participativa, nela professores e alunos sabem com clareza a problematização proposta, os procedimentos de investigação e também estão cientes dos resultados esperados e os métodos para obtê-los. O aluno é avaliado pelo desempenho geral e globalizado, seu ritmo individual é acompanhado bem como o seu ritmo participativo e produtivo. Essa avaliação é diária, constante, e processual. Os novos paradigmas educacionais se debruçam na preocupação do desenvolvimento de uma pedagogia que não se preocupe apenas com a construção de um conhecimento destituído de força social, mas sim um conhecimento mobilizador de indivíduos e sociedades, alicerçado em princípios éticos bem delineados.
 A avaliação, enquanto orientadora de todo o processo escolar, tem diversas funções, entre elas a função diagnóstica, a função de orientar intervenções e também a função de mensuradora de resultados:
·         A função diagnóstica compreende o levantamento dos conhecimentos anteriores, a fim de que o mapeamento da turma possa ser feito. Os saberes podem ser verificados por meio das análises avaliativas e o reultado pode nortear os novos planejamentos e sugerir objetivos a serem trabalhados.
·         A função de orientar intervenções trata de verificar se a metodologia adotada está resultando em aprendizagem ou em estagnação. Uma vez verificado isso, o professor pode utilizar novos passos metodológicos, trazer inovações, novos caminhos, ou, ainda, seguir da mesma forma quando os resultados apontarem para essa opção.
·         A função mensuradora, muito conhecida por todos, é aquela que organiza os resultados em termos de mapeamento numérico ou conceitual. A partir dela, é possível fazer o levantamento de gráficos e visualizar desempenhos, ou até mesmo visualizar o insucesso escolar.

É preciso pensar em avaliação inclusiva permeando toda a prática no cotidiano da sala de aula e fora dela.
Cabe também lembrar da importância da autoavaliação, na qual o aluno toma consciência sobre o que já aprendeu, ou seja, sobre os avanços atingidos na aprendizagem, e também sobre onde deve investir maiores esforços para melhorar e superar as dificuldades.
Segundo o professor Dr. Jean-Claude Régnier (in Diálogo Educacional  2000a, a autoavaliação abrange três etapas:

  1. A autonotação, que “diz respeito ao procedimento que consiste na atribuição de uma nota pelo próprio aprendiz, dentro do quadro adotado pelo sistema escolar, a partir das regras estabelecidas pelo professor ou mesmo pelo aprendiz.” (p. 59).
  2. O autocontrole, que sugere que o aluno desenvolva um comportamento consciente, desligado da tutela do professor, que o leve a buscar por conta própria a solução de problemas.
  3. Por fim, o autor acrescenta a autocorreção como etapa indispensável ao processo de auto-avaliação:

A auto-correção recobre igualmente a dupla idéia de um processo cognitivo integrado ao processo auto-avaliativo e de uma conduta conscientemente adotada pelo indivíduo desejoso de se desligar da tutela de um professor, e que consiste por meios adequados e explícitos  em retificar por si mesmo um resultado, o raciocínio pelo qual ele foi produzido ou o método-escolhido para conduzir o raciocínio e produzir o resultado, mas também para retificar, melhorar ou reforçar  os conhecimentos a partir das informações recolhidas para o autocontrole. (p. 59).


