quinta-feira, 30 de julho de 2015

Interpretação: Monte Castelo de Renato Russo



Com pensamentos positivos e defendendo o ato da sociedade se amar, os sentimentos e pensamentos desses atos amorosos, Renato Russo nos traz em "As Quatro Estações", a canção "Monte Castelo", apresentando um ritmo agradável e que combina perfeitamente com a letra.

Com a cruza de versos da Bíblia e de Camões, Renato fez perfeitamente uma mensagem de amor. Esperto? Sim, pois usou palavras alheias para se inspirar, mas afinal, eu também, assim como todos os colegas, fazemos isso, para podermos analisar. Errado? Nunca. Fez perfeitamente uma obra que foi a cara do disco, considerado pelo lado crítico, as opções e gostos além da ditadura, e ao lado religioso, às mensagens presentes em "Meninos e Meninas" e claro, abertamente, em "Monte Castelo".
Segue-se a letra e a interpretação desta:

Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.

Ainda que nós todos (usarei o plural porque apesar de estar em "eu", na música, ela se encaixa perfeitamente e totalmente, em todos nós), pudéssemos falar a língua dos homens, e tivéssemos e conhecimento de todas elas, e além disso, pudéssemos falar a língua dos anjos, sem amor, de nada seríamos.
O amor, ele move mais do que a sabedoria mundana. O amor não é carnal, nem humano (ou totalmente), o amor é espiritual e vem do afeto de um, ao outro.

É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal,
Não sente inveja ou se envaidece.

Aqui, fica claro, para todos nós, religiosos ou não, Legionários ou não, fãs de poesias de Camões, ou não, e que todos nós podemos tirar as conclusões sem conhecimento ou aprofundamento no tema.
O amor é a verdade, pois ele é verdadeiro. Ele caminha nos rumos da verdade e do que é verdadeiro entre os humanos. Ele é bom, por justamente ser verdadeiro, e por ser bom, não quer o mal, nem a inveja, nem a vaidade, nem nada de humano ou de impefeições do homem.

O amor é o fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

Essa parte é muito poética, mas podemos capitar mensagens nas entrelinhas e ficam coisas claras e de extrema importância quando falamos de amor, pois são essas figurações que nos mostram as características do amor segundo Camões:
O amor é fogo que arde sem se ver; Ele queima por dentro, como diria Chico Buarque. Ele é o fogo da paixão. Ele é o fogo insaciável do desejo .É ferida que dói e não se sente; Ele machuca por dentro e por fora. Ele faz morrer e faz matar. Ele é a causa de feridas internas, sentimentais, psicológicas, carnais e físicas.
É o contentar-se mesmo descontente e e é a dor que se manifesta sem doer.

Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria.

Ainda, que eu pudesse ter o dom da Profecia, que eu tivesse o direito de falar a língua dos homens, e a sabedoria de falar a língua dos anjos, sem amor, eu nada seria. Pois é ele quem move o mundo, e é ele quem move a vontade de querer saber falar e usar as coisas.

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É um não contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder.

Novamente, isso se repete: A poesia deixa nas entrelinhas as características do amor.
O amor é o não querer mais que bem querer. É o não querer amar, mas bem querer a pessoa. Ou não querer a pessoa, mas querer amá-la. É uma contradição, como será dito.
O amor é solitário andar por entre a gente. É o individual, é o cada um. Ele é o não contentar-se em estar bem de contente, e então, vem a frase X:
É o cuidar que se ganha em se perder. É o cuidar de quem está agora, após decepções e mentiras, que levaram a falta do amor, uma vez que ele é a verdade.

É um estar-se preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.

O amor é o estar preso por vontade. Ele é mais do que o que círculo preenche o vão dos dedos, ele é o querer estar preso à outro não só simbologicamente mas afetivamente.
Ele é servir à quem vence, é o tornar-se vencedor. É "um ter com quem nos mata a lealdade", que em outras palavras seria "É estar falando/estar junto/estar debatendo com quem nos trai a confiança".
Como digo, ele é contrário à si mesmo. Não que o amor seja, mas ele nos torna assim, contrários. Pois ele transforma.

Estou acordado e todos dormem.
Todos dormem. Todos dormem.
Agora vejo em parte,
Mas então veremos face a face.

Como dito na Bíblia, também em Coríntios (1 Coríntios 13:12): "Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido". O Amor o deixa acordado enquanto todos dormem. O amor o faz ver agora em parte, mas ele busca ver face a face. Ver o inteiro. Ver por completo. Entendê-lo ou dele fazer parte. Mas o amor apesar de tantas características e descrições, é algo que foge da razão humana...

É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é verdade.

É só o amor que conhece o que é verdade.
É só o amor que é verdadeiro, e nos torna verdadeiros.

Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.

Como dito, o amor foge da razão humana...
O amor foge de explicações.
E mesmo que ainda falássemos a língua dos homens, dominássemos seus conhecimentos humanos e mesmo que falássemos a língua dos anjos e pudéssemos ter as ideias santas ou divinas, sem o amor, que pode ser tanto a arma, quanto a defesa, nada seríamos.


A parte presente na música, está disponível em Coríntios, e o poema de Camões.
Quem se interessar, acho interessante acessar esse link e poder ter maior conhecimento sobre.

Análise e texto: Eduardo Rezende

http://olivrodosdias-interpretacao.blogspot.com.br/2012/06/interpretacao-monte-castelo.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário