domingo, 29 de março de 2015

Não existem culturas superiores e inferiores, só formas de ver o mundo, experimentar, sentir e viver!! Quando aprendamos isso compreendamos uns aos outros que somos parte da natureza e que somos verdadeiramente irmãos!!






Livro espírita da Turma da Mônica vende 10 mil cópias em semana de lançamento TERESA PEROSA

Lançado há uma semana, o livro “Meu Pequeno Evangelho”, que traz a Turma da Mônica em histórias de cunho espírita, já vendeu mais de 10 mil cópias. Publicado pela Editora Boa Nova, a obra é ilustrada por Mauricio de Sousa e escrita pelo designer peruano Luis Hu Rivas e pelo baiano Alã Mitchell.
Ilustração do livro "Meu pequeno evangelho", de Maurício de Sousa, Luis Hu Rivas e Alã Mitchell (Foto: Reprodução)

Livro da Turma da Mônica traz versão espírita do Evangelho

http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/felipe-patury/

O cartunista Mauricio de Sousa já contou histórias de sua Turma da Mônica nas mais variadas situações – inclusive religiosas. O que nunca tinha feito é um livro que juntasse Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali, Anjinho e Penadinho em histórias de cunho espírita. Esse é o tema de Meu pequeno evangelho, livro que ele lançará em São Paulo no próximo dia 13 de dezembro. O livro é ilustrado por Mauricio de Sousa e escrito pelo designer peruano Luis Hu Rivas, um entusiasta do espiritismo, e pelo baiano Alã Mitchell, convertido aos 15 anos.

A Cor do Paraíso - Filme Completo

sexta-feira, 27 de março de 2015

Ser Hare Krishna?

Templo Hare Krishna serve 200 refeições por dia de graça



De segunda a sexta-feira, as janelas da sede são abertas ao meio-dia e às 20h para saciar a fome de qualquer um que estenda os braços para receber a refeição vegetariana. “Não usamos ingredientes obtidos de forma violenta, pois todo animal morto libera adrenalina e isso vai para o organismo de quem come o animal”, justifica Hara Kanta.
No almoço, o prato é à base de arroz, feijão, salada e pão. No jantar, são servidos pão e sopa com proteína texturizada de soja (PTS). E a maioria repete o prato. “Antes de servir, abençoamos todos os alimentos, e acreditamos que quem come fica mais tranquilo”, afirma.
Recursos
Diariamente são consumidos aproximadamente nove quilos de arroz e cinco quilos de feijão, além de óleo, gás, temperos, verduras e frutas, que eles não registram na ponta do lápis. O mais surpreendente é que o movimento tem como principal fonte de recursos tanto para a distribuição gratuita de alimentos, quanto para a manutenção da sede (aluguel, etc) os valores obtidos com os livros que eles entregam pela cidade.
O Bramacari (monge) Phalguna acrescenta que o segredo deles está em “usar de forma inteligente os recursos materiais”. “Quanto mais você compartilha e administra as graças divinas, mais recursos você recebe para repassar. A maioria das pessoas tende a se preocupar apenas com os sustento de si mesmo ou dos mais próximos e isso não faz aumentar a riqueza”, afirma.
Com exceção das doações que eles conseguem aos sábados, quando vão à Central de Abastecimento (Ceasa) de Curitiba garimpar frutas e verduras, não há nenhum recurso ou doação por parte de alguma instituição ou órgão municipal, estadual ou federal. “A Ceasa ajuda muito, mas os grãos e cereais, que respondem por 70% do que é consumido, é custeado com os livros”.
Voluntários
Todo apoio e doações são bem vindos, inclusive de trabalho voluntário para a própria cozinha e não precisa se transformar em um devoto. “Somos todos irmãos e filho de um pai, por isso toda forma de contribuição é válida”, explica Phalguna. Vale lembrar que eles não consomem nem carnes e peixes, nem ovos e isso inclui alimentos como massa de macarrão com ovos.


