A autocorreção é um exercício constante, e vários instrumentos pedagógicos podem favorecê-la, como, por exemplo, o portfólio.
O uso do portfólio é um excelente instrumento para o procedimento autoavaliativo, ousando leituras e relações pessoais, mas também útil para os procedimentos avaliativos do professor. Uma das finalidades do portifólio, no que se refere ao seu uso pelo professor, é poder conhecer melhor o aluno, constatar o que está sendo apreendido por este, adequar o processo de ensino conforme o que se pode constatar e julgar globalmente o processo de ensino-aprendizagem.
Os três conceitos que Régnier apresenta para a compreensão da autoavaliação (autonotação, autocontrole e autocorreção) podem ser desenvolvidos com o auxílio do portfólio, nele o aluno pode, ao vislumbrar sua produção de modo processual, perceber e até mesmo atribuir um julgamento pessoal ao seu processo de aprendizagem e de compreensão sobre o que e como tem aprendido. Ao conscientizar-se sobre os conteúdos de seu aprendizado e sobre os procedimentos pelos quais se aproximou do “saber, saber-fazer e saber ser”, no rumo desta apropriação, o autocontrole, que representa a sua conscientização e a sua responsabilização pessoal pelo aprendizado, pode conduzir o aluno ao processo necessário e consequente de autocorreção. No processo de autoavaliação o aluno pode identificar possibilidades de aprimoramento e buscar de forma autônoma orientar-se na reelaboração de seu próprio conhecimento, compreendendo as falhas como objetos de seu aprendizado e buscando superá-las por meio da reflexão acerca dos processos que as produziram.
O caminho educativo passa pela experiência constante de erros e acertos e é fundamental que o aluno aprenda a lidar com essas duas instâncias com muita tranquilidade, entendendo que o erro faz parte de um processo maior de conscientização. Não há porque evitar erros, pois eles são professores muito eficazes, não é evitando-os que se aprende, mas sim olhando para eles, dialogando e verificando como corrigi-los. O aprendizado real necessita de reflexões profundas, e o fato de encontrar erros leva o indivíduo a parar e aprofundar determinada questão. Na perspectiva da filosofia oriental, o erro conduz ao acerto e o acerto conduz ao erro, esses são aspectos inseparáveis do movimento rumo à produção do conhecimento.
Quando o erro é visto como algo a ser evitado a todo o custo, a avaliação se torna instrumento punitivo e é capaz de gerar bloqueios e precariedade nas reflexões, bem como produzir baixa autoestima, levando ao possível fracasso escolar. Pensar em avaliação significa pensar também nas questões psico-afetivas que envolvem esse procedimento, tais como o medo, a ansiedade, a paralisia, a competitividade, entre outros.
Todos nós exercemos o poder de avaliadores e avaliados, é algo que está implícito em nossas relações interpessoais; uma vez que toda relação pode resultar em um tipo específico de aprendizado, as formas avaliativas e suas conseqüências nos acompanham em todos os momentos da vida.
Aprendemos mais e melhor, ou ainda menos e pior, como conseqüência da maneira como experimentamos os sentimentos originados pelo fato de sermos avaliados pelos outros e de avaliarmos por eles. Sem dúvida essas vivências orientaram um tipo particular de autoavaliação, que ora nos impeliu para frente alicerçando bons sentimentos em relação a nós mesmos, ora nos bloqueou, muitas vezes até de forma traumática, gerando sentimentos de incapacidade e insuficiência enquanto pessoas inseridas em um mundo de outros “melhores”.
A avaliação, quando unicamente centrada em resultados, com foco unidirecional reafirma um estilo de educação fragmentada. O contrário disso significa orientar os estudos para a perceção global da informação, neste processo o erro e o acerto são vistos como caminhos importantes de aprendizagem. Desse modo, o erro é visto de maneira positiva, pois propicia o aprofundamento do conhecimento, quando o indivíduo por meio do erro busca compreender o caminho que o leva ao acerto ao mesmo tempo em que compreende o caminho que o levou ao erro.
A aceitação de si mesmo e do outro também passa por esta condição, ou seja, pela capacidade de aceitar os erros e os acertos, sabendo-os importantes na construção do conhecimento e fundamentais para os avanços que se pretendam.
Avaliar também implica em organizar conteúdos escolhendo novas temáticas, aqui todo cuidado é pouco, pois muitas vezes apenas repetimos o padrão herdado da cultura que elege alguns valores em detrimento de outros. No caso específico do Ensino Religioso Escolar no Brasil, convém lembrar que esta disciplina foi marcada pela supremacia do cristianismo sobre as demais religiões, e que no princípio ainda se restringia ao catolicismo apostólico romano. É preciso modificar este paradigma, entender e valorizar a pluralidade cultural e religiosa, a fim de que a distribuição dos conteúdos não venha a reafirmar a supremacia de uma cultura sobre a outra.
É preciso questionar constantemente os campos de conhecimento que serão trabalhados em sala de aula, buscar ter um pouco mais de clareza quanto ao que se refere ao processo que determina quais serão os conteúdos elencados, os graus de importância que damos a eles, e o motivo que nos leva a escolhê-los em detrimento de outros.
A valoração que se estabelece depende de cada cultura e obedece a determinações políticas, se não há como escapar desta posição, ao menos podemos lançar um pouco de luz, compreendendo que a hegemonia dos conteúdos não é um dado absoluto, e sim relativo e, portanto, avaliar pode abranger outras formas de visão, mais abrangentes e flexíveis. Pois sabemos que a avaliação acaba por legitimar o valor de certos tipos de atividades educativas e discrimina outras tantas. A avaliação implica em perscrutar as culturas e a rede de relações entre os sujeitos e seus contextos.
Para tanto, necessitamos considerar o não explícito do sistema, cuja influência sem dúvida alguma é muito forte. Aquilo que não é visto, mas que modela e origina comportamentos dentro do sistema. Cabe àquele que avalia focar sua atenção no todo institucional, sem deixar escapar o todo orgânico.
Quem avalia, incluindo aí o docente de Ensino Religioso, deveria sempre fazer novas perguntas, dessa vez dirigidas a si mesmo, como, por exemplo:

