terça-feira, 4 de agosto de 2015

8 Histórias de diferentes etnias indígenas


Desenho: Isaka huni kuin
A equipe da Rádio Yandê escolheu diferentes histórias sobre a criação segundo alguns povos indígenas. Muitos relatos fazem parte de narrativas orais recolhidas por pesquisadores ou escritores em diferentes épocas. Algumas foram traduzidas para o português, o que faz com que algumas palavras que não existem em determinados idiomas, acabem sendo usadas para traduzir. Também sofrendo modificações de sentido de acordo com a visão de quem as escreve ou narra. Conhecidas como mitológicas pela concepção ocidental, essas histórias são repassadas de forma oral por professores, anciões ou familiares. 


1 - Txopai Itohã

Povo Pataxó

"Antigamente, na terra, só existiam bichos e
passarinhos, macaco, caititu, veado, tamanduá, anta,
onça, capivara, cutia, paca, tatu, sariguê, teiú...
cachichó, cágado, quati, mutum, tururim. Jacu,
papagaio, aracuã, macuco, gavião, mãe-da-lua e
muitos outros passarinhos.
Naquele tempo, tudo era alegria. Os bichos e
passarinhos viviam numa grande união.
Cada raça de bicho e passarinho era diferente, tinha
seu próprio jeito de viver a vida.
Um dia, no azul do céu, formou-se uma grande
nuvem branca, que logo se transformou em chuva e
caiu sobre a terra. A chuva estava terminando e o
último pingo de água que caiu se transformou em um
índio.
O índio pisou na terra, começou a olhar as florestas,
os pássaros que passavam voando, a água que
caminhava com serenidade, os animais que andavam
livremente e ficou fascinado com a beleza que estava
vendo ao seu redor.
Ele trouxe consigo muitas sabedorias sobre a terra.
Conhecia a época boa de plantar, de pescar, de caçar e
as ervas boas para fazer remédios e seus rituais.
Depois de sua chegada na terra, passou a caçar,
plantar, pescar e cuidar da natureza.
A vida do índio era muito divertida e saudável. Ele
adorava olhar o entardecer, as noites de lua e o
amanhecer.
Durante o dia, o sol iluminava seu caminho e aquecia
seu corpo. Durante a noite, a lua e as estrelas
iluminavam e faziam suas noites mais alegres e
bonitas. Quando era à tardinha, apanhava lenha,
acendia uma fogueirinha e ficava ali olhando o céu
todo estrelado. Pela madrugada, acordava e ficava
esperando clarear para receber o novo dia que estava
chegando. Quando o sol apontava no céu, o índio 
começava o seu trabalho e assim ia levando sua vida,
trabalhando e aprendendo todos os segredos da terra.
Um dia, o índio estava fazendo ritual. Enxergou
uma grande chuva. Cada pingo de chuva ia se
transformar em índio.
No dia marcado, a chuva caiu. Depois que a chuva
parou de cair, os índios estavam por todos os lados.
O índio reuniu os outros e falou:
-- Olha parentes, eu cheguei aqui muito antes de
vocês, mas agora tenho que partir.
Os índios perguntaram:
-- Pra onde você vai?
O índio respondeu:
-- Eu tenho que ir morar lá em cima no ITOHÃ,
porque tenho que proteger vocês.
Os índios ficaram um pouco tristes, mas depois
concordaram.
-- Tá bom, parente, pode seguir sua viagem, mas não
se esqueça do nosso povo.
Depois que o índio ensinou todas as sabedorias e
segredos, falou:
-- O meu nome é TXOPAI.
De repente o índio se despediu dando um salto, e foi
subindo... subindo... até que desapareceu no azul do
céu, e foi morar lá em cima no ITOHÃ.
Daquele dia em diante, os índios começaram sua
caminhada aqui na terra, trabalhando, caçando,
pescando, fazendo festas e assim surgiu a nação
pataxó. Pataxó é água da chuva batendo na terra, nas
pedras, indo embora para o rio e o mar. 

Narrado por Apinhaera Pataxó (Sijanete dos Santos Brás) e escrito por Kanátio
(Salvino dos Santos Brás), texto impresso e divulgado em livro. 


2 - Como a Noite Apareceu "Mai Pituna Oiuquau Ãna"

Tupi Guarani

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