Quem vai à janela do templo aprova a refeição. “É a segunda vez que estamos aqui, além de

economizar, ainda comemos bem”, explicou o casal Tiago Luís Bueno e Emeli Moroni da Rocha. O estudante Alex Neves conta que já pensa em contribuir com o templo. “Como pretendo vir sempre aqui, porque é uma forma saudável de se alimentar sem gastar, vou ajudar”.
Endereço
Quem quiser contribuir também pode entrar em contato com o templo pelo telefone (41) 3015-5106 ou email: iskconcuritibahkdb@gmail .com. O endereço da sede é: Rua Duque de Caxias, 76, bairro São Francisco.
Aqueles que se interessam pelo movimento também podem participar dos chamados festivais que eles realizam às 19h de segunda a sexta, onde são feitos estudos e mantras, ou aos domingos, às 17h.
Veja a galeria de fotos do Templo Hare Krishna e assista abaixo o vídeo:

http://cacadores.parana-online.com.br/sao-francisco/fome-de-paz/

quinta-feira, 19 de março de 2015

Ensino Religioso: Diversidade Cultural e Religiosa

Ensino Religioso: Diversidade Cultural e Religiosa

O Estado do Paraná tem, em sua gênese, uma rica diversidade cultural e religiosa, fruto dos mais diferentes processos imigratórios aqui estabelecidos. O respeito por essa diversidade e a compreensão das diferentes manifestações culturais relacionadas ao Sagrado, sem qualquer forma de proselitismo ou doutrinação, são aspectos fundamentais no tratamento da disciplina de Ensino Religioso como área de conhecimento no contexto escolar.

O presente livro, pertinente às aulas de Ensino Religioso do Ensino Fundamental dos Anos Finais, foi produzido coletivamente pelos professores da Rede Estadual de Ensino Público do Paraná e organizado pelo Departamento de Educação Básica (DEB) da Secretaria de Estado da Educação (SEED) e pela Associação Inter-religiosa de Educação (ASSINTEC), apresentando-se como um material de apoio didático pedagógico para os professores da Rede Estadual Pública de Ensino do Estado do Paraná e tendo como referência os documentos orientadores da Educação Básica.

Com esta iniciativa, a Secretaria de Estado da Educação (SEED) busca incentivar junto aos professores uma ampla reflexão sobre essa diversidade religiosa, fomentando o interesse e o respeito pelas culturas religiosas estabelecidas na sociedade brasileira.

Capa do livroEnsino Religioso: Diversidade Cultural e Religiosa
http://www.ensinoreligioso.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1271

terça-feira, 17 de março de 2015

Santa Mônica & Santo Agostinho - Não tenha medo!

Aluna é ameaçada de eliminação no exame da OAB por usar véu

Izabelle Mundim
Do UOL, em São Paulo
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    Charlyane sofreu constrangimento no exame da OAB por usar véu muçulmano
    Charlyane sofreu constrangimento no exame da OAB por usar véu muçulmano
No último domingo (15), milhares de formandos e bacharéis em Direito se submeteram ao XVI Exame de Ordem Unificado da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em todo o país. Uma delas foi Charlyane Souza, 29, que está no 9º período de direito e se preparou para a prova com o objetivo de obter o sonhado registrado na Ordem e se tornar advogada após se formar.

Mas, ao contrário das outras estudantes que prestaram a prova no mesmo local, Charlyane usava um hijab, tradicional vestimenta muçulmana, e foi ameaçada de eliminação no exame, caso não o tirasse. "Li todo o edital da prova e não havia nada que falasse sobre o lenço, mas fui preparada para ser revistada", diz.

Quando chegou ao local da prova, que é organizada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), ela foi revistada. Constataram que ela não portava nenhum objeto embaixo do hijab e a orientaram a ir para a sala. "Quando se passou cerca de uma hora do início da prova, uma representante da FGV me convidou para acompanhá-la. Parei a prova e fui", conta.

A coordenadora perguntou a Charlyane se ela era brasileira e disse que, de acordo com o edital, a estudante não poderia realizar a prova portando objetos de chapelaria. "Eu respondi que não estava usando um objeto de chapelaria, mas um hijab que fazia parte da minha vestimenta e que eu usava em todos os lugares, trabalhava e estudava com ele", diz.

Véu deve ser autorizado na sala de processos seletivos?

Resultado parcial
Ela perguntou se Charlyane tinha alguma comprovação de que pertencia à religião, afirmando que qualquer pessoa poderia chegar "fantasiado, alegando ser muçulmano". "Eu expliquei que já havia sido revistada e ela disse que, usando o hijab, eu poderia constranger as outras pessoas e que se não tirasse, eu seria eliminada".

O item do edital de abertura do exame que trata do porte de objetos diz que será eliminado o examinando que for surpreendido durante a prova portando aparelhos eletrônicos diversos "ou quaisquer acessórios de chapelaria, tais como chapéu, boné, gorro etc", mas nada fala sobre a vestimenta.

A coordenadora informou à estudante que no ato da inscrição deveria ter solicitado atendimento especial para realizar a prova em sala individual. O edital do exame só trata da necessidade de atendimento especial em caso de deficiência ou doença que justifique tais condições especiais ou para examinandas durante o período de lactação.