·         Quais as causas do erro e do fracasso?
·         Em que medida o erro pode ser caminho para o acerto e vice-versa?
·         Qual a relação entre um erro e outro?
·         Quais as pistas para uma ação corretiva?
·         Quais as religiões que ainda sofrem preconceito em nosso meio, e como trabalhar seus conteúdos em sala de aula?
·         Como a leitura masculina das religiões impregna nossa maneira de compreender o fenômeno religioso?
·         Como trabalhar com a valorização das culturas e tradições religiosas, bem como dos movimentos místicos e filosóficos sem embutir preconceitos e distorções?
·         Como resgatar o valor das manifestações do sagrado na parcela religiosa que foi historicamente excluída, a saber: os índios, os negros, as mulheres...?
·         Quais as maneiras de focar o mundo exterior e, ao mesmo tempo, estabelecer relações com o conhecimento que cada aluno constrói na vivência familiar e particular?
·         Como atuar pedagogicamente de modo a favorecer descobertas e flexibilizar padrões antigos que afetam a percepção?
·         Como utilizar o conhecimento para abolir preconceitos?
·         O Ensino Religioso Escolar atualmente não se preocupa em evangelizar e aborda o conhecimento religioso tal qual acontece, sem valorizar esta ou aquela religião. Certas vezes esta mudança paradigmática gera desconforto em algumas famílias. De que maneira o professor pode mediar os conflitos originados?

