terça-feira, 10 de setembro de 2013

MORTE E VIDA, ETERNA QUESTÃO HUMANA

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Data de publicação: 04/09/2013

Uma das principais datas culturais do último bimestre letivo é a memória de Todos os Fiéis Defuntos, celebrada na Igreja Católica e popularmente lembrada como Dia de Finados. Todos os anos a comunicação jornalística traz informações sobre ritos e costumes desta data, o que a torna não só componente da cultura como objeto de conhecimento dos alunos, ainda fora da escola. Por tratar da questão mais universal de todas as religiões, a morte é um tema indispensável no Ensino Religioso.   

Só a vida alimenta a vida

A lei da cadeia alimentar é implacável: todo ser vivo alimenta-se de outros seres vivos. O próprio ser humano sobrevive destruindo e ingerindo vegetais e animais. Na maioria das religiões, os deuses presidem a morte, mas o senhor ou a senhora dos mortos rege também o amor, a família e os nascimentos. Lendas narram que as plantas alimentares surgiram da morte e do sepultamento de pessoas especiais, cujo corpo renasceu em forma de alimento. 

No Brasil, temos as lendas da mandioca, no litoral; e do Guaraná, na Amazônia; entre outras. A dança do boi, conservadas em todas as regiões do Brasil, com variantes na apresentação e no nome, é um rito de morte e vida. O boi é esquartejado e repartido para alimentar todos os presentes, mas revive no fim do drama. Importantes atividades humanas provieram dos ritos sagrados de destruição. A agricultura corresponde ao sepultamento e a metalurgia à incineração. Enterrando, amassando, picando e queimando as plantas o homem descobriu a germinação, as bebidas fermentadas e as drogas curativas.

O caráter sagrado da morte


A mitologia situa-se na era anterior à dos mortais, é a linguagem capaz de abordar o mistério. A morte dá início à linhagem humana. Por isso, na concepção mitológica, morte é vida. As culturas das mais variadas épocas e regiões da terra, ritualizaram tanto a morte natural quanto a oferenda sagrada, na qual é um privilégio ser vítima porque a destruição ritual é a porta para o mundo transcendente. Para além dos ritos violentos estavam os sonhos e desejos mais profundos. A morte era vista como passagem da realidade, muitas vezes terrível, para a utopia de uma vida sem dor nem perplexidade, uma vida de deuses e espíritos.

Há mil anos a.C. o homem de Neanderthal sepultava os mortos com provisões e acompanhado de animais sacrificados. A cabeça era posicionada para o nascer do sol e o corpo colocado em posição fetal. Sono e morte. Despertar e ressuscitar. Túmulo e ventre, morrer e nascer, constituem um único mistério.

Os ritos da volta
    
Um dos relatos mais frequentes de pesquisadores que em todos os continentes, visitam tribos e presenciam rituais tradicionais é o culto aos ancestrais, indispensável para a perenidade de um povo ou tribo. O indivíduo tem seu espaço na existência, na medida em que faz parte de uma linhagem, cujos antepassados vivem no mundo transcendente mas voltam periodicamente ao convívio da família, assim estreitando e garantindo a continuidade do clã. O festival de Quarup, no Parque Nacional Indígena do Xingu, Centro-Oeste do Brasil, é um deles. E, por sinal, tem intrigante semelhança com a mitologia da Escandinávia, na qual o primeiro casal humano nasceu de duas toras de madeira. 

O ritual de Quarup ocorre por ocasião do falecimento de um chefe, ou na cerimônia anual de ressurgimento dos mortos. Troncos de árvore são preparados com pinturas e incisões sagradas e recebem os adornos da pessoa a quem representam. É acesa uma fogueira ritual e o fogo sagrado é distribuído para que as famílias aqueçam as habitações. Quando são vistos sinais de que os antepassados estão presentes (como vento ou movimento dos adornos dos troncos), os familiares sentam-se ao redor do tronco, ao som de cantilenas sagradas, como a conversar com o ente querido ali presente. Um dos ritos do cerimonial é a retirada dos adornos do tronco, reservada só aos grandes atletas e aos campeões das lutas sagradas. Ao encerrar-se a cerimônia, as pessoas estão liberadas para a relação sexual, pois durante o tempo do ritual o ato humano de gerar vida bloquearia o rito sobrenatural de reviver da morte, impedindo a visita dos ancestrais.   




Paulinas Editora oferece uma variada literatura infantil produzida por professores, no intuito de refletir na sala de aula acerca da morte e da experiência de perda.

  



Vovô me deu um bolo 
Texto de Luciana Rigueira 
Ilustração de Elisabeth Teixeira
23 páginas
Código 50906-0







A rainha e o vento 

Texto de Eduardo Bakr
Ilustração de Victor Tavares
15 páginas
Código 9738-1 







O faz-tudo 

Texto de Maria Helena Hees Alves
Ilustração de Maurício Sterchele
15 páginas
Código 9790-0






O ovo e o vovô 

Texto de Simone Schapira Wajman
Ilustração de André Neves
16 páginas
Código 9435-8







Branca
(sem texto) 
Projeto e ilustração de Rosinha Campos
20 páginas
Código 50628-1

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