A coordenadora disse que Charlyane poderia voltar para a sala ciente de que poderia ser eliminada.

Mais constrangimento

"Voltei para a sala e após mais uma hora de prova sou chamada pelo vice-presidente da Comissão do Exame da OAB [Rubens Decoussau Tilkian]. Levantei e fui chorando", diz. O vice-presidente e dois advogados da Comissão do Exame disseram que entendiam Charlyane, mas que ela não poderia fazer a prova usando o hijab.
"Eu disse que como eles eram advogados poderiam entender que eu estava exercendo o meu direito de cidadã, que não há lei no Brasil que proíba manifestação religiosa e que eu só queria fazer a minha prova", diz.

Os advogados perguntaram se ela se sentiria constrangida se fosse convidada a retirar o lenço e voltar para a sala. "Eu disse que iria repetir que eu não podia retirar meu véu em locais públicos e que seria ainda mais constrangedor se eu voltasse para a sala sem, depois de sair duas vezes", diz.

Charlyane terminou a prova em uma sala individual e afirmou aos advogados que iria reclamar judicialmente. "Eu fiquei totalmente constrangida, não consegui mais fazer o exame e, apesar de ter estudado muito, não fui aprovada", diz.
"Estamos aguardando o posicionamento da OAB e da FGV em relação ao caso e se houver inércia da parte deles, iremos recorrer a vias judiciais", afirmou Daniela Coelho, advogada de Charlyane.
A reportagem também entrou em contato com a OAB-SP e com a FGV Projetos, que organiza a prova, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.

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segunda-feira, 16 de março de 2015

‘Literatura associada ao adjetivo negro incomoda’, diz editor de coletivo

21/11/2014 08h20 - Atualizado em 22/11/2014 17h24

‘Literatura associada ao adjetivo negro incomoda’, diz editor de coletivo

Para Guellwaar, literatura brasileira precisa explicar porque é tão branca.
Escritores e pesquisadores de coletivo baiano defendem a literatura negra.

Danutta RodriguesDo G1 BA
Existe literatura negra ou apenas uma literatura universal? A partir dessa provocação que quatro escritores e uma pesquisadora do coletivo literário baiano “Ogum’s Toques” afirmaram, em conversa com o G1, que o negro como adjetivo de literatura não pode ser interpretado como restrição e é a literatura brasileira que precisa explicar porque é tão branca. “O negro na literatura brasileira transforma o sentido e a produção do sentido do fazer literário. Mais do que querer impor domínios e fronteiras, ele está provocando uma enunciação de uma série de sujeitos e escritores que sempre estiveram aí, mas não alcançaram esse lugar de enunciação”, defende Ari Sacramento, escritor e professor do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
(O G1 publica até domingo (23) matérias com temas relacionados ao mês da Consciência Negra)