Poderíamos seguir adiante com muitas perguntas, mas estas agora caberão a cada professor, aluno e comunidade escolar.
A avaliação deve prestar auxílio no processo de aprendizagem humana sem perder de vista todas essas indagações, caso contrário, ela se limita à medição, aprovação e reprovação, e não cumpre a função principal de ser agente transformador e facilitador da aprendizagem, o que resulta em novos comportamentos face a um mundo plural.
Para concluir este trabalho, citamos um trecho do poema “Deste ou daquele modo”, de Fernando Pessoa (1974): “Procuro despir-me do que aprendi, / Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram, / E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, / Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras [...]. (p. 63).
Aprender significa um pouco disso, pois todo aprendizado é mudança e toda mudança requer que a tinta velha seja removida e que os verdadeiros sentidos possam mostrar-se a fim de que aquele que aprende sobre o mundo, aprenda com igual intensidade sobre si mesmo. O aprender, nesse sentido, é sempre um aprender-se. O avaliar é sempre o ponto de encontro com a realidade do que se sabe e o que se pretende ainda saber; nele, as falhas, as tintas velhas, se evidenciam e, com bom grado e um pouco de ciência sobre o que se faz e o como se faz, o trabalho pode continuar...
A avaliação é importante em todo o processo educativo e, como vimos, no Ensino Religioso, se desdobra e avança em muitas funções. O foco na avaliação estende uma rede de interações que envolvem conteúdos, objetivos, metodologias, adequação dos temas às faixas etárias e ao desenvolvimento cognitivo e emocional dos alunos. Nessa complexidade a avaliação torna-se norteadora, é ela que indica os caminhos que devem ser seguidos e os caminhos que devem ser abandonados.
O medo da avaliação surge por conta da má utilização de seus recursos. Avaliar supera o antigo pressuposto de que o acerto é melhor do que o erro, pois a avaliação no Ensino Religioso utiliza-se do erro para clarificar conteúdos, para modificar abordagens, enfim, erros e acertos são balizadores do caminhar pedagógico.
Nas várias escolas pedagógicas podemos identificar claramente as ideologias que marcaram os diferentes períodos da política brasileira, acompanhando estas tendências  o professor pode refletir melhor acerca dos mecanismos e das intenções que impulsionam as práticas pedagógicas.


INDICAÇÃO CULTURAL - filme

SONHOS. Direção: Akira Kurosawa. Produção: Mike Y. Inoue e Hisao Kurosawa. Japão Warner Bross, 1990. 119 min.

Esse filme é feito em 8 segmentos distintos (sonhos), sugerimos assistir ao último quadro, intitulado: “O povoado do moinho”. O filme todo trata de refletir sobre a condição da vida e da morte das pessoas, sob a ótica da filosofia japonesa. Esse quadro, em específico, mostra o diálogo entre um homem jovem e um aldeão velho, apresentando a vida sob a perspectiva da harmonia da natureza, e culmina, dentro da mesma perspectiva, com a apresentação da morte.
“O povoado do moinho” pode ser utilizado em sala de aula para abordar a temática da morte nas diferentes culturas religiosas, bem como para abordar símbolos e ritos religiosos, entre outros conteúdos.

OUTROS FILMES:

Título do filme                                                    Abordagem
1) Além da Eternidade (1989)
Princípios do espiritismo
2) Um Homem de Família (2000)
A procura da verdadeira felicidade
3) A Fuga das Galinhas (2004)
As diversidades individuais em relação ao grupo
4) Lutero (2003)
Reforma protestante
5) Pocahontas (1995)
Tradições indígenas
6) Paixão de Cristo (2003)
Releitura da via dolorosa
7) Madre Tereza
Biografia de madre Tereza de Calcutá
8) Irmão de Fé (2004)
Conversão de São Paulo
9) Irmão Sol, Irmão Lua (1973)
Vida de São Francisco
10) Brincando nos Campos do Senhor
Catequização indígena
11) Francesco (1989)
Biografia de São Francisco de Assis
12) O Espanta Tubarões (2004)
Liberdade para ser diferente
13) Formiguinhaz (1998)
Sobre a solidariedade e trabalho coletivo
14) Gandhi (1982)
Biografia de Gandhi
15) Questão de Honra (1992)
Princípios de justiça
16) Amistad (1997)
Cultura afro
17) Deus é Brasileiro (2001)
Cultura religiosa brasileira
18) Pacth Adams: o Amor é Contagioso (1998)
Poder da cura pelo amor
19) As Profecias de Nostradamus (1994)
Biografia do profeta Nostradamus
20) A Espera de um Milagre (1999)
História mediúnica
21) A Sétima Profecia (1988)
Escatologia
22) O Quinto Elemento (1997)
Confronto entre o bem e o mal
23) Energia Pura (1995)
Dom sobrenatural
24) O Nome da Rosa (1986)
Idade Média e o catolicismo
25) Linha Mortal (1990)
Entre a vida e as sensações pós-morte
26) Ecos do Além (1999)
Hipnose
27) O Pequeno Buda
Aborda aspectos do budismo tibetano.
28) História sem Fim (1984)
Magia
29) Voltar a Morrer (1991)
Hipnose
30) O Auto da Compadecida (2000)
Julgamento após a morte; a decisão entre céu e inferno
31) Destino em Dose Dupla (1990)
Reencarnação
32) Manika: a Menina que Nasceu duas vezes (1988)
Reencarnação hinduísta e cultura oriental
33) O Corpo (2001)
Antropologia e fé
34) A Missão (1986)
Cultura indígena e a catequização jesuítica
35) Em Algum Lugar do Passado (1980)
Auto-hipnose
36) A Odisséia (1997)
Mitologia
37) Ghost: do outro Lado da Vida (1990)
Mediunidade
38) Casamento Grego (2002)
Cultura grega
39) O Último Imperador (1987)
Cultura chinesa
40) Campo dos Sonhos (1989)
Vida após a morte
41) Um casamento à Indiana (2001)
Tradições e costumes hindus
42) Os Espíritos (1996)
Comunicação com os espíritos
43) O Pequeno Buda (1993)
Reencarnação budista
44) Minhas Vidas (1987)
Projeção astral
45) Sete anos no Tibet (1997)
Dalai Lama como mentor espiritual
46) As 200 Crianças do Dr. Korczak (1990)
Direitos infantis
47) Kundun (1997)
A história do 14º Dalai Lama; cultura chinesa; "Sociedade Budista do Espírito"
48) O Príncipe do Egito (1998)
Judaísmo
49) O Mahabharata (1989)
A apresentação de um dos textos sagrados do hinduísmo
50) Paixão Eterna (1987)
Vida após a morte e reencarnação
51) Hércules (1997)
Mitologia
52) Jesus de Nazaré (1997)
Trajetória do fundador do cristianismo
53) A Corrente do Bem (2000)
Princípios de bondade e o reflexo social
54) Um Anjo Rebelde (2000)
O Limbo e a reencarnação
55) Os Outros (2001)
Os espíritos que convivem conosco; mundo sobrenatural
56) A Cela (2000)
Espiritualidade e psicopatia
57) Ressurreição (1998)
Amizade, família e comunidade
58) Stigmata (1999)
Fé e possessão do demônio
59) O Mistério da Libélula (2002)
Influência dos mortos na vida dos vivos
60) O Dom da Premonição (2000)
Dom mediúnico
61) Falando com os Mortos (2002)
Dom mediúnico
62) O Pagador de Promessas (1962)
Discussão sobre a influência da religião na sociedade
63) Fé demais não Cheira Bem (1992)
Discussão sobre a influência dos evangélicos de TV na sociedade
64) Vida após a Morte (1992)
Depoimentos sobre pessoas que passaram por "semimorte"
65) Anjo de Vidro (2004)
Existe o destino?
66) Deixados para trás 1 (2001)
Sobre o livro do Apocalipse da Bíblia
67) Deixados para trás 2: comando tribulação (2002)
Sobre o livro do Apocalipse da Bíblia
68) Não tenha Medo: a Vida e os Ensinamentos do Papa João Paulo II (1996)
A trajetória do Papa João Paulo II e suas mensagens para o mundo contemporâneo
69) Tenha Fé (2000)
Conflito sobre o celibatarianismo
70) Amor além da Vida (1998)
Discussão entre o suicídio e a condenação ao inferno
71) Em Nome de Deus (1988)
Conflito sobre o celibatarianismo

Fonte: GPER, 2009.
www.gper.com.br


INDICAÇÃO CULTURAL-Música

GIL, G. Guerra Santa. In: GIL, Gilberto. Quanta. Rio de Janeiro: Warner Music Brasil, p1997. 1 CD. Faixa 12.