Para Guellwaar Adún, compositor, educador, escritor e editor do coletivo “Ogum´s Toques”, todas as vezes que o adjetivo negro é associado a alguma coisa positiva, isso incomoda a sociedade brasileira. “Cabe sempre associar o negro a algo ruim. Se você fala em vala negra, em câmbio negro, mercado negro, lista negra, quando o adjetivo está associado a algo ruim isso não incomoda a sociedade brasileira. Mas quando você associa à grande arte, que é a literatura e você associa isso ao adjetivo negro, me parece que cria alguns frissons porque o que foi afirmado historicamente é que esse sujeito não pensava, não é um sujeito de conhecimento e aí ele está dizendo que faz literatura?”, reflete Adún. (No vídeo acima, escritores e pesquisadora declamam poemas de autores negros)
Não só o lugar de fala, mas acima de tudo o da representação e identificação. É assim que a pesquisadora Cristian Sales compreende o significado da literatura negra. Além de promover o discurso e defender o discurso, a literatura negra humaniza o personagem negro, a personagem negra.
“Ela milita num campo de construir uma tessitura literária que está interessada em visibilizar a voz do escritor negro, dar corpo a esse corpus novo literário, narrativo, poético, que vai inserir a mulher negra e o homem negro em outras histórias, não a história do malandro, não a história da prostituta, não tem nada disso, está para além disso. A gente quer a visibilidade, mas uma visibilidade que nos humanize, e eu acho que isso pode definir a literatura negra”, afirma. "É importante destacar no nosso discurso que estamos falando de negros e negras, não de afrodescendentes", alerta Cristian Sales.
Mel Adún e Henrique Freitas, escritores do coletivo Ogum´s Toques (Foto: Danutta Rodrigues/G1)Mel Adún e Henrique Freitas, escritores do coletivo
Ogum´s Toques (Foto: Danutta Rodrigues/G1)
A jornalista e escritora Mel Adún reforça o discurso de Cristian Sales e defende que a literatura negra conta o outro lado da história, e não apenas uma história única e estereotipada.
“Claro que vai ter malandro, mas não tem só essa face, tem outras faces e tem esse caminho mesmo de como se chegou até ali. O que a gente vê na história da literatura brasileira são personagens negros e negras sem sobrenome, sem família, com funções de uso mesmo é serviçal em todos os sentidos”, revela. “Não é que ela não vá abordar esses personagens, mas até esses personagens, quando eles são abordados, eles são tomados dentro da sua integralidade, de como eles chegaram naquele lugar”, complementa Guellwaar Adún. 
Feira de Frankfurt
Em 2013, o Brasil foi homenageado na Feira de Frankfurt, na Alemanha. Na ocasião, o país foi considerado como racista por ter apenas um negro na lista de 70 autores selecionados para participar do evento. "Eu pergunto o que significa essa literatura universal? E eu tenho a curiosidade de saber que conhecimento essas pessoas que defendem isso têm sobre as literaturas africanas ou a literatura negra ou sobre autores negros. E aí a gente descobre que esse universal ele diz respeito a um universal extremamente particular. A Feira de Frankfurt, o ano passado, demonstra o quão particular é esse universo", comenta o professor do Instituto de Letras da UFBA e escritor Henrique Freitas.
Para ele, no momento em que a seleção feita no Brasil levou essa representação da literatura nacional, é perceptível e emblemática a forma como é pensada a diversidade na literatura brasileira. "Temos escritores traduzidos para o alemão, com coletâneas que temos sucesso na Alemanha. Nem essa justificativa de que não tínhamos autores negros traduzidos para o alemão ela não é mais válida", afirma. Henrique Freitas ainda diz que discutir literatura negra não é discutir inclusão. “A gente precisa entender que a literatura negra ela traz contribuições decisivas para que a gente constitua, efetivamente, essa literatura brasileira em dever. Enquanto essa literatura negra e a produção literária indígena, em sua amplitude, não for contemplada nesse corpo que a gente chama de literatura brasileira, nós não teremos uma literatura brasileira”, defende.
Ari Sacramento diz que literatura canônica provoca silenciamento da literatura negra (Foto: Danutta Rodrigues/G1)Ari Sacramento diz que literatura canônica provoca
silenciamento da literatura negra
(Foto: Danutta Rodrigues/G1)
Ari Sacramento ainda complementa e diz que quando afirmam que só existe ‘A Literatura’, o que existe na verdade é uma denúncia.
"Denúncia de silenciamento, mas também há uma enunciação de outras demandas que estão sendo expressas. Então não é um lugar de ressentimento, não é um lugar de ‘apequenamento’ do sujeito, é na verdade reclamar esse lugar e denunciar algumas formas de silenciamento da literatura, que a literatura canônica provoca”, conclui.

Ogum´s Toques
“Autores negros existem, sempre existiram e continuarão a existir”. Esse trecho escrito pela jornalista e autora Mel Adún está inserido na orelha da coletânea poética Ogum´s Toques Negros, que reúne textos literários dos escritores negros AlexRatts, Alex Simões, Ari Sacramento, Claudia Santos, Daniela Luciana Silva, Dú Oliveira, Éle Semog, Elizandra Souza, Gabriela Ramos, Guellwaar Adún, Henrique Freitas, José Carlos Limeira, Júlia Couto, Lia Vieira, Lívia Natália, Mel Adún, Miriam Alves, Say Adinkra e Silvio Roberto. Outros tantos autores compõem o corpus da literatura negra como Lima Barreto, Conceição Evaristo, Machado de Assis, Maria Firmina dos Reis, Oswaldo de Camargo, Luiz da Gama, Paulo Lins, Cristiane Sobral, Lande Onawale, Nelson Maka, Rita Santana, Tom Correia, Carolina de Jesus, Antônio Diniz da Cruz e Silva, entre tantos outros.
Guellwaar Adún e Cristian Sales em conversa com o G1 (Foto: Danutta Rodrigues/G1)Guellwaar Adún e Cristian Sales em conversa com
o G1 (Foto: Danutta Rodrigues/G1)
O coletivo literário baiano, além de destinar espaço às discussões a respeito da literatura negra nas redes sociais, também dá visibilidade às produções literárias dos escritores negros. Atualmente o grupo faz uma campanha internacional de crowdfunding para publicar dez livros e consolidar a editora Ogum's Toques.
Em dezembro, o coletivo irá promover, de 15 a 20, a segunda Primavera Literária, em Salvador, que vai contemplar dois eventos integrados: o seminário ligado à Universidade Federal da Bahia (UFBA) chamado Áfricas e Negritudes, em que intelectuais que pensam a literatura negra no Brasil e fora do Brasil; e a segunda semana literária da Ogum´s Toques. Para saber mais sobre o coletivo, clique aqui.
http://g1.globo.com/bahia/noticia/2014/11/literatura-associada-ao-adjetivo-negro-incomoda-diz-editor-de-coletivo.html