O texto da música “Guerra Santa”, de Gilberto Gil, trata de apresentar diferentes crenças e afirmar que existem diferentes sons e nomes de Deus, mas os sonhos humanos são os mesmos. Afirma o direito de cada um exercer sua crença livremente.


QUESTÕES PARA REFLEXÃO


Leia o texto a seguir.


Viver em um mundo plural não é tarefa fácil, os preceitos religiosos costumam apontar e definir comportamentos que os membros de determinado grupo religioso devem adotar em relação aos outros.
Vejamos, então, como algumas tradições religiosas encaram a vivência de relacionamentos fraternos entre as pessoas e, até mesmo, entre as diferentes formas de vida (conforme caderno pedagógico elaborado pela ASSINTEC em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Curitiba):

“Que todos os seres sejam felizes, que todos os seres vivam em paz!” Budismo

“Ame o próximo como a ti mesmo...” Cristianismo

“Amizade e fraternidade são as virtudes cardeais. Deve-se angariar muitos amigos e amá-los como a irmãos. O homem sábio escolherá amigos dignos de amor fraternal.” Confucionismo

“O homem bom não faz distinção entre amigo e inimigo, irmão e estrangeiro, mas os considera a todos com imparcialidade. Um verdadeiro amigo sempre será compassivo.” Hinduísmo

“Toda a humanidade é uma família, um povo. Todos os homens são irmãos e devem viver como tal. Deus ama aqueles que vivem assim.” Islamismo

“Seja justo e imparcial para com todos. Trate sempre todos os homens como irmãos. Como se trata os homens, assim se deve tratar todos os animais. Eles também são nossos irmãos.” Jainismo

“Deus fez todos os homens irmãos e eles devem viver juntos como irmãos em todo o tempo. E é bom para os homens agirem em unidade como irmãos. Tal ação será abençoada por Deus e prosperará.” Judaísmo

“O céu é o pai e a terra é a mãe de todos os homens. Portanto, todos os homens são irmãos e devem viver juntos como tal. Vivendo assim, o país será livre de ódio e tristeza.” Xintoismo

“Juntem-se, meus irmãos, e removam toda a incompreensão através da mútua consideração.” Sikhismo

“O espírito de fraternidade, de bondade é necessário se alguém quiser ganhar amigos. O espírito do mercador, onde os homens vendem mercadorias, não deve ser o espírito do homem bom.” Taoismo

“Os amigos devem ser pessoas santas. Um homem santo irradiará santidade a todos os seus amigos.” Zoroastrismo

“Convém a todos os homens, neste dia, apegar-se com firmeza ao grandíssimo nome, e estabelecer a unidade de toda a humanidade. Não há nenhum lugar para onde fugir, nenhum refúgio para se procurar, senão Ele.” Fé Bahá’í


Fonte: COSTA, GUILOUSKI, SCHLÖGL, 2007, p. 75-76.



ATIVIDADES APLICADAS: PRÁTICA

Seguem duas sugestões de atividades para serem trabalhadas com os alunos, em sala de aula:

1. Tema: A diversidade cultural e religiosa no mundo
Objetivo: Identificar a diversidade, percebendo sua importância e significação na vida dos povos e dos indivíduos.

Apresentar o seguinte texto aos alunos:


DIFERENÇAS RELIGIOSAS
                       
O diálogo inter-religioso pode provocar nas pessoas de diferentes crenças o desafio da descoberta do “outro”. Pode também propiciar um espaço de abertura para que as pessoas de diferentes crenças religiosas e pessoas sem crenças religiosas reflitam e trabalhem juntas pela construção de uma cultura de paz no mundo.
Você já reparou como em sua sala de aula as pessoas são diferentes?
Além das diferenças de fisionomia, de gostos, de voz, existem diferenças religiosas, nem todos praticam a mesma religião. Muitas pessoas possuem religião, e outras não. Isso acontece porque nosso país é um país de liberdade de crenças, ninguém é obrigado a ter religião ou a seguir esta ou aquela crença. As pessoas agem conforme suas necessidades, sua compreensão de mundo e espiritualidade e, muitas vezes, seguem as tradições da família e do meio ao qual pertencem.
É muito interessante conhecer as pessoas neste aspecto, saber de suas buscas espirituais e crenças; saber mais sobre elas pode nos auxiliar a compreendê-las melhor e a respeitar suas convicções. Não precisamos partilhar das mesmas idéias para que possamos respeitar o outro, necessitamos de conhecimento e de bom coração para podermos permitir que o outro seja quem ele é.
Nossa classe pode ter alunos que praticam a fé cristã, que praticam o espiritismo, o candomblé, o judaísmo... e ainda alunos que não pertençam a nenhuma tradição religiosa. Tudo isso faz de nossa classe uma turma de diversidade, de diferenças e também nos torna mais interessantes. Podemos aprender sobre o universo religioso a partir de nossa convivência, a partir do reconhecimento de nossas diferenças e do compartilhar de nossas experiências religiosas.
É claro que ninguém vai querer converter ninguém! Isto geraria apenas inimizades.  Também não estamos querendo provar nada para os colegas, não vamos julgar as crenças pessoais; vamos, sim, conhecer as diferentes crenças, para ampliar o nosso conhecimento e para poder realmente compreender a complexidade do universo religioso e garantir que todos tenham liberdade em vivenciar sua tradição religiosa ou mística, garantir o direito ao afeto e à vida em comunidade, respeitando aquilo que é da escolha de cada um. Como cantou Gilberto Gil: “o seu amor, ame-o e deixe-o ser o que ele é...”.


A partir do estudo do texto, a classe poderá elaborar um cartaz contendo uma série de princípios que garantam a qualidade do relacionamento interpessoal de todos, levando em consideração as diferenças religiosas.
Avaliação: Construção de uma composição musical, escrita, plástica, cênica ou outra modalidade que sintetize a conclusão de cada aluno sobre este tema.


2. Tema: Maneiras diferentes de fazer religião

Objetivo: Perceber como diferentes culturas do mundo vivenciam o contato com o sagrado.

Projetar os primeiros minutos do filme Baraka, no qual são apresentadas diferentes imagens de culturas religiosas do mundo.

BARAKA. Direção: Ron Fricke. Produção: Mark Magidson e Michael Stearns. EUA: Versátil Home Video, 1992. 96 min.

Baraka é um documentário dirigido por Ron Fricke e trata de apresentar apenas imagens de várias paisagens, igrejas, ruínas, cerimônias religiosas e cidades... Foi filmado em 70mm, em 23 países: Argentina, Brasil, Camboja, China, Equador, Egito, França, Hong Kong, Índia, Indonésia, Irã, Israel, Itália, Japão, Quênia, Kuweit, Nepal, Polônia, Arábia Saudita, Tanzânia, Tailândia, Turquia e EUA. O filme apresenta apenas sons e imagens, nada de diálogos ou narrações. Há uma elaborada intenção nas imagens apresentadas e em sua sequência. Porém, o filme favorece a livre reflexão para quem o assiste.


Após a exibição do trecho do filme, partir para uma reflexão com a turma sobre as impressões causadas pelas imagens. Depois, passar o início do filme mais uma vez, porém agora executando pausas e localizando, juntamente com os alunos, as culturas que são ali apresentadas.
A partir disto, os alunos poderão, em equipes, organizar maquetes que mostrem culturas e rituais religiosos diversos.

Avaliação: Identifica as diferenças pessoais, culturais e religiosas presentes em sua realidade próxima e distante, bem como vivencia o respeito às diferenças.





* O Inglês William Harvey (1578-1657) rejeitou a teoria de Galeno que vigorava já por 14 séculos, foi ele quem desvendou o funcionamento da circulação sanguínea, apesar da crítica de seus colegas à época. 
* A teoria comportamental trata de explicitar motivadores e inibidores do comportamento, a fim de que este possa ser modelado.

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