STF convida entidades para discutir ensino religioso em escolas públicas


Procuradoria Geral da República quer impedir que religiosos deem aula.
Interessados em falar na audiência devem enviar currículo até 15 de abril.

Renan RamalhoDo G1, em Brasília
Supremo Tribunal Federal decidiu realizar no dia 15 de junho uma audiência pública para discutir como devem ser ministradas as aulas de ensino religioso nas escolas públicas.
O objetivo do debate é orientar os ministros para o julgamento de uma ação, proposta pela Procuradoria Geral da República, para que a disciplina tenha caráter não confessional, isto é, não possa ser ministrada por representante de determinada religião, de modo a evitar favorecimento à sua crença. A proposta é que o conteúdo seja ensinado por professores regulares da rede pública.

As entidades, órgãos ou especialistas interessados em falar na audiência pública devem enviar um e-mail para o STF (no endereço ensinoreligioso@stf.jus.br) até 15 de abril, com currículo de até uma página do expositor e sumário das posições a serem defendidas na audiência.

Relator da ação no STF, o ministro Luís Roberto Barroso informou, em despacho de convocação da audiência, que serão selecionados participantes com representatividade na comunidade religiosa ou entidade interessada, além de especialização técnica e expertise do expositor. A seleção buscará garantir pluralidade dos pontos de vista a serem defendidos.
O ministro já convidou 12 entidades para participar do debate, que poderá se estender por mais dias: Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Confederação Israelita do Brasil (Conib), Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Convenção Batista Brasileira (CBB), Federação Brasileira de Umbanda (FBU), Federação Espírita Brasileira (FEB), Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras), Igreja Assembleia de Deus, Liga Humanista Secular do Brasil (LIHS), Sociedade Budista do Brasil (SBB) e Testemunhas de Jeová.

Barroso destacou três pontos a serem discutidos:
- relações entre o princípio da laicidade do Estado e o ensino religioso nas escolas públicas;
- as diferentes posições a respeito dos modelos confessional, interconfessional e não confessional e o impacto de sua adoção sobre os sistemas públicos de ensino e sobre as diversas confissões religiosas e posições não religiosas;
- as diferentes experiências dos sistemas estaduais de educação com o ensino religioso.

Ação
A ação da PGR foi apresentada em 2010 e ainda não tem data para ser julgada. Nela, a subprocuradora da República Deborah Duprat propõe que as aulas de ensino religioso na rede pública ocorram "sem qualquer tomada de partido por parte dos educadores" e que o conteúdo se limite à "exposição das doutrinas, práticas, história e dimensões sociais das diferentes religiões, incluindo as posições não religiosas".

Ela argumenta que o caráter laico do Estado não significa vetar o ensino de religião nas escolas públicas, mas por outro lado, impõe "neutralidade" em relação às distintas religiões presentes na sociedade brasileira, "de modo a vedar o favorecimento ou embaraço de qualquer crença ou grupo de crenças".
Na ação, ela diz que o modelo não confessional protegeria "o Estado de influências provenientes do campo religioso, impedindo todo tipo de confusão entre o poder secular e democrático, de que estão investidas as autoridades públicas, e qualquer confissão religiosa".

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) estabelece que a matrícula no ensino religioso nas escolas públicas não é obrigatória. Ela também proíbe "quaisquer formas de proselitismo" e diz que deve ser "assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil".

Conforme a mesma lei, os sistemas de ensino devem ouvir entidades da sociedade civil de diferentes religiões para definir o conteúdo e normas para a habilitação e admissão dos professores.

Em 2010, foi decretado um acordo firmado entre o Brasil e o Vaticano prevendo "o ensino religioso, católico e de outras confissões religiosas" nos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental. O texto também garante "respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil" e proíbe "qualquer forma de discriminação".
http://g1.globo.com/educacao/noticia/2015/03/stf-convida-entidades-para-discutir-ensino-religioso-em-escolas-publicas.html